A Folha de S.Paulo lançou uma edição revista do Manual da Redação, com novidades no conteúdo e no projeto gráfico. Material de divulgação enviado à imprensa informa que a elaboração do manual levou mais de dois anos e se guiou pelas transformações sociais e comportamentais dos últimos tempos, além das que se impuseram com a difusão da internet.
A publicação faz parte da comemoração pelos 97 anos do jornal e foi acompanhada por um encontro de jornalismo em São Paulo com convidados internacionais como o diretor de redação do El País, Antônio Cano e o professor de jornalismo da Universidade do Texas, Rosental Calmon Alves, além de debates com profissionais de vários veículos da imprensa brasileira.
Uma das novidades do Manual é uma seção dedicada ao comportamento dos jornalistas nas redes sociais. Em caderno especial sobre o manual publicado na edição de domingo (18) do jornal, uma reportagem chama atenção para os cuidados éticos que os profissionais devem ter nos seus perfis públicos.
Atitudes como usar informação privilegiada para obter vantagens pessoais ou escrever sobre instituições nas quais tem interesse figuram como proibida. Já aspectos como responder com agilidade e educação às manifestações dos leitores e deixar claro aos entrevistados os motivos da reportagem são incentivados.
As questões relativas ao texto ocupam dois capítulos. Estilo trata de aspectos de organização da escrita, hierarquização do texto, verificação se todos os lados estão contemplados na abordagem. As regras gramaticais foram reunidas no capítulo “Língua Portuguesa”.
Outros capítulos novos são “Ciência e ambiente”, “Educação”, “Tecnologia” e “Poder Executivo”, que se somam aos anexos “Economia”, “Matemática e estatística”, “Religiões”, “Saúde”, “Poder Legislativo” e “Poder Judiciário”. O livro traz ainda a versão mais recente do Projeto Editorial do jornal, de 2017, precedida por uma lista de doze princípios.
No caderno especial do domingo de apresentação do Manual, a Folha avançou, ainda que de maneira tímida, num procedimento importante para o jornalismo brasileiro. Em matéria intitulada “O que a Folha pensa” foram elencados a opinião do jornal sobre temas da atualidade. Essa busca de transparência é um atributo de credibilidade intensificada pelo atual contexto midiático.
Se o funcionamento das redes sociais tem sido motivo de preocupação, entre outros fatores, pela indistinção entre notícia e informação fraudulenta, o debate possibilitado pela liberação do pólo da recepção cobra da imprensa uma relação de transparência sobre temas de importância crucial para o país como a economia e a política. Seria muito saudável para o processo democrático, se os veículos manifestassem seus pensamentos a respeito desses e outros assuntos.