‘De Mesquita Alves: ‘Foi noticiado que um tribunal retirou uma criança a uma família de acolhimento. Família de acolhimento não é sinónimo de pais adoptivos. Estes só o são após concluído um processo legal de adopção. Não foi o caso. Assim há um gravíssimo erro na primeira página do PÚBLICO de 19 de Maio [onde se lê: ‘A despedida da criança de Braga dos seus pais adoptivos foi dramática’], e por tabela outro erro no ‘Sobe e desce’ [Idália Moniz, secretária de Estado adjunta e da Reabilitação, com seta para o lado]’.
De J.M. Oliveira Antunes: ‘Na primeira página de 13 de Maio, titula-se: ‘Há fortes indícios de pressões no caso Freeport’. Na segunda página, titula-se ‘Indícios de fortes pressões levam a processo disciplinar’. Os dois títulos referem-se a realidades completamente diferentes. Dizer que há ‘fortes indícios’ ou há ‘fortes pressões’ é tudo menos a mesma coisa. O jornalista ou não sabe português, e isso é preocupante, ou, se quis mesmo escrever ambos os títulos com consciência, o jornal deve esclarecer qual das situações corresponde à verdade que pretendia noticiar’.
De José Manuel Pereira Bastos: ‘Não há aí ninguém que ensine aos jornalistas que os títulos não podem contrariar os conteúdos respectivos? O primo de Sócrates ‘garante’ ou tem ‘tem a impressão’ [PUBLICO.PT, 16 de Maio]?’
Nota do provedor: O título da notícia (com o respectivo conteúdo) foi entretanto corrigido para ‘Freeport: primo ‘acha que’ José Sócrates conhecia Charles Smith’.
De Maria José Costa: ‘Os educadores de infância também são docentes, pelo que não é rigoroso dizer, como o PÚBLICO disse, ‘educadores de infância e docentes’ [‘Professores apelam ao apoio da opinião pública para a sua luta’, 24 de Abril, pág. 11]. Refiro ainda que os educadores de infância são docentes licenciados, profissionalizados e com habilitação própria para a docência que exercem, neste caso o ensino pré-escolar’.
De Miguel Direito: ‘Sou leitor assíduo do (excelente) PÚBLICO, pelo que sinto o dever de alertar para um pequeno erro que constatei na secção online de desporto de 22 de Abril [‘O filme repetiu-se em Los Angeles, mas desta vez o herói veio de Denver’]. Ao descrever um jogo da NBA entre a equipa de Los Angeles e a de Denver, escreveu o jornalista que esta última estaria sediada no estado do Texas, o que é evidente erro. Denver é a maior cidade do Colorado…! Pormenores… Mas sinto-se menos tentado a acreditar num texto com erros reveladores de falta de cultura geral por parte de quem o escreve’.
Nota do provedor: após alerta deste leitor, a notícia foi corrigida online, aparecendo também já sem o erro na edição de ontem em papel.
De A. Serôdio: ‘No Local (pág. 20) da edição Porto de 29 de Março, pode ler-se: ‘Dos veículos em exposição destaca-se um Minervete, de 1904, propriedade do rei D. Carlos, que o tinha estacionado em Vidago, para quando visitava o Palace Hotel’. O Palace Hotel só foi inaugurado em 1910, pelo que o rei D. Carlos, assassinado em 1908, não podia ter o automóvel aí estacionado. Talvez nas Pedras Salgadas ou outro, mas nunca no Palace. Importa pesquisar com algum cuidado, o que no caso presente nem é difícil’.
Nota do provedor: Poderá ter-se tratado do Grande Hotel de Vidago, inaugurado em 1874, onde costumavam instalar-se membros da realeza.
De João Regueira: ‘Brasília foi inaugurada em 1960 e não em 1961 [secção ‘No passado’, P2, 21 de Abril]. O erro parece grosseiro, visto estarem em curso os preparativos da comemoração do cinquentenário no próximo ano!’
De Miguel Silva Machado: ‘A jornalista Teresa de Sousa escreveu em 21 de Fevereiro [‘Comando de Lisboa sobe na hierarquia da NATO e fica ao nível de Nápoles’, pág. 14] que ‘Portugal, que neste momento apenas mantém no Afeganistão duas equipas de formação e treino das forças de segurança locais e um hospital de campanha’. Como é possível este erro? Basta ir ao site do Estado-Maior General das Forças Armadas para ver que Portugal neste momento tem no Afeganistão uma equipa de formação e treino, nada mais. Irá (não foi dito quando) enviar outra equipa destas. O Ministério da Defesa disse também que se enviaria 15 militares de saúde para prestarem serviço num hospital de campanha no aeroporto de Cabul, o que é muito diferente de ter lá um hospital de campanha. (…) Por outro lado, lendo-se o que a própria NATO diz do seu comando em Oeiras, é muito estranha a afirmação de Severiano Teixeira, ministro da Defesa, de que vamos subir de nível. Para a NATO já subimos… (…) Que o ministro se tenha enganado, até posso compreender, porque pretende dar a ideia de que estamos a melhorar qualquer coisa. Já mais difícil de compreender é que o jornal não o tenha confrontado – na ocasião ou mais tarde –, passando-se assim para a opinião pública uma informação errada’.
