O maior crítico e inimigo da estrutura político-militar americana, o cineasta documentarista e escritor Michael Moore, estará em fevereiro no Festival de Cinema de Berlim, com seu novo filme “Onde a Próxima Invasão ?” ( Where to Invade Next?) , já exibido no Festival de Toronto e com estreia nos EUA na véspera do Natal.
Desta vez, o sistema americano quer limitar a penetração do filme entre os jovens, classificando-o como permitido apenas a maiores de 17 anos, alegando algumas cenas de drogas e uns nus naturistas, mas na verdade criando uma nova categoria – a da pornografia política.
Para Michael Moore, os EUA são um país belicoso em permanente estado de guerra e principal responsável pela situação atual no Oriente Médio, decorrente da invasão do Iraque, justificada com mentiras. Natural, por isso, se esperar uma nova invasão para acionar a indústria armamentista americana e se apropriar de alguma riqueza.
Entretanto, o objetivo desta nova invasão não seria para se apossar do petróleo de algum país, porém – e aqui entra a ironia do gordão provocador Moore – das ideias e soluções político-sociais encontradas por outros países e consideradas melhores que as aplicadas pelo liberalismo capitalista dentro dos Estados Unidos.
Entre elas estão o sistema de saúde e previdenciário dos franceses ; a política de legalização de certas drogas pelos portugueses ; o comportamento natural de muitos europeus com relação aos seus corpos nos campos naturistas de nudismo ; as merendas escolares nas escolas francesas ; as longas férias concedidas aos operários italianos ; o melhor sistema educacional dos finlandeses ; e a maneira como foram processados e presos os banqueiros islandeses envolvidos na falência do país.
Por que não roubar tudo isso desses países e fincar uma bandeirinha americana no lugar ?
O sucesso de Onde a Próxima Invasão ? vai depender da dose de humor aplicada por Michael Moore, já premiado com Palma de Ouro em Cannes e com Oscars nos Estados.
Seus filmes mais conhecidos – Tiros em Columbine e Fahrenheit 9/11.
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Rui Martins é jornalista e escritor. Ele cobrirá o Festival de Berlim (Berlinale) para o Observatório da Imprensa.