Os telespectadores americanos que acompanharam o debate entre os candidatos a vice-presidência dos EUA, Dick Cheney e John Edwards, pela televisão conseguiram acompanhar melhor o evento do que a maioria dos cerca de 1000 jornalistas que foram cobri-lo na cidade de Cleveland, segundo reporta Mark Memmott, do USA Today [6/10/04].
Apenas 10 profissionais de grandes veículos puderam ficar dentro do ginásio onde aconteceu o debate, junto com o restante da platéia de 500 pessoas. O resto dos jornalistas ficou em outro edifício próximo, acompanhando tudo pela TV – ou melhor, tentando acompanhar, já que não é fácil se concentrar num ambiente com centenas de pessoas falando e digitando em computadores, com diversos televisores sintonizados em canais com transmissões em tempos diferentes. Para piorar, assessores dos candidatos à vice-presidência interferiam instantaneamente para rebater afirmações feitas durante o debate. ‘Preferiria muito mais estar com eleitores ou uma família – ou a minha família. Qualquer lugar é melhor que aqui’, reclamou o colunista da Time Joe Klein.
O tipo de problema que uma cobertura realizada nessas condições causa ficou claro no primeiro debate realizado entre os presidenciáveis George Bush e John Kerry na Flórida, onde a imprensa acompanhou tudo por monitores que não mudavam de câmera – ou seja, ficavam parados sempre no mesmo ângulo. Por conta disso, os jornalistas ali presentes não puderam perceber que Bush estava claramente irritado, algo que geraria muitos comentários no dia seguinte, mas que só viu quem estava longe, assistindo pela TV.