Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A derrota da sociedade

Uma eleição em que a sociedade brasileira já saiu derrotada. Foi eleição que nos mostrou a hipocrisia de algumas pessoas que sentem a necessidade de dizer a todo momento que são “cidadãos de bem”. Uma eleição em que o jornalismo foi tratado como absoluta fake news e as fake news foram tratadas como verdades absolutas e tudo com apoio de um certo grupo político e de “influencers”, especialistas em nada que fizeram sucesso apenas com base em discursos emocionais. E falando em jornalismo, a sociedade que pede mais honestidade elegeu como deputada uma jornalista que espalha boatos e plágios e olha que poderá ser líder do grupo do presidente que “promete acabar com tudo isso que tá aí”.

A eleição em que vários candidatos prestaram um enorme desserviço ao classificarem qualquer oposição como comunismo ou socialismo, o que significou uma grande desinformação para boa parte da sociedade brasileira. É preciso que os conceitos básicos de ideologias e vertentes das correntes políticas sejam ensinadas nas escolas para reparar os erros deste período histórico cheio de superficialidade.

A eleição em que a troca de ideias e apresentação de projetos foi substituída por memes que levaram a uma infantilização do debate. A eleição em que vimos imagens bizarras como a de um candidato comemorando placa rasgada com o nome de vereadora assassinada  e, pior, um monte de gente aplaudindo a cena. A eleição de questionamentos em relação a urna que está há anos “elegendo” políticos liberais, progressistas, conservadores, direitistas e esquerdistas, dos mais variados partidos.

O mesmo equipamento que  já computou votos que colocaram desde um sociólogo até  um líder sindical na presidência. A eleição em que vimos a democracia ser ameaçada pela intolerância e por fantasmas do passado de um país que acredita em salvadores da pátria e ignora a própria história.

A eleição em que fatos históricos foram questionados por pessoas que criam suas próprias verdades em uma bolha onde pretendem viver a própria realidade. A eleição em que percebemos a diferença das pessoas que apenas querem ter discordâncias de forma civilizada entre as ideias e projetos ou que estão desesperadas e perdidas, daquelas pessoas que realmente são intolerantes e justificam a todo custo frases que pregam ditaduras, perseguição a adversários e que chamam qualquer tipo de oposição de comunista.

Foi a eleição da bizarrice em que muitos prints de internet deverão ser colocados nos livros de história no futuro para todo mundo ver o quanto este período foi ridículo, se é que não ficará ainda mais.

A eleição em que a torcida de muita gente é pra ter eleição em 2022 e pra quem acha que tudo piorou no período democrático é só acompanhar o Brasil em Dados e ver a evolução do país no período de redemocratização.

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Lucas Dorta é jornalista formado pelas Faculdades Integradas de Jaú (FIJ) na turma 2017, 24 anos de idade, morador de Mineiros do Tietê/SP.