Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Tânia Alves

Durante as duas últimas semanas, leitores do O POVO entraram em contato com a ouvidoria e se manifestaram nas redes socais para apontar uma série de erros de português que eles encontraram em matérias publicadas no jornal. Eles se mostram indignados quando identificam textos que não primam pela correção gramatical. Na terça-feira passada (8/12), um deles chegou a ligar duas vezes para apontar incorreções que havia encontrado na leitura da edição daquele dia. “Os erros abusivos estão se consolidando. Estão sendo uma marca no O POVO. Eu, como leitor, estou altamente incomodado com isso. Será que a direção do O POVO não fica incomodada? Hoje tem erro no Editorial, na Vertical e na coluna Política. São erros que estão diluídos por todo o jornal.” Nos três casos ele apontava erro de concordância.

No mesmo dia, outro leitor enviou e-mail para a ouvidoria e também postou no Facebook observação sobre uma concordância encontrada por ele no resumo de uma matéria publicada na editoria Mundo. “Opositores ‘afirma’. Esse é um tipo de erro cada vez mais comum nas chamadas do O POVO, tão deseducativo”, escreveu. No domingo passado (6/12), este leitor havia comentando em uma rede social, após ler a coluna em que critiquei a publicação de um erro de informação ainda não corrigido, que “os erros gramaticais cotidianos (no O POVO) também são razão de preocupação”. O leitor está certo.

Deparar com erro gramatical em um texto jornalístico é frustrante e irrita, mesmo que escrito em bom estilo. Por isso, diminuir a quantidade de erros gramaticais numa edição é um desafio que se coloca todos os dias. As dificuldades são muitas. A Redação é formada por equipe enxuta, sobrecarregada e que trabalha com grande carga de estresse. A figura do revisor foi eliminada há anos das empresas de comunicação. O repórter faz o texto, o editor revisa e titula e a página está pronta. Esta realidade, porém, não justifica a totalidade das imperfeições.

Enviei e-mail para a chefia de Redação questionando que providências estão sendo tomadas para reduzir os erros de português. Recebi a seguinte resposta da diretora-executiva, Ana Naddaf: “Há uma preocupação constante com os erros cometidos, e nossa meta é cometê-los cada vez menos. Estamos reavaliando o processo atual de mensuração, de prevenção e de correção. Temos uma série de ações para isso, como os comentários diários da ombudsman, que circulam internamente, e as avaliações de diretoria e editores, que debatem os erros em nossas reuniões. O tema também tem sido discutido nos treinamentos da Redação, durante palestras que tratam do produto jornalístico que fazemos.” A diretora lembra ainda da seção “Erramos”, um espaço que o jornal preserva. “Não é uma ação preventiva, mas, ao assumir os erros publicamente, além de ficarmos atentos para não repeti-los, reforçamos o compromisso com a qualidade e com a credibilidade do nosso jornalismo.”.

O texto jornalístico deve primar pela correção gramatical. Isso é óbvio. Ter conhecimento da língua é uma das principais ferramentas para quem trabalha com a escrita. É certo que, quando se escreve, as dúvidas surgem. Se surgem, devem ser solucionadas. E não falo somente dos equívocos gramaticais. Os erros de informação também não são poucos. De acordo com o Guia de Redação e Estilo do O POVO, os erros graves de português estão entre os que devem ser privilegiados na seção “Erramos”. O ideal, porém, é prevenir. Não sou a primeira jornalista a assumir o cargo de ombudsman a falar sobre este tema. E nem serei a última. Eu mesma já cometi alguns ao longo de minha carreira de jornalista. Edição com erro zero é quase impossível de alcançar, mas a busca da redução dos erros deve ser um exercício diário.

 

150 ANOS DO LIVRO IRACEMA

O segundo semestre do ano tem apresentado gratas surpresas para os leitores do O POVO em terças-feiras. Este dia tem sido escolhido pela direção de Redação para apresentar os cadernos temáticos especiais. Foi assim com as edições “10 anos depois – A história sem fim do furto ao Banco Central”, em julho; “Os Quinzes”, em agosto; “Refugiados – A Nova Diáspora”, em setembro; e “Juventudes”, em outubro. Esta semana foi a vez da publicação do caderno “Iracema 150 anos”, sobre o livro do escritor cearense José de Alencar. A publicação é um exemplo de como o jornalismo pode ser de qualidade.

O projeto (ver fac-símile) foi pensado numa experiência transmídia: caderno, webdocumentário e hotsite (página criada no domínio digital exclusivamente para divulgação) no O POVO Online. Foi um conteúdo surpreendente e graficamente. Para conferir, é só acessar especiais.opovo.com.br/iracema150anos