A viagem do candidato republicano John McCain ao Iraque em março não atraiu tanta atenção da mídia; apenas um grupo pequeno de repórteres o acompanhou e o âncora da NBC News, Brian Williams, divulgou as notícias direto de Nova York, na seção ‘Outras notícias políticas’ do noticiário. Já com o candidato democrata Barack Obama a história parece ser bem diferente.
Na viagem do senador à Europa e ao Oriente Médio, incluindo talvez Iraque, e a primeira ao exterior depois de ser provavelmente o indicado pelo partido democrata, Williams, por exemplo, planeja entrevistá-lo no exterior – mais especificamente na Alemanha, no dia 24/7 – assim como dois outros âncoras, Charles Gibson, da ABC (em Israel, no dia 23/7), e Katie Couric, da CBS (na Jordânia, no dia 22/7). Até uma entrevista no Meet the Press, da NBC, um dos programas dominicais mais assistidos nos EUA, está sendo planejada.
Objeto de fascinação
A extraordinária cobertura da viagem de Obama que se iniciou no dia 19/7 no Afeganistão, mesmo em parte sendo solicitada por seus assessores, reflete como o candidato é ainda um objeto de fascinação da mídia, sendo o primeiro possível candidato presidencial negro de um grande partido político, opina Jim Rutenberg [New York Times, 17/7/08]. No entanto, a atenção excessiva da mídia também preocupa os membros da campanha de McCain e republicanos de modo geral, que temem que haja uma cobertura não equilibrada. Assessores da pré-candidata Hillary Clinton reclamaram que isto ocorreu nas primárias. ‘Em toda campanha, tempo é um recurso finito, não é produtivo gastá-lo se preocupando como Obama está recebendo cobertura da mídia’, afirmou Jill Hazelbaker, porta-voz de McCain. ‘Mas não nos escapou que três redes de TV vão transmitir ao vivo de paradas da viagem de Obama’.
Valor jornalístico
Executivos das três redes de TV nacionais dizem que, em geral, são dedicados os mesmos recursos para os candidatos, mas eles não negam que Obama recebeu mais atenção este ano. E justificam que isto se deve não apenas pelo seu histórico e por ser novato na cena política nacional, comparado a McCain, mas também por conta da disputa acirrada nas primárias com Hillary – que estava em seu auge quando McCain viajou para o Iraque.
Segundo o Tyndall Report, serviço de monitoramento de noticiários, os telejornais noturnos das três redes de TV nacionais – que, juntas, têm uma audiência de mais de 20 milhões de pessoas – gastaram 114 minutos cobrindo Obama desde junho e apenas 48 minutos com McCain. De acordo com o Project for Excellence in Journalism, desde que Hillary abandonou a corrida presidencial, a mídia está dando mais atenção a Obama: em cada semana do período de 9/6 a 13/7, a organização descobriu que nas mais de 300 matérias políticas em jornais, revistas e TVs, Obama esteve presente em mais de 2/3 delas.
Em relação à cobertura da viagem de Obama, os executivos alegam que o candidato democrata foi beneficiado por ser um político novato e por ser esta sua primeira viagem ao exterior como possível indicado pelo partido democrata. Assim, será uma oportunidade para que eleitores vejam como ele lida com duas das maiores preocupações nacionais: segurança e assuntos exteriores. ‘Se fosse a primeira viagem de McCain a uma zona de guerra, seria uma grande matéria e nós daríamos grande atenção a ela’, alegou Paul Friedman, vice-presidente da CBS News. A última vez que Obama visitou o Iraque foi em 2006. Friedman diz ainda que McCain ajudou a tornar a viagem do democrata mais interessante, ao criticá-lo por sua falta de experiência com políticas exteriores.
A atenção não é exclusividade das TVs. Obama foi capa de mais revistas nos últimos meses que McCain. Só na Rolling Stone, foi a segunda vez este ano. Já da Men’s Vogue, ele foi capa em 2006 e a fotógrafa Annie Leibovitz está produzindo uma próxima edição. A capa da Time com Obama em 2006 foi a segunda mais vendida do ano. Nos últimos 12 meses, a Newsweek fez seis edições com o candidato democrata na capa e apenas duas com o republicano. Com informações de David Bauder [AP, 20/7/08].