Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Carta Capital

ESPORTE
Fabio Kadow

O preço do ouro, 29/8

‘Há tempos que uma edição dos Jogos Olímpicos não causava tanto estardalhaço nas áreas de marketing e mídia. As audiências das transmissões e os valores dos contratos seguiram as quebras de recordes das pistas de atletismo e das piscinas. Entre os patrocinadores oficiais dos Jogos, dos atletas e empresas de artigos esportivos, ainda não existe um consenso sobre a pergunta: vale quanto cobram? Muitos divulgam lucros e números inacreditáveis. Outros, mais comedidos (ou insatisfeitos), ainda esperam para mensurar os resultados.

No marketing esportivo, atributos como paixão, ódio, sucesso, fracasso, simpatia e antipatia caminham lado a lado. Além disso, há o fator resultado. Como, por exemplo, imaginar que Diego Hypolito iria cair no último salto? Ou que César Cielo e Maurren Maggi seriam as estrelas brasileiras douradas dessa edição?

As Olimpíadas representam o momento máximo de qualquer atleta. Associar sua marca ao evento, a uma bandeira ou a algum vencedor é o sonho dos profissionais de marketing. A Coca-Cola, por exemplo, comemora ter alcançado a liderança, em pesquisa feita pela empresa CSM com a população chinesa, que avaliou pontos como satisfação, qualidade e reputação, entre outros.

Fica claro que o patrocínio aos Jogos foi fundamental para que a produtora de refrigerantes ultrapassasse as empresas locais, como a Lenovo, na preferência do consumidor. Vale lembrar que se trata da Coca-Cola, com vendas na casa dos 30 bilhões de dólares por ano, e que pode destinar 100 milhões de dólares em uma única ação. E, para você, vale a pena todo o investimento? Entre no site de CartaCapital e participe do balanço final das Olimpíadas.

4,5 bilhões de cidadãos

Foi a audiência dos Jogos de Pequim no mundo, segundo o Comitê Olímpico Internacional. O número é a soma do público da televisão e da internet, nos 17 dias do evento. A NBC, nos Estados Unidos, divulgou também que bateu um recorde, com 214 milhões de telespectadores. Foram 5 milhões a mais do que nos Jogos de Atlanta, em 1996, líder até então.’

 

 

SPAM
Felipe Marra Mendonça

Os internautas reclamam, mas compram, 29/8

‘Quem reclama da quantidade de spams na caixa de mensagens talvez precise repensar os próprios hábitos. Pesquisa feita pela Marshal, que vende programas para segurança na internet, revelou que cerca de 30% dos usuários compram os produtos oferecidos nas mensagens de spam.

A amostragem abrangeu 622 internautas e 136 disseram ter comprado itens vistos nos e-mails. Os mais populares eram pílulas para a melhora da performance sexual, produtos de conteúdo adulto, programas legais ou piratas e itens de luxo, como relógios, jóias e roupas.

Uma pesquisa anterior, feita em 2004 pela Forrester Research, detectou que 20% pediam produtos oferecidos pelo spam. É uma alta de 10 pontos porcentuais em quatro anos e parece demonstrar uma certa ingenuidade no usuário comum. ‘Muitos se perguntam a origem de tanto spam. A resposta é simples: um número suficiente de pessoas faz compras, a ponto de o negócio se tornar vantajoso para os que controlam a emissão dessas mensagens’, disse o vice-presidente da Marshal, Bradley Anstis, ao site inglês Channel Web.

Segundo os cálculos do executivo, 150 bilhões de mensagens de spam circulam todos os dias e constituem 85% de todo o volume de e-mails. Esse lixo internético sobrecarrega os servidores, consome a banda de transmissão, os recursos, o tempo e a paciência de quem os abre.

É, ainda, um negócio relativamente barato. Computadores infectados por vírus são tomados como emissores de spam, controlados remotamente, e fazem parte de redes de emissão chamadas botnets. Um spammer pode cobrar cerca de 10 reais para cada milhão de mensagens enviadas e confia na conveniência e no anonimato propiciados pela internet. ‘Os usuários que querem comprar produtos ilegais ou restritos usam essas mensagens. É um mercado negro e o spam se tornou o método convencional de vender produtos a uma audiência de milhões’, explicou Anstis.

Além dos vírus que transformam um computador em uma pequena estação transmissora de spams, outros roubam informações sigilosas do usuário, como senhas para jogos on-line. Foi esse o tipo de vírus que infectou os computadores da Estação Espacial Internacional em julho, de acordo com a Nasa, e não é a primeira infecção conhecida pela agência.

A ação afetou alguns laptops da estação, utilizados pelos astronautas para checar e-mails ou conduzir experimentos mais simples. O mistério a ser investigado agora pela Nasa é o caminho do vírus até os laptops. A estação espacial não possui uma conexão permanente à internet. Os dados são enviados por uma conexão via satélite, usada somente para transmitir e-mails, dados e alguns vídeos. Todo o tráfego é monitorado. Supõe-se, portanto, que o vírus se espalhou pela rede interna ou por pen drives, e que possa ter chegado a bordo instalado em um laptop da estação, normalmente comprado nos Estados Unidos ou na Rússia.

Uma porta-voz da Nasa, Kelly Humphries, diz não saber se os laptops também se conectam à rede de computadores que mantém os sistemas críticos para a operação da estação espacial. Estranho escancarar a porta dessa forma.’

