Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

“Let’s Make Brasil Great Again”

 Donald Trump não foi eleito no Brasil mas todos os governantes federais, estaduais, municipais brasileiros adotaram o lema “ let’s make América great again“, que parecia piada nos States até a surpresa das urnas. Vamos  na rota do Brasil Grande, título que sempre foi motivo de chacota associado ao fatídico golpe de 64.

 Michel Temer sugere que a economia falida floresça já neste primeiro semestre e  garante 100 mil novos empregos, além de um núcleo de inteligência policial em todos os estados para acabar de vez com o narcotráfico e o crime organizado. Principalmente agora que a matança nos presídios, uma selvageria que chocou o mundo, mostrou que nós também decapitamos, mutilamos, assassinamos, arrancamos corações e tripas num estado paralelo que decide no tribunal do crime quem vai morrer.

 João Dória se propôs a cumprir 118 promessas cobrindo da Saúde  à fiscalização, passando por camelôs, carnaval, cracolândia, direitos humanos e outros mais. Quer transformar São Paulo- -conhecida pelos arranha-céus, a penumbra e pela garoa — numa cidade linda. Ou seja, o prefeito terá de cumprir uma meta a cada 12 dias e, para não perder tempo, proibiu gravatas no secretariado , vestiu-se de gari,  cobriu viadutos com telas para esconder moradores de rua e prometeu empregar 20 mil dependentes de drogas.

 Marcelo Crivella , à frente da Cidade Maravilhosa, propõe 78 projetos de cortes radicais que estão longe de ser suficientes para recuperar em quatro anos um Rio que declarou sua falência em todos os setores incluindo saúde e educação, e onde ainda se mata para roubar bicicletas, celulares, tênis. Numa cidade esfolada pela economia, até governar vai ser difícil. Mas ele não desanima e promete ainda mais projetos porque ” governa com Deus”.

Todos de olho em 2018

 ACM , prefeito de Salvador,  projeta grandes obras — um hospital municipal, pistas exclusivas para ônibus — e esse pensamento positivo no Brasil tem um objetivo.

 Todos de olho nas eleições presidenciais de 2018 embora até lá poucos políticos conseguirão sobreviver com seus projetos que ficarão no papel, como o fim do desemprego de 12 milhões de pessoas e a bomba da reforma da Previdência prestes a estourar.

 O mundo encantado imposto ao Brasil é compreensível . Foram anos de quedas, demolições, delações , corrupções, incertezas, oportunismos, impunidade e a única alegria foi a alma lavada com o Lava Jato. Um único personagem respeitado, o juiz Sérgio Moro.

 O momento é de recriação, inventar um país moribundo no leito da morte, como aconteceu com várias civilizações -Mesopotâmia, Roma e Grécia antigas…  Como a ministra Carmen Lucia declarou , a hora de pensar o Brasil é agora, e para sempre.

 Mesmo que pareça utopia sonhamos um país com honra, política limpa, projetos e conteúdos sociais mais parecidos com a Suécia do que com o Burundi. Venha o que vier, e seja lá por qual razão, é um alento saber que nossos governantes miram em 2017  2018, um novo Brasil que mereça ser Grande.

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Alberto Dines é jornalista, escritor e cofundador do Observatório da Imprensa