Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Periscope: o aplicativo do agora

Lançado em março deste ano, o aplicativo Periscope tem conquistado vários profissionais e usuários em todo mundo. Somente nos quatro primeiros meses de atuação, a nova ferramenta, que primeiramente foi disponibilizada para os usuários que utilizavam o sistema Android, teve mais de dez milhões de downloads. Ela oferece ao usuário a oportunidade de fazer transmissões por vídeo ao vivo e de assistir às de outros usuários simultaneamente.

Em todo o planeta, milhares de transmissões são realizadas diariamente deste o dia 26 de março, quando foram lançadas pelo Twitter. Os números, mesmo com pouco tempo de criação, impressionam. Os seus desenvolvedores estimam que, somente em um dia, a programação gerada pelos usuários seja, não de horas, mas de anos. A cada dia é jogado na rede o equivalente a 40 anos de programação.

O descartável e a instantaneidade

O que se percebe na nova ferramenta segue a tendência do superficial e do descartável como o são os 140 caracteres, que resumem muita coisa e são arquivados, não contendo muito conteúdo para ser realimentado. A mensagem é curta e pueril. O Periscope segue a linha dando enfoque ao agora. Os vídeos produzidos são levados para um arquivo breve, com data para findar – 24h, para ser preciso. Esse é o tempo que ele fica disponível para o público espectador olhar em replay as transmissões. Ou seja, o ao vivo é a alma do aplicativo e, pelo que parece, é o que fascina os espectadores a dar uma olhada.

A ideia é completamente diferente do YouTube e não há como comparar. Um vídeo de uma receita de bolo pode ser divulgada e posteriormente pesquisada por usuários na ferramenta, pelo simples fato de ter sido arquivado para ser consultado quando quiser no canal. Deixa a ideia de disseminação de informações e se propaga como uma corrente, pelo qual milhares e até milhões de pessoas podem assistir. Podem ou não ter valor documental.

Reter espectadores

No Periscope o que se vê é realmente a linha do superficial e do momento. Várias coisas são transmitidas, mas com pouco aprofundamento nas informações. Geralmente as transmissões têm o cunho do exibicionismo, e a grande leva dos espectadores estão carentes que os apresentadores façam citações aos comentários, ou seja, a interação se faz necessária para que se deem subsídios, devido à retenção de público ser de difícil tarefa para os transmissores. Vídeos muito longos podem desinteressar os espectadores em continuar acompanhando.

Ao cair o desinteresse e, decorrente disso, acontece a queda de visibilidade na lista de transmissões mundiais.

Jornalistas e o Periscope

O meio jornalístico ainda está fazendo uso Periscope com muita timidez, mas sempre vendendo o peixe. Até o momento os profissionais que o utilizam são de empresas regionais do impresso, com intuito de vender os trabalhos. Acredita-se que devido

Mas mesmo assim pode-se dizer que tem agradado a muitos profissionais da área da comunicação. Vários jornalistas têm usado o Aplicativo como meio de divulgar seus trabalhos, usando o poder de interação com o público como termômetro, devido à rapidez do feedback dos espectadores. Um close, uma virada na câmera pode render uma resposta instantânea em corações, é como está sendo chamada a curtida que os espectadores dão quando estão aprovando o que está sendo transmitido.

Há os que mostram os bastidores das coletivas de imprensa, ou também aqueles que mostram as viagens e lugares que estão sendo visitados no momento. Outros para anunciar a escalada dos programas de TV. Os jornalistas que trabalham para jornais impressos estão usando para divulgar as manchetes dos respectivos veículos.

A grande maioria das informações sobre dispositivo ainda não estão traduzidas para o português e poucos artigos são abordados no Brasil sobre suas funcionalidades. Mas com a crescente demanda em todo o mundo, e garantido pelos idealizadores que existe muito trabalho pela frente para trazer melhorias para os usuários. Os que fazem uso deste aplicativo, até mesmo os jornalistas não sabem o verdadeiro potencial desta ferramenta. É esperar para descobrirmos juntos.

***

Francisco Júlio Xavier é jornalista, redator do site Contra a Corrente e colunista do Eclética