Que tal saber o que pensa da economia mundial e brasileira um especialista consagrado mundial, e não só os fatalistas do Brasil – a Standard & Poor ou o FMI ? Pois bem, o prêmio Nobel de Economia de 2001, Michael Spence, declarou o seguinte ao jornalista Fernando Dantas, do jornal O Estado de S. Paulo no Fórum
Econômico de Davos, na Suíça, agora em janeiro: “Eu descreveria o padrão de crescimento global agora como insustentável – há uma dependência exagerada da política monetária, não há crescimento nominal suficiente, não há desalavancagem suficiente e há sub-investimento no setor público e privado por toda a parte.”
Deu para entender? Pois é parecido com o que a presidente Dilma fala – quando consegue se fazer entendida. Spence disse ainda ao Estadão que a economia global, do jeito que está, pode “apenas continuar a frear lentamente ou ter um colapso”. Para quem, como os gênios brasileiros formados nos States, vive falando em recuperação americana, que tal ouvir: “Não ficaria surpreso se os Estados Unidos crescessem menos de 2% em 2016.” E Spence é americano.
Receita de Spence para os países com baixo crescimento: impulso fiscal (ou maior receita tributária), reformas estruturais liberalizantes e aumento de investimentos públicos e privados. “Muitas economias não crescem”, disse, “e o constrangimento primário não é produtividade, mas a demanda – eu ouço muita conversa, mas nada sendo feito.” Sobre o Brasil, Michael Spence foi claro: “Trata-se de uma economia fundamentalmente sólida, que vai se recuperar, mas isso vai demorar. O Brasil vai certamente passar por maus momentos durante algum tempo”, disse referindo-se ao excesso de capitais financeiros especulativos que entraram no país devido aos juros altos, problemas fiscais (sonegação) e o governo paralisado pela corrupção. Como se vê, Michael Spence não pensa como Joaquim Levy ou os demais economistas oposicionistas brasileiros.
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Zulcy Borges é jornalista