Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Folha de S. Paulo

MÍDIA & POLÍTICA
Melchiades Filho

Piá curitibano

‘BRASÍLIA – ‘Alô, dona Maria, aqui é da prefeitura. A senhora ficou satisfeita com a poda da árvore em frente à sua casa? E seu marido? Recebeu o remédio? Por favor, em nome do prefeito, dê parabéns à sua filha por ter passado de ano.’

Numa era em que política, administração pública e atendimento ao consumidor dividem o pódio do descrédito, é difícil reagir com indiferença a um telefonema desse.

A Prefeitura de Curitiba tem à sua disposição um arquivo digitalizado com as queixas da população, fichas do serviço de saúde, ocorrências policiais, matrículas na rede de ensino e toda ação social e obra municipal, do tapamento de um buraco à troca de lâmpada de um poste.

Desenvolvido por uma empresa-ONG chamada ICI, o programa faz dez anos na semana que vem.

Mas foi na gestão do tucano Beto Richa, em 2005, que surgiu a maior novidade: uma sala de situação, com telões e computadores. Nela, pode-se estudar as demandas declaradas (reclamações) e consumadas (atendimentos) dos curitibanos, recortá-las por região e até mesmo individualizá-las. Em tese, basta clicar em um endereço para descobrir a relação de seus moradores com o poder público. Imagine só o potencial de telemarketing.

Os números incríveis de Richa no último Datafolha (72% de intenção de voto) no mínimo guardam relação com esse jeito ‘online’ de governar -que, ressalte-se, dá ao Executivo a possibilidade de prescindir de um meio-campo (imprensa, associações de bairro, vereadores) e fazer ligação direta com o eleitor.

Por isso o cadastro eletrônico é uma ferramenta formidável de campanha também. Permite mapear carências e adequar promessas. Saber que ruas tomar ou evitar.

(Nas outras duas capitais que usam o software do ICI, Vitória e Teresina, os prefeitos igualmente são favoritos a um novo mandato.)

Alheia a isso tudo, a Justiça Eleitoral se preocupa em proibir vídeos de candidatos no Youtube…’

 

 

VAZAMENTOS & ENTUPIMENTOS
Yala Sena

Ministro diz que ‘celular é rádio comunitária’

‘O ministro José Múcio (Relações Institucionais) se mostrou preocupado com o aumento de grampos telefônicos. ‘Eu tenho a impressão de que meu celular é uma rádio comunitária, em que falo com uma pessoa e várias outras estão ouvindo’, disse o ministro em evento em Teresina (PI), de que participaram governadores do Nordeste.

Na quinta-feira, o ministro Tarso Genro (Justiça) já havia falado que os cidadãos precisam se ‘acostumar’ com a idéia de que podem estar sendo grampeados. ‘Estamos chegando a um ponto em que temos de nos acostumar com o seguinte: falar no telefone com a presunção de que alguém está escutando’, disse, em tom de brincadeira, ao responder a uma pergunta durante uma reunião com advogados no Rio.

No evento com governadores, Múcio defendeu a aprovação de uma lei para punir responsáveis por grampos clandestinos. Ele disse que o assunto atinge e preocupa o governo federal e afirmou que a preocupação pode ser exagerada. ‘Mas é melhor pensar assim e tomar as precauções, do que exceder na confiança.’

‘É um crime, mas ainda não existem sanções para isso’, comentou o ministro, ao declarar, sem citar possíveis vítimas, que o governo está enfrentando problemas com grampos clandestinos e que apóia o projeto de lei sobre o assunto. ‘O Executivo tem interesse sobre isso. Na volta do Congresso, vamos dar celeridade ao projeto’.

Uma Comissão Parlamentar de Inquérito já investiga a prática de grampos ilegais no país.’

 

 

TELEVISÃO
Vinícius Queiroz Galvão

Jornalista da Al Jazeera estréia boletim no Brasil

‘Ele já veio a São Paulo, mas diz não ser especialista em assuntos sobre o Brasil. Tem amigos brasileiros, mas não fala português. Adora o jiu-jítsu à brasileira, mas nunca ouviu falar de capoeira. Iemenita de origem paquistanesa radicado no Reino Unido, Riz Khan, 46, principal âncora da TV Al Jazeera em inglês e, segundo a emissora, ‘um dos mais respeitados e conhecidos jornalistas dos EUA’, estréia hoje como comentarista no canal pago BandNews num formato inusitado: o de correspondente estrangeiro com legendas. De Washington, onde vive hoje, explicou por telefone à Folha a contradição. ‘Gostaria de poder falar a língua, tenho muito amigos tanto do Brasil quanto de Portugal’, diz Khan. ‘Mas o mundo hoje é globalizado, e dizer que só quem fala aquela língua pode expressar um ponto de vista ou pode aparecer na TV é se limitar muito.’ Na BandNews, diz Khan, os comentários vão enfocar sempre assuntos e fatos mundiais que interessem direta ou indiretamente ao Brasil. ‘Quero dar ao público brasileiro um ponto de vista melhor do que acontece no Oriente Médio, sob perspectivas diferentes’, diz o apresentador, que por aqui, por razões da tradução, não terá entradas ao vivo. Segundo a BandNews, ‘A Notícia com Riz Khan’ terá uma edição semanal, exibida até quatro vezes, em horários alternados. O boletim é parte do acordo fechado no ano passado entre o canal brasileiro e a TV Al Jazeera em inglês, que prevê troca de reportagens. Depois de passar pela rede britânica BBC e pela emissora americana CNN, Khan teve um talk-show em que se diz orgulhoso de ter entrevistado personalidades como os ex-presidentes Jimmy Carter e Bill Clinton, o ex-secretário-geral da ONU Kofi Annan, o dalai lama, o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela e o general paquistanês Pervez Musharraf, logo após o golpe de Estado de 1999.

A NOTÍCIA COM RIZ KHAN

Onde: BandNews

Quando: estréia hoje, às 10h10

Classificação indicativa: não informada pelo canal’

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Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

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