 

 

CINEMA
Ana Paula Sousa

Vidas invisíveis, 29/8

‘Walter Salles, vencedor do Urso de Ouro em Berlim e candidato ao Oscar com Central do Brasil (1998), representa o cinema latino-americano que hoje se exporta. Os festivais de ponta, como Cannes, Berlim e Veneza, tendem a acolher filmes com uma estética que foge aos padrões da indústria, sem afrontá-la, e temas enlaçados aos problemas sociais. Linha de Passe, premiado este ano em Cannes, é exemplar nesse sentido.

Repetindo a parceria com Daniela Thomas, que havia rendido bons frutos em Terra Estrangeira (1996), Salles retoma o caminho de Central do Brasil, filme de reconhecimento nunca mais experimentado pelo diretor. Linha de Passe, em cartaz no Brasil a partir da sexta-feira 5, parece, de novo, atender à expectativa internacional. Não por acaso, rendeu Palma de Ouro à atriz Sandra Corveloni, vinda dos palcos e, como o elenco, ausente da mídia.

O melhor trabalho do cineasta desde Central impressionou a crítica estrangeira, sobretudo, pela ‘verdade’ e a ‘sensibilidade’. Para o crítico do Le Monde, Thomas Sotinel, o diretor ‘filmou o inferno’. Esse inferno é a cidade de São Paulo, sufocante em seu trânsito delirante, separatista por excelência. Como outras tantas produções locais que viajam pelo mundo, Linha de Passe cerca-se de um entorno opressor.

O filme se quer um retrato realista da vida de quatro jovens da periferia paulistana, filhos da empregada doméstica Cleuza (Sandra Corveloni) e de diferentes pais. Ao contrário de boa parte dos personagens do cinema brasileiro atual, eles tentaram se desviar do caminho da violência. Ainda assim, estão fadados às vidas que ninguém vê.

Há o frentista e pastor evangélico (José Geraldo Rodrigues), o motoboy que engravidou a namorada (João Baldasserini), o jogador de futebol que busca chance num time grande e funciona como código de identificação nacional no exterior (Vinícius de Oliveira, de Central), e o caçula, único negro (Kaíque de Jesus Santos), fascinado pela idéia de dirigir ônibus.

Exceção feita às cenas na casa da família, os garotos não aparecem juntos. Suas histórias correm paralelas. O elenco, grande acerto, e os diálogos sem artificialismo contribuem para que, em boa parte do filme, acreditemos em cada um deles. Mas, encerrada a trama, de modo seco, o final aberto que cai bem aos filmes de arte, eles ressurgem como personagens. E aí, a despeito da emoção que provocam, parecem destinados a exemplificar os tipos de vida que os pobres podem ter.

Em Linha de Passe, na mão oposta do que acontecia em Central do Brasil, filme-símbolo dos anos 1990, quando o País sonhou com as ‘conquistas’ neoliberais, os pobres parecem ter pouco a fazer para mudar o seu destino. Ainda há a dignidade. Não mais a redenção.’

 

 

MÚSICA
Nirlando Beirão

Na câmera com Madonna, 29/8

‘Pop, num mundo pop, Madonna mantém com a televisão um vínculo ambíguo. A princípio, a tevê não é o seu palco, nunca foi. Performer das multidões, Madonna abre suas asas e solta suas feras no espaço frenético dos grandes coliseus, estádios superlotados que não necessitam de nenhuma confirmação, no dia seguinte, no papel ou na telinha, acerca do talento animal da maior das superstars. Palco, CD e DVD essas mais as mídias dela.

Madonna está desde maio na estrada. A turnê se chama Sticky & Sweet e veraneia por estes dias pela Europa, antes de viajar para Estados Unidos e Canadá. Em condescendência já confirmada, México e Brasil serão contemplados. Argentina era dúvida. Depois que Madonna ousou ser Evita Perón, o país de Cristina Kirchner não havia chegado a bons termos com aquela indesculpável heresia.

Nunca, porém, Madonna teve tantos holofotes na tevê. Sem contar a rede de gossips que pululam nos incansáveis canais de celebridade, escaneando, à revelia dela, a vida privada da rainha do erotismo artificioso, os broadcastings, os talk shows redescobrem agora, ao vivo, aquela que, aos 50 anos, corpo enxuto e espírito afiado, continua a ser ‘o futuro do feminismo’ prognosticado pela pós-feminista Camille Paglia.

O documentário I’m Going To Tell You a Secret, seqüela daquela excursão de 2004 significativamente intitulada Re-Invenção, não cansa de passar nos canais por assinatura. A câmera de Jonas Akerlund tem um quê de voyeurismo, percorre os bastidores dos shows e do cotidiano de Madonna, mas sem aquele espreguiçado estilo bed in de Na Cama com Madonna (Truth or Dare), de 1991, assinado pela dupla Alek Keshishian e Mark Aldo Micelli.

O melhor momento deste revival Madonna aconteceu na entrevista a Sir Michael Parkinson, o apresentador inglês que Larry King adoraria copiar. O Parkinson Show vai ao ar no ITV1 (felizmente, o canal Multishow apresentou e continua repetindo). Neste início de agosto, a musa dos modernos com jogo de cintura e massa encefálica propiciou um show de wit e humour dos mais britânicos – temperado com uma pitadinha de sotaque muito justificado para quem há cinco anos tem chá darjeeling, scones e a BBC no café da manhã.

Mesmo sem cantar, Madonna é um espetáculo explosivo – lição contra a ignorância e o preconceito.’

 

 

 

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Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

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