A história é a mesma de sempre: um vídeo de uma garota fazendo sexo com um homem e que acabou “vazando” nos incontáveis (talvez infinitos) grupos de Whatsapp. Dias depois, outro vídeo da mesma moça se jogando da ponte, num salto que tirou a vida de mais uma vítima da estupidez humana.
Desde a 0h desta quinta-feira, 17 de dezembro, o Whatsapp está bloqueado para os usuários brasileiros devido a uma determinação judicial. Previsto para durar 48 horas, o bloqueio é uma punição ao serviço de envio de mensagens por não fornecer informações para uma investigação policial iniciada em 2013. (N.R. – O bloqueio foi suspenso ainda no dia 17/12 por uma decisão de outra instância judicial, também no estado de São Paulo).
Se materiais como os citados acima circulam livremente, sem qualquer tipo de punição ou controle, qual o empecilho para vídeos de pedofilia, tortura, assassinatos e estupros também serem compartilhados pelos celulares? Em 2014, um jovem matou a ex-namorada com um tiro no rosto, filmou a ação e compartilhou justamente pelo Whatsapp.
Para ter acesso a conteúdo com esse teor é preciso pesquisar bastante na internet e, mesmo assim, corre-se o risco de não o encontrar. Os mais insistentes podem recorrer à Deep Web [1], mas com uma série de implicações que podem até levá-los à cadeia. Entretanto, com o aplicativo de celular nem é preciso procurar: o material chega direto pra você.
Situações assim trazem à tona a seguinte questão: é seguro usar o Whatsapp? Qual a vantagem de ter os dados protegidos, se os de criminosos também estão? Só teremos as respostas após o período de bloqueio, para saber como os proprietários do aplicativo vão reagir. Porque se for para continuar da forma que está, fica difícil defender.
[1] Deep Web, ou Web Profunda, é o conjunto de páginas web que não podem ser indexadas por buscadores como o Google por2que estão protegidas por senhas ou criptografia. Acredita-se que a Deep Web seja três a quatro vezes maior do que a Web aberta.
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João Paulo Vale é jornalista