Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O dilema da indecisão

Há meses os cidadãos de todo o mundo, especialmente os brasileiros, estão acompanhando o vexaminoso espetáculo das mais variadas ações ilícitas perpetradas por alguns dos componentes do Senado Federal, o qual, diga-se de passagem, deveria estar incumbido de coibir este tipo de coisa através da confecção de leis eficazes e aplicadas a todos indistintamente.

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, já famoso por manter-se ‘em cima do muro’ em rotineiros episódios envolvendo agentes da administração pública em que deveria (ou ao menos não adotar atos de parcialidade) manifestar-se acerca de determinadas atitudes não condizentes com um representante do Poder Público, mais uma vez coaduna-se com o atual dilema: apoiar ou não, publicamente, a renúncia de José Sarney à presidência do Senado?

Antes, o discurso baseava-se na assertiva de que o Senado era o único competente para resolver seus próprios problemas, sejam eles de ordem interna ou externa. Agora, Lula parece ter repensado nas conseqüências que suas palavras podem trazer à candidatura de Dilma Rousseff, proferindo que Sarney não teria culpa por ocultar atos de nepotismo, entre outros abrandamentos de marketing político comuns entre o ambiente em pauta.

Em boca fechada…

Ademais, como forma de eximir-se de qualquer tipo de comprometimento, alegou que havia votado em senadores do estado de São Paulo, não tendo correlação, assim, com supostos envolvimentos perniciosos de Sarney, que se elegeu senador pelo estado do Amapá.

As idas e vindas de Lula pelo mundo, bem como sua relativa preocupação quando perguntado acerca dos escândalos na Câmara Alta, demonstram que sua preocupação não é algo que mereça plena confiabilidade. Nesta ótica, a crise no Senado Federal ganha uma forma cada vez mais vigorosa, como se fosse uma bola de neve que rola do alto de uma montanha para massacrar os indefesos contribuintes que sempre têm de pagar a conta, onde senadores preocupam-se mais em se digladiarem no Plenário sobre seus interesses com uma ofensa atrás da outra.

O melhor a se fazer no atual momento seria que nosso presidente lembrasse do famoso dito popular: em boca fechada não entra mosquito…

******

Administrador de empresas, João Pessoa, PB