EVENTO
O melhor do II Seminário Tendências Conectadas nas Mídias Sociais, 23/6
‘Neste final de semana, no sábado, aconteceu o II Seminário de Tendências Conectadas nas Mídias Sociais, na Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo. O evento foi tranquilo e teve um público bem atento.
Neste ano, resolvi não fazer um post-resumo de tudo o que aconteceu, mas destacar o que mais chamou a minha atenção na apresentação de cada convidado.
Luis Nassif foi o primeiro palestrante, abriu o 1º painel. Gostei quando ele foi contra o chavão de que o trabalho do jornalista perdeu importância com a rede.
Pelo contrário, com o anonimato e a crescente quantidade de informação, cada vez mais, é necessária a figura do profissional que apura, organiza, analisa idéias e informações.
Não é o conceito da profissão, mas o modo de produção de informação jornalística que não está mais conectado com as necessidades atuais.
Logo em seguida, Sérgio Amadeu, professor do Mestrado da Cásper, emendou os assuntos. Citou a campanha de Obama e mostrou o quanto ainda estamos na contramão.
Os grandes partidos políticos ainda não sabem usar a rede. Apesar de não entenderem a ‘interweb’, os políticos querem legislar sobre a web. Ou seja, quem bate o martelo tem pouco conhecimento prático da web no Brasil. No final, Amadeu incentivou todos a usarem o Fring, p2p no celular, sem custos com ligações.
Já no 2º painel, Ricardo Cavallini, autor do livro ‘O marketing depois de amanhã’, mostrou o quanto o Wii foi divisor de águas para o mercado de games. Hoje qualquer um pode ser jogador. Acabou aquela idéia de ligar jogos a personalidades anti-sociais.
Cavallini linkou esse assunto com os advergames, que existem há bastante, mas diferença é que hoje há potencialmente um público maior que pode ser atingido por esse tipo de propaganda. Isso vai ao encontro do que já falei aqui, no blog, sobre newsgames [jogos baseados em notícias].
Thiane Loureiro, gerente corporativa da Edelman, comentou muito bem o quanto é mito que blog corporativo é solução para todos os problemas de comunicação de uma empresa. E criticou aquelas já ditas ‘modernas’ campanhas de ‘mídia social’ baseada em blogs.
Lança um produto, cria um blog, chama um blogueiro famoso. Dois meses depois, dispensa todo mundo, cada um vai para o seu lado e, no final das contas, não cria relacionamento.
Intervalo para o almoço e, na volta, no 3º painel, achei relevante quando Andrea Orsolon, diretora da MySpace no Brasil, lembrou o quanto os sites de bandas perderam relevância com o crescimento das redes sociais.
Hoje em dia perfis na MySpace recebem mais visitas que os sites das próprias bandas. Acredito que isso aconteceu pela própria falta de visão de alguns músicos que não disponibilizavam músicas em seus sites.
Existe até uma pesquisa que ratifica esse aspecto. Verbetes na Wikipedia e perfis na MySpace são mais populares que os sites das próprias bandas.
Alexandre Matias, editor-assistente do caderno Link e autor do blog Trabalho Sujo, fechou as palestras. Fez um paralelo interessante entre música e a cultura de redes.
E destacou o quanto o Napster serviu como porta de entrada para muita gente na rede e até ajudou a popularizar a web. Algumas pessoas começaram a se interessar pela rede justamente na hora em que souberam que podiam ter conteúdo musical de graça.
Eu e o professor Walter Lima ficamos bem satisfeitos com a aceitação que o seminário vem recebendo.
Nesta 2ª edição [um resumo da 1ª está aqui], até pessoas de outros Estados vieram especialmente para assistir ao evento.
Muito bom saber disso! Obrigado a todos que acompanharam o Tendências Conectadas seja presencialmente ou via Twitter mesmo’
RADAR
Tiago Dória
Site monta ‘lifestream’ do que acontece ao seu lado, 20/6
‘A idéia não é nova, mas desta vez foi bem executada. O Radar tem a função de ‘mostrar tudo o que está acontecendo ao redor de você’.
Você informa ao sistema onde está e ele retorna a você posts de blogs, notícias, fotos, lojas online, mensagens no Twitter, tudo relacionado à sua localização geográfica.
Destaque para o fato do serviço criar uma espécie de lifestream e a interface lembrar o ‘feed de notícias’ da Facebook ou parte da home de um serviço de microblogging.’
RODA VIVA
Tiago Dória
Como foi participar de um programa que mistura TV com Twitter, 19/6
‘Na segunda-feira, participei como ‘twitter convidado’ do programa Roda Viva, da TV Cultura. O entrevistado, no caso, foi o Henrique Meirelles, presidente do Banco Central.
Eu dividi a bancada com a Ana Lúcia Araujo, do portal Limão, e o Ricardo Pereira, do blog Dinheirama
É a 2ª vez que participo do programa. Na primeira, em fevereiro, fui um dos entrevistadores do escritor americano Steven Johnson.
A idéia é que três usuários do Twitter sejam convidados a cada programa e utilizem a ferramenta de microblogging para publicar comentários sobre a entrevista e os bastidores.
Conforme o Pedro Markun comentou em seu blog, o objetivo é criar uma nova camada de informação.
Quando recebi o convite na semana passada, aceitei logo de cara, pois tinha curiosidade de saber quais eram as diferenças entre ser entrevistador e ‘comentarista do Twitter’ no Roda Viva.
