Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Vera Guimarães Martins

Todas as notícias que ganharam manchetes de segunda a sábado nesta semana foram publicadas antes no digital: a saída de José Eduardo Cardoso do Ministério da Justiça, a nomeação do novo ministro, a delação da Andrade Gutierrez, a de Delcídio do Amaral, o julgamento de Eduardo Cunha no Supremo, o depoimento do ex-presidente Lula. O impresso foi a reboque, mas o jornalismo foi muito bem, obrigado.

O furo da delação do senador petista fez a “IstoÉ” adiantar sua circulação para quinta (3). Elementar: a internet alterou também os padrões das revistas semanais. A edição continua dominical, mas seus sites atuam na cobertura diária como qualquer jornal –o que significa que a concorrência aumentou.

A mudança é inevitável diante da supremacia do digital sobre o papel quando o assunto é quente. Às 8h da sexta (4), os impressos destacavam Delcídio, mas ele já era notícia velha diante da explosão de outra supernova. Como concorrer com história fresca, relatada passo a passo, com recursos de TV, como a entrevista ao vivo da Polícia Federal ou o discurso de Lula –e tudo na tela do computador, tablet ou celular?

A boa nova é que os sites noticiosos aperfeiçoaram de modo notável suas coberturas ao vivo. Há dois ou três anos, elas eram comprometidas por erros (muitos), improviso e informações irrelevantes postadas para fazer volume. Não mais. Há muito que melhorar (sempre haverá), mas a jornada é animadora.

Houve tropeços, claro. “O Globo”, por exemplo, foi ágil ao abrir a cobertura ao vivo, mas durante algum tempo o título era o mesmo do dia anterior, do julgamento de Cunha.

O problema da Folha veio da experimentação de um novo formato. Nas grandes coberturas, os sites se antecipam e mudam o desenho das homes, abrindo espaço para destacar as novidades que, sabe-se, virão em algum momento. Enquanto isso não ocorre, coloca-se na chamada material não inédito. Desta vez, porém, o site decidiu concentrar toda a apuração inicial sobre Lula em um único grande texto e destacar seus aspectos mais impactantes em subtítulos abaixo da manchete.

“Eram informações que valiam destaque, e seria estranho se, àquela altura da operação, tivéssemos vários textos curtos para cada título destacado”, declara Leonardo Cruz, secretário-assistente de Redação da Home da Folha.

Entendo o raciocínio, mas acho que não funcionou. O problema é que, pela lógica do digital, cada chamada ou link normalmente conduz a conteúdos diferentes. No meio da manhã, havia seis subtítulos, mas cinco deles levavam ao texto da manchete. O desfecho provocava no leitor ansioso por novidades duas impressões, nenhuma delas positiva: seriam vários erros de direcionamento do site (não eram) ou esperteza para garantir vários cliques mesmo tendo apenas um texto?

Não creio na segunda hipótese, mas sugiro reavaliar o formato para evitar incompreensões.

Erramos e atendimento ao leitor

Uma chamada incompreensível publicada na capa do O POVO de 27 de fevereiro resultou em críticas ao jornal em redes sociais. Naquele dia, a simulação de texto, que é usada para preencher o espaço e verificar o layout e a formatação, antes de o conteúdo real ser colado, deixou de ser substituída. Foi um erro primário.

O erro da capa daquele dia foi um dos computados no levantamento feito pelo Banco de Dados do O POVO sobre as correções publicadas na seção “Erramos” do mês passado. (Ver quadro que ilustra a coluna.) Foram 14 reparos feitos. Também publico a apuração do atendimento ao leitor de fevereiro. Só são computados aqueles que resultaram em algum tipo de retorno.