Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Quem defende o impeachment de Obama

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deve sofrer um impeachment por não ter nascido em território estadunidense. A opinião, publicada na sessão de comentários do site Pensador Americano (American Thinker), na última sexta-feira 13, é assinada com o pseudônimo Lyric. O autor do comentário ao artigo ‘Como Perder Amigos e Influência, parte 2’, declara-se cônjuge de um brasileiro e, portanto, a par dos detalhes burocráticos da imigração.

Segundo Lyric, o presidente Obama possui um certificado havaiano de equivalência de nascimento, porém não possui uma certidão de nascimento. Contrariando as informações divulgadas na biografia oficial do presidente, isto indicaria que ele teria nascido no Quênia, na Indonésia ou em algum outro país e seria, assim, inelegível para a presidência.

O comentário de Lyric, por si só, não requereria maior atenção se não fosse acompanhado por outras 38 opiniões de matizes semelhantes ou ainda mais duras, como a de Frank: ‘O que você esperaria de uma ação afirmativa?’

Inabilidade diplomática

Recentemente viram-se protestos contra o jornal New York Post em virtude da tétrica charge publicada no dia 11 de fevereiro, na qual Obama era representado como um símio assassinado por dois policiais brancos. Em 27 de fevereiro, a CNN classificou de tépida a resposta dos marines ao discurso no qual o presidente americano delineava a saída das tropas do Iraque, em acordo com a responsabilidade moral dos Estados Unidos. Pôde-se perceber semelhante tepidez na resposta ao discurso inaugural do presidente canhoto, cujo encerramento abordou o tema que não queria calar: o racismo. O discurso de abertura de Obama fora, na maior parte, escrito sob a batuta da chapa-branca. Apenas nos últimos minutos a fala inaugural versou sobre a dificuldade, 60 anos atrás, de um moreno ser servido em um restaurante, e sobre a redenção moral que aquela eleição representava. Mesmo quem não possua treinamento na fonologia das variações lingüísticas, é capaz de perceber o ritmo gingado que Obama finalmente utilizou, ao falar sobre a negritude.

O artigo assinado do American Thinker analisa o adiamento do encontro entre os presidentes dos Estados Unidos e do Brasil e denuncia a inabilidade diplomática da administração americana. Os leitores do American Thinker sentem-se desconfortáveis com a possibilidade de o país deles não ser, agora, tão temido quanto antes.

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Doutorando em Lingüística e professor substituto do Departamento de Letras e Literatura Vernáculas da Universidade Federal de Santa Catarina