Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Os intelectuais e a liberdade de expressão

Na Revolução Francesa, os intelectuais do Iluminismo foram fundamentais para modificação da opressão do regime do imperialismo burguês em favor da maioria camponesa. Em 15 de outubro de 1894, Alfred Dreyfus foi preso por alta traição em benéfico da Alemanha e no dia 13 de abril de 1895 foi deportado para a ilha do Diabo. No dia 13 de janeiro de 1898, Émile Zola, gigante da literatura francesa, publicou artigo no jornal L´Aurore intitulado de ‘J´accuse’ (Eu acuso), no qual defendia abertamente a injustiça cometida com o capitão Alfred Dreyfus.

O termo ‘intelectual’ surgiu ainda no século 19 e foi oficializado por Maurice Barrès em 1º de fevereiro de 1898, em artigo no Le Journal, intitulado ‘O protesto dos intelectuais’, que apoiava Émile Zola na sua defesa pública denunciando a cúpula do governo francês no caso da condenação injustiça do capitão Alfred Dreyfus por traição. Zola teve que fugir da França, mas o capitão Alfred Dreyfus foi reabilitado em 12 de julho de 1906 e o governo francês pediu-lhe desculpas adimitindo a injustiça.

Em 7 de março de 1989, quando se comemorou na França o bicentenário da Revolução Francesa, dezenas de intelectuais sairam em passeata defendendo a liberdade de expressão e contra a intolerância religiosa. Em toda a historiografia da humanidade os pensadores foram fundamentais no processo de conscientização e de luta em favor das garantias constitucionais e da liberdade de expressão, que foi castrada por 17 séculos – de 27 a.C até 1789 –, período em que fomos governados por reis e monarcas.

A banalização da manipulação

O papel do intelectual é apontar com independência as contradições dos governos e a inépcia das religiões que desejam sempre controlar a humanidade. Aqui no Brasil, por exemplo, os intelectuais desistiram de lutar por um país menos injusto, pois após a ascensão ao poder pelos ditos esquerdistas, silenciaram e quase não há mais voz crítica contra os abusos dos governantes e da corrupção desenfreada que ameaça o Estado Democrático de Direito. O medo de serem ‘tragados’ pelo sistema acaba por afastá-los das páginas de opinião dos matutinos e a discreta minoria que ainda escreve algo, age acabrunhada e com medo do Leviatã contemporâneo brasileiro.

Não é mais novidade que a mídia é manipulada e a população acaba sendo induzida às versões jornalísticas que nem sempre caminham com a verdade dos fatos. Os jornais vivem lutando pela liberdade de expressão – como se fosse um oásis – mas não a usam e isto é a contradição jornalística contemporânea, pois há notícias e fatos que são manipulados e/ou alijados das redações dos veículos de comunicação por motivos obscuros e o legitimo destinatário da notícia, o leitor, sai no prejuízo.

Auguro aos intelectuais que se insurjam contra a banalização da manipulação que a mídia brasileira faz com os seus leitores que, por coincidência, são também seus clientes.

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Advogado e psicanalista, Fortaleza, CE