Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Empresas de relações públicas fogem do caçador

Pouco mais de uma semana depois da notícia explodir nas redes sociais, conforme reporta o diário novaorquino The Daily News, a reputação do dentista americano Walter Palmer, caçador do leão Cecil, continua sangrando sem receber nenhum socorro.

Em caso de crises agudas, as firmas de relações públicas costumam cobrar caro para tentar mitigar ou até mesmo reverter o estrago causado na imagem do cliente, seja ele um indivíduo, uma empresa ou até mesmo uma instituição sem fins lucrativos.

Mas acontece que a ira mundial despertada contra o Dr. Palmer não apenas pela matança, mas também pelos requintes de crueldade da caçada, espantou também os assessores de imprensa.

Já na semana passada o assessor Jon Austin, dono da empresa de mesmo nome, tuitou que havia trabalhado para Palmer por apenas um dia, limitando-se a distribuir o comunicado do dentista endereçado aos clientes de seu consultório. Acrescentou que o trabalho tinha sido encomendado “por uma outra firma de RP.”

A outra firma era a SpongPR, que àquela altura também já tinha tuitado que não representava Palmer, e que todos os pedidos a ele deveriam ser remetidos a Jon Austin – o mesmo que no dia seguinte diria não trabalhar para o dentista.

No comunicado, o caçador se justifica dizendo que não sabia que a sua presa era um animal conhecido e tampouco parte de um estudo científico. E se defende, afirmando que a escolha de Cecil para a caçada com arco e flecha ficou a cargo de guias africanos.

“Novamente, me arrependo profundamente de que a minha busca por uma atividade que eu amo e pratico responsavelmente tenha resultado na eliminação deste leão”, dizia o comunicado.

Conforme o site sensacionalista TMZ, diante de ameaças do movimento defensor dos animais PETA, que pede o enforcamento de Palmer, a polícia do condado de Eden Praire, do estado de Minnesotta, resolveu zelar pela segurança dele.

Em casos como o de Palmer, especialistas em relações públicas recomendam uma confissão de culpa pública, tipo uma entrevista chorosa a uma grande rede de TV.

Mas acontece que o dentista não se arrepende minimamente de caçar animais selvagens com arco e flecha, deixando que suas presas agonizem indefinidamente.

No comunicado, não há uma única linha de Palmer sobre a dor de Cecil. Há apenas desculpas aos clientes do consultório dentário que possam ter sido molestados por defensores dos direitos dos animais.

Diante do escândalo, o governo do Zimbabwe pediu a extradição de Palmer, mas dificilmente os Estados Unidos irão deportar o dentista.

A depender da continuidade do estrago que a caçada já fez na vida cotidiana do caçador – inclusive em sua clientela – é possível que em breve ele não consiga escapar de uma boa e cara consultoria de imagem, que lhe prometa trazer de volta a reputação perdida.