O grupo de mídia americano Tribune Company, que luta contra a crise financeira que atinge a indústria jornalística, teve duas baixas de peso em seus jornais: Ann Marie Lipinski, editora-chefe do Chicago Tribune, e David Hiller, publisher do Los Angeles Times, pediram demissão, com diferença de horas, na segunda-feira (14/7). A empresa foi comprada, no fim de 2007, pelo magnata do setor imobiliário Sam Zell, em uma transação de US$ 8,2 bilhões. Desde então, foi intensificada uma política – já adotada – de cortes de custos, com conseqüente eliminação de cargos.
Ann Marie, que ocupava o posto principal do carro-chefe da Tribune há sete anos, afirmou que não há uma razão específica para sua saída. ‘Há muito a se fazer, e os novos donos deveriam ter seu próprio editor, compatível com seu estilo e objetivos’, declarou. Há uma semana, o jornal de 161 anos anunciou aos funcionários que cortaria cerca de 80 postos na redação. Gerould W. Kern, vice-presidente editorial na divisão de jornais da empresa desde 2003, irá substituí-la. Em comunicado à imprensa, Kern afirmou estar ‘confiante’ de que o ‘longo histórico de inovação’ da Tribune ajudará o jornal a se adequar à indústria neste período de mudanças.
Protestos e saídas
Hiller era o terceiro a comandar o Los Angeles Times desde sua compra pela Tribune, em 2000. Seu antecessor, Jeffrey Johnson, foi afastado no fim de 2006 por criticar publicamente o projeto do jornal de redução de custos. O LATimes planeja cortar 250 cargos, incluindo 150 nas equipes de notícias impressas e online. Os planos para economizar incluem também a eliminação de algumas seções e a publicação de matérias mais curtas. Não foi informado quem deverá substituir Hiller.
Os jornais têm visto a queda de sua receita publicitária e circulação enquanto leitores – e anunciantes, por conseqüência – migram para as notícias online. Quando assumiu após a saída de Johnson, Hiller forçou a saída do editor Dean Baquet, que também fazia oposição aos cortes. Em janeiro deste ano, o editor James O’Shea decidiu deixar o jornal, em protesto aos cortes exigidos pela companhia. Informações de Jeremy Herron [AP, 14/7/08].