Os cursos de comunicação nas universidades e faculdades brasileiras foram desmembrados, na eterna busca da qualidade didática. O retraído mercado de trabalho na comunicação é repleto de incongruências para os sonhadores estagiários que são os profissionais de amanhã.
É inaceitável que um estudante de Rádio e Televisão tenha oportunidade de fazer estágio ganhando uma miséria nas emissoras de rádio. Estagiários de Publicidade e Propaganda são sempre convidados para trabalhar em telemarketing. Os estagiários de Relações Públicas são procurados para vender móveis e eletrodomésticos. Um estagiário de Cinema é quase um office-boy de luxo, especializado na arte de servir cafezinho a atores estressados. O estagiário de Jornalismo trabalha mais nas máquinas copiadoras do que nos bastidores da notícia.
Há empresas que têm coragem de contratar estagiários pagando salário mínimo. Todo o estudo e os conhecimentos de um estudante de comunicação não servirão para nada nesse mercado repleto de ilusões e falsas promessas, no qual algumas empresas fazem lavagem cerebral usando uma linda frase:
– Você têm chance de ser contratado!
Seleção melhor
O curso de comunicação é muito caro no ensino privado, porque os custos são elevados. O ensino público de comunicação é ignorado dada a incompetência administrativa dos governantes. Os sindicatos estão preocupados somente com os efetivados, ou seja, os profissionais contratados que podem contribuir todo mês.
Para conseguir um estágio, os estudantes de comunicação são reféns das empresas, que por sua vez são incapazes de garantir melhores salários e um mínimo de dignidade.
Uma saída para melhorar essa situação é a maior participação das faculdades e universidades na seleção das empresas, para que exijam empresas sérias e sólidas e propostas coerentes no requisito plano de estágio, garantindo que os estudantes de comunicação não caiam na arapucas das empresas com filosofia feudal.
******
Produtor de TV, roteirista de quadrinhos, co-autor da tira ‘Cabeças Caninas’