Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

ABC exibe primeira entrevista com Sarah Palin

Foi exibida na noite de quinta-feira (11/9), na ABC News, a primeira grande entrevista de Sarah Palin desde sua indicação à chapa do republicano John McCain na disputa presidencial americana. Sarah, governadora do Alasca e até então pouco conhecida do grande público, tornou-se febre nos EUA nas duas últimas semanas. Logo após o anúncio de que seria candidata à vice-presidência, boatos e escândalos se espalharam pela mídia e pela não menos importante blogosfera: entre os mais polêmicos, o bebê que não seria seu filho, mas seu neto, e a filha adolescente grávida.


Especulações e julgamentos sobre a vida pessoal de Sarah à parte, a principal pergunta entre democratas e até entre alguns republicanos era se ela tem experiência o bastante para assumir o segundo posto mais importante do governo dos EUA, e, eventualmente, a presidência. A governadora foi rápida em responder. ‘Estou pronta’, afirmou ao âncora Charles Gibson, durante a entrevista, lembrando que não teve dúvidas em aceitar o convite de McCain. ‘Eu respondi sim a ele porque tenho confiança de que estou pronta e sei que não posso nem piscar o olho. Você tem que estar ligado, no sentido de se comprometer com a missão de reformar este país e vencer a guerra’, completou.


Nervosismo


A confiança assegurada por Sarah, entretanto, falhou durante a entrevista, por vezes tensa. Foi a primeira experiência da política em uma grande organização de mídia, e isso mostrou-se em seu nervosismo e nos indícios de respostas ensaiadas. Perguntada se concordava com a Doutrina Bush, ela pareceu perdida, como se não soubesse do que se tratava, ao que Gibson, soando impaciente, informou que falava sobre o ‘direito à defesa preventiva’. O governo Bush adotou, após os ataques de 11 de setembro, o princípio de que os EUA podem atacar países ou organizações terroristas antes que eles representem de fato uma ameaça. A entrevista ocorreu no sétimo aniversário dos atentados.


Por sua vez, Sarah usou o espaço na TV para reforçar a política internacional de McCain, afirmando que não pensaria duas vezes em autorizar ações militares para proteger Israel e impedir a Rússia de agredir seus vizinhos. Manifestando apoio, de maneira geral, às políticas de Bush no combate ao terrorismo, ela tomou cuidado ao tentar manter certa distância entre o governo atual e a equipe de McCain. ‘Houve erros pelo caminho’, afirmou.


Estratégia


A campanha republicana também tomou bastante cuidado ao escolher a primeira entrevista de Sarah. Questionados por que ela ainda não havia falado com a imprensa, estrategistas de McCain chegaram a dizer que não a jogariam aos tubarões. De fato, a governadora ganhou destaque excessivo nas últimas semanas. O anúncio da gravidez de Bristol, sua filha de 17 anos, foi usado para rebater os rumores de que seu filho mais novo, de quatro meses, seria na verdade seu neto. A vida de Sarah foi – e continua a ser – investigada a fundo pela mídia. A escolha de Charles Gibson para a primeira grande entrevista foi calculada: ele é considerado brando com os entrevistados, mas sério entre o público.


A conversa, entretanto, passou longe de branda. Gibson pressionou Sarah por respostas diretas sobre política internacional e segurança nacional, temas sensíveis para a próxima administração, e mostrou-se impaciente com o que chamou de ‘enxurrada de palavras’ da entrevistada. Quando tentava saber se, na opinião dela, os EUA têm o direito de atacar terroristas em áreas remotas no Paquistão sem a aprovação do governo paquistanês, o jornalista pareceu se irritar. No início do ano, McCain criticou seu rival democrata, Barack Obama, por ter dito que levaria tais ataques em consideração. Sarah esquivou-se. ‘Nós vamos trabalhar com estes países’. Depois de mais uma resposta vaga, Gibson finalmente perguntou: ‘Isso é um sim?’. A candidata continuou na mesma linha. ‘Eu acredito que a América tem que exercitar todas as opções para deter terroristas dispostos a destruir a América e nossos aliados’.


Na seção ‘Media Notes’ do sítio do Washington Post, o colunista Howard Kurtz elogiou a performance de Gibson. Segundo ele, o que o jornalista da ABC conduziu ‘foi uma entrevista séria e profissional que foi direto nas questões que precisamos saber sobre a governadora: ela poderia ser presidente? Ela entende as nuances da política internacional? Ela tem uma visão de mundo?’. Tentando obter respostas, escreveu Kurtz, Gibson foi ‘completamente profissional. Respeitoso, mas persistente’. Informações de Jim Rutenberg [The New York Times, 12/9/08] e Howard Kurtz [The Washington Post, 12/9/08].