O programa do Observatório da Imprensa na televisão debate nesta quinta feira, 19 de novembro, o novo contexto estratégico criado pelos atentados terroristas em Paris. É o que Alberto Dines salienta no editorial do programa:
O terrorismo ganhou arma ainda mais letal a partir de 11 de Setembro de 2001 em Nova York ao incorporar ao seu mortífero arsenal algo muito soft e, ao mesmo tempo, mais arrasador. O nome desta arma é Dialética.
Dialética? Sim, dialética, a dinâmica dos confrontos e contradições tão familiar aos filósofos desde a antiguidade. Na sexta, 13 de Novembro de 2015, com os ataques do Estado Islâmico em Paris ficou evidente, comprovado, que a intenção dos terroristas já não é apenas intimidar, aterrorizar, derrubar governos, ocupar territórios, tomar o poder. Ao contrário, os terroristas estão empenhados em provocar solidariedades, indignação, raiva mas, sobretudo, intensas reações, poderosas retaliações. O que pretendem é a ampliação indefinida dos conflitos, a multiplicação ilimitada do número de vítimas, jorros de sangue mais intensos e contínuos.
E conseguiram: perderam apenas dez militantes (incluídos os do tiroteio em St.Dennis) contra os 129 assassinatos (sem contar as vítimas em estado crítico), desafiaram o poderio militar da França, Rússia, certamente do Reino Unido e talvez dos Estados Unidos. E criaram um novo front policial-militar na Bélgica.
O combate ao terrorismo deve ser rigoroso, sem tréguas nem vacilações, im-pla-cável. O policiamento ostensivo, os serviços de inteligência, vigilância e contraterrorismo não podem ser afrouxados. Mas o terrorismo ideológico/religioso do tipo da Al-Qaida e do Estado Islâmico deve ser enfrentado com mais eficácia. E sutileza. As chacinas na redação do Charlie-Hebdo, no Stad de France, no Bataclan e nos restaurantes foram praticadas por desajustados sociais, pelos “nem-nem” (não trabalham nem estudam), os marginalizados pela sociedade de consumo.
Mesmo aniquilado in loco, no Oriente Médio, o Estado Islâmico sobreviverá na África, nos confins da Ásia Central, nas Filipinas mas principalmente continuará existindo nos corações e mentes do lúmpen da periferia das grandes cidades europeias onde novas ações terroristas e as inevitáveis represálias estarão realimentando a paranoia do fundamentalismo islâmico.
George W. Bush não conhecia a história das Cruzadas, não lhe disseram que o império otomano expandiu-se justamente depois das sucessivas incursões cristãs para reconquistar Jerusalém.
O debate em estúdio contará com a participação de Marcus Vinicius de Freitas, professor de Direito e Relações Internacionais na FAAP, e de Adriana Carranca, colunista de política internacional nos jornais O Globo e O Estado de São Paulo.
O programa vai ao ar na TV Brasil, às 23 horas, nesta quinta feira.