Os jornais receberam com estranheza a reação do mercado à decisão do governo de substituir o presidente do Banco do Brasil. As colunas especializadas informam que o dirigente anterior já estava na corda bamba havia meses, por sua insistência em direcionar a estratégia do banco para um lado que não agradava o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e, por conseguinte, o próprio presidente da República.
Desde que a crise financeira se espalhou pelo mundo, trazendo suas ondas para o Brasil, todo esforço das autoridades econômicas tem sido o de garantir o fluxo de crédito que vinha estimulando os negócios. Portanto, o Banco do Brasil supostamente andava na direção oposta, ao priorizar seus lucros e manter os juros no mesmo padrão de seus concorrentes do setor privado.
Se os colunistas já sabiam que, mais dia, menos dia, haveria mudança na direção do Banco do Brasil, é porque ouviam rumores no mercado. E esses rumores vinham provavelmente dos próprios analistas.
Função social
Assim, o movimento de queda no valor das ações do banco, registrado na quarta-feira (8/4) com destaque ao longo do dia, nos sites dos jornais, quase não se justifica. Ou, pelo contrário, justifica-se mas não induz a preocupações maiores quanto à capacidade do banco de repor rapidamente o valor original das ações. Afinal, tratando-se de um banco sob controle do Estado e integrante essencial da estratégia financeira do governo, nada mais natural que o controlador assuma as rédeas eventualmente para recolocar a instituição no rumo mais adequado.
No caso do Banco do Brasil, seu papel é assegurar o fluxo de crédito, principalmente para os setores da economia que não podem ficar submetidos à ganância da banca privada. Muito simples assim.
A imprensa não pode tratar o Banco do Brasil como trata os bancos privados. O desempenho brasileiro na crise demonstra que possuir um banco estatal forte com função social relevante passa a ser uma grande vantagem, mesmo que isso contrarie certos dogmas que se estabeleceram há alguns nas cabeças do jornalismo econômico.