De Carlos Machado Acabado: ‘Na notícia intitulada ‘Bloco de Esquerda questiona Governo sobre futuro do mouchão da Póvoa’ (23 de Abril, pág. 17), escreve-se que a ‘empresa Ilha – Indústria Agrícola, SA, (…) admite que colocou o espaço HÁ venda’. Ora, parece-me (até porque pouco antes a expressão utilizada mais de uma vez – correctamente, aliás – pelo jornalista, no contexto, era ‘à venda’) poder supor-se que, perante a (óbvia!) dificuldade experimentada por alguns jornalistas do PÚBLICO em distinguir entre ‘à’ e ‘há’, a ‘estratégia’ destes terá passado a ser a de diversificar ‘democraticamente’ o uso das várias formas possíveis, quem sabe se seguindo o curioso ‘princípio’ de que, pondo-as todas, alguma há-de (ou… ‘à-de’?, já nem sei ao certo…) estar correcta. Estou em crer que este tipo de disfunção morfológica, infelizmente muito comum entre os estratos mais jovens da sociedade portuguesa medianamente escolarizada, é o resultado inevitável de décadas de consistente substituição de um ensino desejavelmente orgânico do português por um outro erradamente chamado de ‘estrutural’ (e, no caso específico da didáctica do inglês, de ‘funcional’, ou ‘functional’)’.
De António Manuel de Paula Saraiva: ‘Na última página da edição de 7 de Maio, Miguel Gaspar refere que o jornal Boston Globe recebeu um prémio Pulitzer ‘por ter denunciado o escândalo dos abusos sexuais da Igreja Católica nos EUA’. Ora os escândalos não podem ser atribuídos à Igreja Católica, mas apenas a alguns dos seus membros (embora vários deles em posições de destaque). Tais escândalos só poderiam ser atribuídos à Igreja americana se ela os tivesse tentado desculpar do ponto de vista doutrinário, o que não foi o caso. Em resumo, a frase correcta seria ‘o escândalo dos abusos sexuais que envolveu membros proeminentes da Igreja Católica’, ou semelhante’.
Nota do provedor: A Igreja Católica aceitou nos EUA pagar pesadas indemnizações às vítimas dos abusos sexuais, sinal de assunção, por parte da sua hierarquia, de pelo menos parte de responsabilidade da instituição.
De José Maria Pereira da Rocha: ‘Será que a jornalista Graça Franco me leva muito a mal se eu lhe disser (…) que o ordinal de 300 (…) é ‘tricentésimo’ e não o que ela escreveu [‘trigésimo’] (‘Bem-vindos a 2010!’, 2 de Janeiro, pág. 31)? A lógica não deixa aliás juntar, em sucessão, dois nomes numerais da mesma ordem (dezenas), pelo que ‘trigésimo sexagésimo’ só por distracção… Acontece!’
Do mesmo leitor: ‘Quando eu andava em Coimbra, (…) o CITAC era o ‘Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra’. Era a vertente modernista do TEUC [Teatro dos Estudantes da Universidade de Coimbra], este mais dedicado ao clássico. Mas ambos sob a direcção do saudoso prof. Paulo Quintela. Será que mudou de nome para, em 1969, ser ‘Centro Internacional de Teatro da Academia de Coimbra’? (‘Há 40 anos em Coimbra ‘bebia-se e amava-se despudoradamente’’, 19 de Abril, pág. 11). Por outro lado, na crónica ‘Faux gauche’ [em francês, ‘faux’ para ‘falso’ e ‘gauche’ para ‘esquerda’], de Desidério Murcho, no P2 de 21 de Abril, se o artigo definido usado no texto cinco vezes é feminino (‘a’) e o substantivo é ‘gauche’, também feminino (vd. dicionário Larousse), o adjectivo não devia ser ‘fausse’ [‘falsa’]?’
Nota do provedor: Em nova crónica, a 28 de Abril, o autor já escreveu acertadamente ‘fausse gauche’.
De M. Fátima Antunes: ‘Já tinha sido mau encontrar a palavra ‘transacções’ transformada em ‘transações’ texto fora. Agora, no mesmo dia, descobrir que afinal tivemos ‘um rei adolescente desaparecido em Ceuta’, que nos EUA houve um tal de Presidente ‘Buch’ ou que há uns tipos designados de ‘Monty Phyton’ também já é abuso… Não há pelo ‘Ípsilon’ [13 de Março] ninguém a rever textos? Já agora, não é ‘auto-depreciarmos’, mas ‘autodepreciarmos’.’
Conclusões: a participação dos leitores permite fazer um PÚBLICO melhor; os jornalistas devem corrigir os erros assim que deles tiverem conhecimento.
CAIXA:
Números impossíveis
Na crónica ‘A minha TV’ no P2 de 13 de Maio escreve-se: ‘O especial de Clara de Sousa foi o melhor da noite da SIC (11,2 de share e 25,8 de rating), a retransmissão da entrevista de Oprah logo a seguir teve 5,8 de share e 13,5 de rating’. É matematicamente impossível que, nas audiências televisivas, os números de rating (audiência média) sejam superiores aos de share (quota de mercado). Tratar-se-á de um lapso, mas nota-se que o autor, Jorge Mourinha, conforme o provedor já alertou há meses, tem dificuldade em interpretar correctamente as tabelas de audiências televisivas, o que não parece normal num crítico de TV, para mais quando baseia (como é o caso) grande parte dos seus textos na leitura desses números. Com efeito, é costume o autor aferir do sucesso ou fracasso dos programas através da invocação em abstracto do rating que obtêm, quando, para avaliar da capacidade de atracção de público, é o share que é determinante (o rating varia em função do horário de emissão e não apenas da quantidade de telespectadores). Dado que o aviso do provedor foi ignorado, aqui fica o conselho aos leitores para lerem ‘A minha TV’ com algum relativismo, sobretudo quando fala de audiéncias.’