O embaixador russo no Reino Unido, Yuri Fedotov, declarou que uma campanha anti-Moscou estaria sendo orquestrada pela mídia britânica e pediu ao governo para se pronunciar sobre a acusação, noticia Julian Borger [The Guardian, 11/7/08]. Fedotov teria respondido de maneira agressiva a repórteres que, sem nomear as fontes, questionaram uma ameaça de segurança gerada por espiões russos que trabalham no Reino Unido.
Ele destacou uma reportagem no Newsnight, da BBC, em que uma fonte alegava que houve ‘envolvimento do governo russo’ no assassinato do ex-funcionário da KGB Alexander Litvinenko, em 2006, e na tentativa de assassinato de outro dissidente, o empresário Boris Berezovsky.
Na semana passada, funcionários do governo do Reino Unido afirmaram ao Guardian que o MI5, serviço secreto britânico, teria ampliado seus esforços de contra-espionagem pela primeira vez desde o fim da Guerra Fria, principalmente contra espiões russos e chineses em Londres. Funcionários da agência de inteligência teriam alegado que 30 agentes trabalhando para a embaixada russa estariam em missão na capital – ‘o mesmo nível que na era soviética’.
Pedido de resposta
‘Quero expressar meu desapontamento à campanha organizada contra a Rússia na mídia britânica’, disse o embaixador. ‘Foram feitas acusações com base em entrevistas de funcionários que supostamente pertencem à contra-inteligência no MI5. Se eles realmente deram estas entrevistas, significa que o governo está oficialmente acusando a Rússia de envolvimento em casos criminais. É natural então que isto seja confirmado ou negado’, pediu.
Fedotov sugeriu que há pessoas que parecem não gostar da melhoria nas relações entre os dois países, pois as acusações ocorreram ao mesmo tempo em que o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, encontrou o presidente russo, Dmitry Medvedev, na cúpula do G8, realizada no Japão. Nas conversas entre os dois, no entanto, nenhum dos assuntos polêmicos envolvendo a Rússia e o Reino Unido teriam tido progressos: o caso do ex-espião Litvinenko, envenenado em Londres; o fechamento de dois escritórios do British Council na Rússia; e a joint venture da empresa petrolífera TNK-BP. O Reino Unido havia pedido a extradição do suspeito do assassinato de Litvinenko, Andrei Lugovoi – o que foi recusado pela Rússia.