Como entrevistador, você fica mais focado em fazer perguntas e prestar atenção no convidado. Você não vê a entrevista como um todo.
Acontece o contrário quando você é ‘twitter convidado’, consegue ter uma visão melhor do todo, do andamento da entrevista, dos detalhes e tem a possibilidade de conversar via Twitter com as pessoas que estão do outro lado, em casa, assistindo ao programa. Porém, não pode fazer perguntas.
São experiências diferentes e válidas. Uma não substitui a outra.
Na segunda-feira, observei algumas coisas:
Acredito que ‘twittar’ o que o entrevistado já está falando não faz muito sentido. Fica meio redundante, pois, pelo que percebi, quem está em casa fica com o olho no Twitter e na TV.
O negócio é fazer comentários em cima da entrevista, mais ou menos, como aconteceu no evento Intercon 2007, do iMasters, em São Paulo. Durante o andamento das palestras, as pessoas comentavam no Twitter as apresentações.
E mais – acredito que o grande lance dos twitters que estão no estúdio é justamente comentar os bastidores e os detalhes que quem está em casa não percebe – clima no estúdio, o que foi debatido no intervalo etc.
Comentar a entrevista em si, os twitters que estão em casa podem fazer isso. Aliás, acredito que o ideal seria que todos os usuários do Twitter pudessem comentar e fazer perguntas.
E um jornalista no estúdio teria a função de falar no ar ou passar em um GC na tela os melhores comentários feitos no Twitter.
O que eu percebo é que essa ‘nova camada de informação’ foi criada, mas poderia ser integrada de forma mais efetiva ao programa. Enfim, acho que são detalhes que vão se ajustando aos poucos.
Essa experimentação da TV Cultura, claro, é ótima. Em tão pouco tempo, é uma empresa de mídia que conseguiu absover, sem pestanejar muito, uma nova ferramenta de comunicação.’
REDE SOCIAL
Tiago Dória
Lançamento: extensão do Firefox feita pelo NYTimes, 18/6
‘Mais uma do NYTimes, pessoal. Nesta semana, o jornal lançou uma extensão para o Firefox [já funciona na versão 3.0, claro] que, de certa forma, transforma o site do NYTimes em uma rede social.
Ela funciona somente quando você entra no site do jornal. Por meio dela, você pode compartilhar links e saber o que os seus contatos estão lendo e comentando dentro do site do NYTimes.
Seria a mesma coisa que você visitar o site e deixar registrado para a sua lista de contatos – ‘olha, li isso, gostei disso e daquilo, recomendo a leitura disso’…
Na prática funciona da seguinte forma: depois de instalar a extensão, quando você entra no site do jornal, aparece uma discreta barra superior [imagem acima]. Você informa a sua localização e o sistema mostra leitores que estejam próximos. Digitei Brazil, não achei ninguém
O interessante é que na barra existe uma linha do tempo, onde ficam registradas as últimas atividades de seus contatos no site do jornal. E o que eles recomendam ou não para ler.
A idéia é que, com tudo isso, a experiência de ler um site de notícias fique ‘menos solitária e mais social’.
Mais para frente, essas funções devem estar disponíveis como padrão no site do NYTimes, sem a necessidade de instalar uma extensão.’
ARQUIVO
Tiago Dória
Timesonline: mais de 20 milhões de artigos na rede, 17/6
‘Já que um dos diferenciais da rede para o jornalismo é que, pela primeira vez, temos uma quantidade de informação jornalística reunida de tal forma [digitalizada em bancos de dados] que é possível encontrar padrões e tendências, o Times de Londres, um dos jornais mais antigos do mundo, resolveu trabalhar em cima dessa característica.
Colocou no ar 200 anos de arquivo do jornal. São mais de 20 milhões de artigos. Foi contratado uma espécie de ‘editor de arquivos’, profissional fulltime responsável por fazer a ponte entre as matérias atuais e antigas e atualizar e organizar a home dos arquivos, que conta com fotos históricas e uma linha do tempo, que destaca os assuntos mais importantes abordados pelo jornal desde 1785.
O detalhe é que a home dos arquivos conta com algumas manchetes que mudam todo dia, como se fosse a capa de um jornal.
Isso que é dar importância para a ‘notícia de ontem’.’
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Por dentro dos arquivos da internet, 19/6
‘Saiu no O’Reilly Media uma longa entrevista com Gordon Mohr, diretor de tecnologia do Internet Archive, projeto que se propõe a criar um arquivo online da internet, com vídeos, fotos, textos e páginas web antigas salvas.
Por exemplo, confira aqui como era esse blog em 2006.
O projeto, que começou há 11 anos, tem 100 milhões de urls arquivadas. E, atualmente, o arquivo completo ocupa 1 pentabyte [1 milhão de gigabytes].
E o mais interessante – existe uma cópia de segurança do arquivo na Biblioteca de Alexandria, que já foi considerada uma das mais importantes e maiores do mundo.
Mohr deixa a entender que ainda existe muito conhecimento na rede que está dentro de ‘jardins fechados’ e protegido por direitos autorais, conteúdo fechado que não foi indexado pelos mecanismos de busca e pelo Internet Archive. Nós estamos vendo apenas o começo.
Vai um pouco ao encontro do que o Robert Scoble escreveu há uns dois meses em sua coluna na FastCompany. A web é uma rede mais na teoria, ainda existe muito conteúdo fechado e os sites são como ‘ilhas de informações’, poucos conversam entre si.’
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