Para quem coloca a credibilidade da imprensa em cheque, esta notícia é um prato cheio. Sabe aqueles famosos tablóides sensacionalistas que vivem basicamente de notícias – leia-se: escândalos – de celebridades? Eles tiveram uns probleminhas pelo meio do caminho.
Um cineasta britânico enganou vários jornais sensacionalistas do Reino Unido levando os tablóides a publicar notícias falsas sobre celebridades, uma delas sobre o incêndio acidental no famoso penteado da cantora Amy Winehouse.
Ao se fazer passar por testemunhas oculares, Chris Atkins e sua equipe alimentaram durante meses as redações dos tablóides com notícias inventadas e viram as mesmas publicadas sem nenhum tipo de comprovação […] (continue lendo). A idéia do cineasta era boa: avaliar o quanto de verdade havia nessas notícias que movimentam veículos que vivem desses fatos sobre as celebridades. Queriam descobrir, principalmente, o quanto os jornalistas comprovavam desses fatos. Se fosse comprovado que era mentira, obviamente não seria publicado. Pelo menos era isso o que pensavam.
Mas o que pensar quando esses fatos inocentemente fictícios foram publicados?
O historinha que teve mais êxito foi sobre Amy Winehouse. Testemunhas disseram ter visto quando a cantora estava tocando com amigos e um fusível explodiu ateando fogo em seu penteado. O boato virou notícia, foi divulgado na internet e publicado em dois jornais, sem qualquer comprovação.
Veracidade ainda é importante
Alguma lição? Será que algo assim faria as pessoas terem mais senso crítico? Em não confiar ingenuamente em tudo que lê ou vê? Separar o joio do trigo, simplesmente? Duvido muito.
Revistas, jornais e sites são referências. Deveriam ser veículos de credibilidade. Deveriam, pelo menos. E, só pra começar, deveriam falar a verdade.
Notícias de celebridades vendem. Escândalos então, mais ainda. As pessoas pagam para saber do quanto esse famoso não vive simplesmente uma vida de glamour. Querem descobrir sua humanidade através daquilo que é mais banal. Por isso vemos por aí manchetes do tipo ‘fulano atravessa a rua´’. Mas, quer prova maior de humanidade que um escândalo?
Tudo bem que estamos falando de tablóides. O público certamente não os encara de forma séria, enquanto na verdade deveríamos pensar que estamos lidando com pessoas, de qualquer forma. Seja a celebridade alvo do boato ou o público que consome tal informação como se fosse verdade. Não importa o público-alvo ou a qualidade do fato a ser veiculado. O princípio da imprensa é informar a verdade. É buscar a verdade, e isso não é um valor esquecido. Por mais antigo e fora de moda que possa parecer, a veracidade ainda é importante e deve ser levada em conta.
Essa deveria ser a função de um jornalista. Mais uma coisa que deveria ser, mas pelo jeito ainda parece muito longe de se concretizar.
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Jornalista, São José do Barreiro, SP