Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Software pirata nos EUA é 10 vezes maior que no Brasil

Os Estados Unidos da América lideram o ranking mundial dos países com maiores ‘perdas por pirataria de software’, com um montante de US$ 6,645 bilhões de dólares em 2004, enquanto o Brasil fica em 10º lugar, totalizando US$ 659 milhões – uma cifra dez vezes menor que a dos EUA.

Os números constam do Segundo Estudo Global de Pirataria de Software, edição de 2005, divulgado na quarta-feira (18) pela entidade norte-americana Business Software Alliance (BSA) e, em São Paulo, pela Associação Brasileira das Empresas de Software (Abes). Pelo levantamento, um em cada cinco softwares piratas do planeta encontra-se nos EUA.

O resultado fica escondido no Estudo Global, que dá destaque aos índices percentuais de softwares-piratas. Nessa categoria, os EUA aparecem com o menor índice, 21%, enquanto o Brasil chega a 64% e a China a 90%. Mas os índices ocultam os números absolutos, em que os EUA lideram com folga (têm mais ‘perdas por pirataria’ que a soma do segundo e do terceiro lugares), como mostra a tabela abaixo.

 

Primeiros colocados no ranking
das ‘perdas por pirataria de software’

País

US$ milhões

Estados Unidos

China

França

Alemanha

Reino Unido

Japão

Itália

Rússia

Canadá

Brasil

Espanha

Holanda

Índia

Coréia

Austrália

México

Polônia

Bélgica

Suécia

Suíça

6.645

3.565

2.928

2.286

1.963

1.787

1.500

1.362

889

659

634

628

519

506

409

407

379

309

309

304

Adelman e seu ‘Eixo do Mal’

Pelos números da tabela, os EUA fariam melhor em olhar para sua própria casa, antes de ameaçar retirar o Brasil do Sistema Geral de Preferências (SGP), que favorece as exportações de produtos locais para o mercado americano, como aconteceu em março passado.

Ainda no dia 9 último, o ex-embaixador dos Estados Unidos na ONU Ken Adelman afirmou que o Brasil faz parte do ‘eixo do mal da propriedade intelectual’, ao lado da China e da Índia, e cobrou que o governo Bush trate o país ‘como o poder global que ele é’. O artigo saiu no diário direitista The Washington Times.

Adelman condena a pirataria na questão dos produtos farmacêuticos, mas também diz que ‘esta guerra é travada em várias frentes: música, softwares, filmes’. ‘O Brasil apresenta aos Estados Unidos uma série de desafios – comerciais e geopolíticos – tão sérios quanto os que são trazidos pela Venezuela ou por Cuba’, afirma Adelman.

Ele diz que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ‘cujos laços comunistas equivalem aos de (Hugo) Chávez’, é o ‘chefe do grupo’ dos homens fortes da América Latina e ‘um crítico sem restrições da riqueza dos Estados Unidos’. ‘No mínimo, o passado político de Lula e o compromisso de seu governo com o roubo premeditado de bens americanos deveriam levar o governo (Bush) a parar de considerar o Brasil um bom parceiro, e seu presidente, um grande amigo’, afirma.

Política sob questionamento

A pressão contra o software pirata, como parte saliente da defesa da chamada propriedade intelectual, é um dos elementos do código de interesses do mundo empresarial americano que influi diretamente sobre a diplomacia americana e freqüenta as pautas de negociações como as da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). Os conceitos que embasam essa política, porém, sofrem questionamentos e contestações, inclusive do ponto de vista ético, além de serem cada vez mais atropelados pelos avanços da tecnologia, que favorecem cada vez mais a livre cópia de conteúdos e programas.

O caminho recomendado (aos outros) pelos EUA para dar combate à pirataria se baseia sobretudo na repressão policial. O levantamento da BSA, contudo, revela resultados duvidosos. Entre 2003 e 2004, teria havido uma oscilação negativa de apenas 1 ponto percentual no índice de softwares pirateados, de 36% para 35%. Em contrapartida, as ‘perdas’ totais no mundo teriam aumentado, de US$ 29 bilhões em 2003 para US$ 33 bilhões no ano passado.

O estudo foi realizado pelo International Data Corporation (IDC) com base em mais de 7.000 entrevistas realizadas em 23 países, além de dados sobre as condições de mercado de outros 50 países. (Com informações do Globo Online)