Em atendimento ao convite disponibilizado
neste link, enviei o texto a seguir para a comissão que analisará as propostas relativas às competências do curso de Jornalismo, criada no Ministério da Educação:
Maior que a competência técnica de obtenção e apresentação da informação, o problema de qualquer profissional, inclusive do jornalista, é seu caráter. Qualquer pessoa altamente capacidade intelectualmente (ou não) tem livre-arbítrio para se decidir sobre como irá utilizar esta habilidade. Para o bem ou para o mal. Para o interesse público, democrático e social ou para um propósito particular, autoritário, privilegiando, assim, uma classe social minoritária.
Apesar da Fenaj dogmatizar que o diploma garante a ética e qualidade mínimas da informação para a sociedade, isto não é verdade.
Perseu Abramo considera a grande mídia como inimiga do povo brasileiro. E o jornalista é o soldado deste exército que combate contra os interesses nacionais.
O que é e o que não é uma democracia
Por este motivo, durante o curso, o estudante deve ser preparado para escolher se vai trabalhar para um empresário da comunicação, cujo objetivo é o lucro e o poder político decorrente da atividade, vendendo sua consciência para submeter-se aos valores do patrão ou não. Ser um instrumento da manipulação e engano de seu próprio povo ou não. Um mercenário a soldo de quem lhe pagar melhor para fazer o que for mandado, independente de qualquer princípio ou não.
É importante que se discuta durante o curso uma solução para este impasse, característico de qualquer trabalhador, mas que, no caso do jornalista se torna altamente relevante, por ser ele quem manipula a informação para enganar a sociedade brasileira, sob o comando de seu empregador.
Também é fundamental ensinar ao estudante o que é e o que não é uma democracia, uma ditadura do poder econômico, plutocracia, cleptocracia e corporocracia, de tal forma que ele possa identificá-las em seu trabalho profissional e não reproduzir o engano do sistema, sobre a forma de governo que sempre tivemos.
Malignidade intrínseca
Uma matéria que analise as questões mais profundas do setor e que lhe mostre quem são os donos da mídia, como a utilizam para agir como um partido político, bem como o que é um oligopólio e a legislação existente sobre comunicação. A prática da censura econômica na mídia. Um estudo sobre análise crítica da mídia, usando exemplos clássicos como a edição do debate Collor x Lula em 1989 pela TV Globo.
Segue minha definição para esta atividade profissional, como sugestão base para debate nesta comissão e na audiência pública.
O verdadeiro jornalismo, o jornalista de fato e a mídia realmente livre e pública divulgam, com a freqüência e ênfases adequadas, idéias, fatos, pessoas e organizações que os poderosos se esforçam para esconder, minimizar ou criminalizar. O resto é assessoria de imprensa, omissão, manipulação, mercenarismo, entretenimento, mero diletantismo filosófico ou crime de lesa pátria.
Chamo a atenção para dois textos que procuram analisar a malignidade intrínseca do jornalista e da mídia, comum a todos nós, como seres humanos imperfeitos, que desfrutamos também de uma bondade intrínseca, dificilmente estimulada quando há interesses comerciais e políticos em jogo. O negócio é dar a impressão de que a comunicação é pública e confiável, quando ela visa exatamente ao contrário!
Ver ‘A capacidade que o jornalista tem de fazer o mal é devastadora‘ (em espanhol) – aqui, uma tradução); e ‘A malignidade intrínseca da mídia‘.
Mas não se trata de condenar apenas o profissional que se vende na banca do mercado!… Certamente, um dia, quem sabe, talvez, a sociedade terá interesse em receber informação verdadeiramente dentro de um mínimo de ética e qualidade como defende a Fenaj. E, quando mais cedo melhor. Aí, então, ela criará mecanismos para blindar o profissional de comunicação para deixar de ser um mero escravo de que o remunera, como qualquer outro profissional. Ele deve ser considerado um funcionário público e ter todas as garantias de estabilidade, plano de carreira, somente ser demitido em caso de uma falta grave etc., etc., etc.
Não podemos ser ingênuos e imaginar que isto ocorrerá nesta geração, tendo em vista estarmos num país com 74% de analfabetos e semi-analfabetos, repercutindo a vontade política de nossos governantes em manter concentrar a riqueza nacional nas mãos de quem lhes financia a campanha e manter a população na ignorância para melhor legitimar o que se ensina em todos os níveis de nosso sistema educacional como sendo uma ‘democracia’.
Certamente a democratização da comunicação e a Conferência Nacional de Comunicação não podem fugir de focalizar este problema, de tamanha magnitude, capaz, por exemplo, de um golpe de Estado, como ocorreu no debate Lula x Collor, em 1989, imediatamente antes das eleições, realizado por nossa maior rede de TV e por jornalistas prenstituídos.
Mais detalhes em:
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Diploma impede o empresário de dominar sobre a consciência do jornalista**
Liberdade de imprensa para quem?** Trabalhar na Globo é crime
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Rádios ‘piratas’: o que a Band esconde?**
Prenstituição**
O Ditador das Gerais**
Liberdade, essa palavra**
Gagged in Brazil – Censura na imprensa**
Midiatrix**
Análise dos Tipos de Poder**
O que é e o que não é, realmente, uma democracia?**
Sem conceituação não há revolução!**
Dissonância intelectiva dos mestres**
A estupidez conceitual da esquerda******
Engenheiro Civil, militante do movimento das rádios comunitárias e do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC); membro do Conselho Consultivo da CMQV–- Câmara Multidisciplinar de Qualidade de Vida NOTAS