A publicação recente no observatório da Imprensa do Atlas da Notícia — parceria entre o Projor e o Volt Data Lab — demonstrou que vivemos um deserto de notícias em grande parte do país. O levantamento quantitativo é uma etapa necessária para se entender a realidade, partindo do mapa ao território.
Em Santa Catarina, um dos estados privilegiados na concentração de jornais por habitantes, surge uma iniciativa de discussão de soluções para o fortalecimento do jornalismo: O GPS Jor – novos rumos para o jornalismo. O projeto é apoiado pela Universidade Federal de Santa Catarina, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ), Sindicato dos jornalistas de Santa Catarina e Associação Educacional Luterana Bom Jesus.
Conheça as diretrizes do projeto conforme a apresentação do site:
O GPS Jor é um projeto de pesquisa-ação criado com o objetivo de pesquisar e propor soluções para as crises do jornalismo contemporâneo. Queremos contribuir para a construção de mídias jornalísticas locais independentes e de qualidade, que sejam autossustentáveis e tenham governança social. Acreditamos que o jornalismo pode ser produzido não só por empresas, mas também por outras organizações. Entendemos que o público pode e deve participar de muitas das decisões cotidianas desse jornalismo, e também pode financiá-lo, sem intermediários. É o que chamamos de governança social.
Trabalhamos na pesquisa e discussão em diferentes frentes, que pensam as dimensões presentes na sigla que dá nome ao projeto. “GPS Jor” significa “Governança, Produção e Sustentabilidade para um Jornalismo de novo tipo”. Assim dividimos nosso trabalho em quatro temáticas:
Produção
Discute os aspectos dos saberes profissionais dos jornalistas. Queremos pensar aqui o que compõe o jornalismo enquanto valores, normas, escolhas de pauta, formas de construção da narrativa, formatos de conteúdo – e então questionar o que disso permanece e o que muda com uma nova governança.
ColaboraçãoAtualmente, o alcance de qualquer conteúdo jornalístico está muito vinculado ao engajamento do público, por conta de uma das maiores fontes de informação do público ser cada vez mais a internet e redes sociais. Curtir, compartilhar e comentar são mais que envolvimentos casuais, e afetam diretamente o alcance e repercussão social da notícia ou reportagem. Discutiremos as possibilidades e dificuldades para uma relação de cooperação, troca e envolvimento entre o público e as mídias jornalísticas na distribuição e produção do conteúdo.
Gestão (estrutura organizacional)
Para além da distribuição, acreditamos que uma forma de organização dos jornalistas que inclua o público, e cuja finalidade não esteja voltada à lucratividade – ou seja, o jornalismo enquanto outra coisa que não uma mercadoria – tem potencialidades para um jornalismo mais próximo da sociedade. A fronteira dessa dimensão da governança é a discussão, com a sociedade, das formas organizacionais mais adequadas à existência do jornalismo – fundações, institutos, Oscips, ONGs, cooperativas, o que for, desde que sustentáveis e de longo prazo.
Sustentabilidade
Como sustentar a produção de jornalismo a longo prazo, em uma governança social? Os leitores estão dispostos a financiar a iniciativa? Os anúncios podem ajudar, mas como utilizá-los sem que isso afete a cobertura? Para pensar sobre essas e outras questões, queremos ouvir o que o público tem a dizer, e também pesquisar que formatos de financiamento são utilizados por iniciativas independentes ao redor do mundo.
Iniciamos nosso trabalho em outubro de 2015 e, entre 2016 e 2017, o projeto promoverá diálogos entre a sociedade e os jornalistas de Joinville, cidade de 562 mil habitantes na região Norte de Santa Catarina. A mobilização em Joinville servirá de projeto-piloto, e a ideia é que o processo possa ser replicado em outras cidades, de acordo com os contextos específicos de cada local.Somos uma equipe de jornalistas profissionais, graduandos, mestrandos, doutorandos, mestres e doutores ligados aos programas de pós-graduação em Jornalismo e em Sociologia Política da Universidade Federal de Santa Catarina e ao Curso de Jornalismo do Bom Jesus/Ielusc, em Joinville.
Coordenação:
Angelo Augusto Ribeiro – MPSC (Assessor) / Iscom (Prof.) – Lattes
Carlos Castilho – POSJOR UFSC (Pós-doutorando) – Lattes
Frederico S. M. de Carvalho – Jor UFSC (Prof.) / POSJOR UFSC (Mestrando) – Lattes
Iohanna Roeder – POSJOR UFSC (Mestranda) – Lattes
Jacques Mick – PPGSP UFSC (Prof.) – Lattes
Luisa Tavares – Jornalista – Lattes
Marília Crispi de Moraes – Ielusc (Prof.) – Lattes
Rogério Christofoletti – POSJOR UFSC (Prof.) – Lattes
Samuel Lima – POSJOR UFSC (Prof.) – Lattes
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Se você conhece alguma iniciativa de discussão e fortalecimento do jornalismo local ou regional e quiser divulgá-la, envie um e-mail para atlasdanotícia@gmail.com.