Uma nota de 15 linhas publicada na seção ‘Radar’ da revista Veja (nº 2109, de 22/4/2009, págs.50-51) resultou em duas bordoadas no empresário Nelson Tanure, o feliz proprietário dos dois maiores acervos de dívidas da imprensa brasileira: o Jornal do Brasil e a Gazeta Mercantil.
A primeira traulitada deverá fazer estragos nos bolsos do empresário porque revela detalhes da complicada operação financeira que vai render ‘uma bolada e tanto’.
A partir deste momento Tanure perde os pretextos para obrigar os funcionários que permanecerem em suas empresas a aceitar cortes de 50% a 70% nos salários como acontece há anos, regularmente. Nem poderá adiar por mais tempo o pagamento das indenizações, FGTS e demais direitos surrupiados dos funcionários que demitiu ao longo da última década.
Roupa suja
Com os 6,1% da TIM Brasil, avaliados em 750 milhões de reais, mesmo que assuma as dividas da operadora com dois bancos europeus sobrará muito dinheiro em caixa. Veja admite que Tanure adora dever, isto é, detesta pagar, mas em algum momento – tal como aconteceu com Bernie Madoff – terá que encarar os seus compromissos.
O mais importante da nota de Veja é o seu valor simbólico: o empresariado de mídia rompeu o acordo de cavalheiros que impedia revelações como esta. Até agora, as únicas contendas admitidas publicamente ocorriam no campo das crenças religiosas: mídia evangélica versus mídia católica.
Tudo indica que a indústria jornalística está interessada em lavar a roupa suja em público. Enfim, a transparência.