Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Tradutor morre em operação de resgate de repórter do NYT

O repórter do New York Times Stephen Farrell, seqüestrado por membros do Talibã no sábado [5/9] na província afegã de Kunduz, foi libertado na quarta-feira [9/9] por forças britânicas. O intérprete afegão Sultan Munadi, que o acompanhava, foi morto durante o resgate. Farrell cobria um ataque aéreo da Otan, com aviões americanos, a dois tanques de combustíveis sequestrados. O bombardeio causou a morte de mais de 70 civis. O repórter estava no local entrevistando moradores quando um homem apareceu, alertando-o para sair. Em seguida, foram ouvidos tiros e pessoas gritaram que o Talibã estava se aproximando.


A polícia afegã havia alertado correspondentes em Kunduz que a região era controlada pelo Talibã e que, por isso, era perigosa. O New York Times optou por não divulgar o sequestro de Farrell – e teria pedido a outros veículos que também não o fizessem –, temendo pela segurança dos reféns.


O jornalista, de 46 anos, tem dupla nacionalidade britânica e irlandesa. Ele disse não saber se os tiros que mataram seu intérprete vieram dos militantes ou das forças de resgate. ‘Ouvimos tiros e deitamos. Uma voz britânica me disse para sair. Foi quando vi que Munadi estava na mesma posição. Ele não se mexeu. Quando caiu, ele estava tão perto, a dois passos de mim. É tudo que sei’, conta.


O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, disse que a operação foi realizada após ‘planejamento intenso’ e que os envolvidos sabiam dos riscos que corriam – além do intérprete, também morreram um soldado, um guerrilheiro talibã e o proprietário da casa que servia de cativeiro. Para Brown, a missão foi ‘heróica’. ‘Como todos sabemos – e como foi demonstrado – as nossas forças armadas têm habilidade e coragem para agir’, opinou.


Profissão perigo


Nos últimos anos, diversos jornalistas ocidentais foram mortos no Afeganistão. Sequestros por militantes do Talibã ocorrem frequentemente por razões ideológicas, enquanto os demais são feitos para obter dinheiro com o resgate.


Munadi trabalhou pela primeira vez para o NYTimes em 2002, deixando o diário anos depois para trabalhar em uma emissora de TV. No ano passado, ele foi para Alemanha estudar, voltando ao Afeganistão em agosto para ver sua família – foi quando teria concordado em acompanhar Farrell a Kunduz, como freelancer. Ele era casado e deixa dois filhos pequenos.


Já Farrell trabalha desde 2007 no diário novaiorquino, já tendo escrito sobre os conflitos no Afeganistão e no Iraque. Em 2004, ele chegou a ser capturado por 10 horas com outros jornalistas, quando trabalhava para o jornal londrino The Times. Farrell é o segundo jornalista do NYTimes a ser capturado no Afeganistão em um ano. Em junho, o repórter David Rohde e seu colega afegão Tahir Ludin escaparam dos sequestradores talibãs no norte do Paquistão. Eles haviam sido capturados em novembro, ao sul de Cabul. Informações de Rahim Faiez [Associated Press, 10/9/09].