Wednesday, 27 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Carlos Eduardo Lins da Silva

‘‘A manchete seria boa em 1921 [ano de fundação da Folha] quando não havia TV e internet. Hoje, parece mais um jornal de ontem. Todo mundo já sabia.’ Foi o que o leitor José Antonio Pessoa de Mello Oliveira escreveu ao ombudsman na terça sobre a capa do dia, quase toda dedicada ao acidente com o Airbus da Air France.

Mello Oliveira concluiu: ‘O autor da manchete precisa ter em mente que não é possível recriar o impacto de uma notícia já divulgada. A manchete deve explorar um desdobramento da informação inicial. É um ônus que o jornal de papel tem que aceitar’.

No mesmo dia, a leitora Patrícia Sperandio perguntava ‘como é possível um jornal amanhecer nas bancas com uma manchete tão envelhecida?’ e especulava: ‘A manchete principal da Folha de hoje explica por que o jornal impresso está, cada vez mais, perdendo espaço para outras mídias’.

Diogo Ruic aconselhou: ‘Sugiro que manchetes, principalmente da capa, tragam algo novo para quem busca informação. O jornal não precisa tratar tudo como velho, mas há de se ponderar o que realmente é novidade. Ou alguém duvida que 99% dos assinantes do jornal já sabiam da queda do avião?’

Vários outros leitores manifestaram frustração com a decisão editorial de tornar o jornal caudatário das informações divulgadas pela TV, pelo rádio e pela internet no dia anterior, na terça e na quarta-feira. Estou com eles.

O que deveria ter sido feito? Admito que é difícil. Mas é preciso ter a coragem de errar para mudar e para dar a entender ao público que se está disposto a mudar. Qualquer coisa que sinalizasse ao leitor que este jornal respeita sua inteligência e não vai repetir o que ele já sabe seria melhor.

Outro aspecto da cobertura da tragédia que mobilizou leitores foi o noticiário em torno das vítimas, especialmente a utilização de fotos de algumas delas que foram retiradas de suas páginas em redes de relacionamento da internet.

Pessoalmente, sempre me incomodou muito o assédio de jornalistas a parentes de vítimas de acidentes. Mas é inegável ser dever do jornalismo registrar a história de vítimas de acidentes que se tornam públicos e que se isso for feito de maneira respeitosa pode servir de homenagem a elas e de preservação de sua memória. E quando alguém coloca suas fotografias no Orkut e em similares, sabe que elas estão ao acesso de qualquer pessoa.

PARA LER

‘Caixa-Preta – O Relato de Três Desastres Aéreos Brasileiros’, de Ivan Sant´Anna, Objetiva, 2000 (a partir de R$ 36,82)

PARA VER

‘Aeroporto 77’, de Jerry Jameson, com Jack Lemmon (a partir de R$ 10, em sites que negociam filmes usados)

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‘Sobre Cuba, OEA e cumprimento da Carta de 2001’, copyright Folha de S. Paulo, 7/6/09.

‘A Folha foi bem na cobertura da importante assembleia geral da Organização dos Estados Americanos que cancelou a suspensão que havia sido imposta a Cuba 47 anos atrás.

Com uma enviada especial a Honduras, não se precipitou quando a reunião parecia ter chegado a um impasse na madrugada de quarta-feira e por isso seus leitores foram corretamente informados de que o assunto ainda estava em pauta até, na quinta, receberem um relato completo e preciso sobre o consenso final a que se chegou.

No entanto, em minha avaliação, o jornal não deu o devido destaque às implicações para o caso da Carta Democrática, adotada em 2001, que impõe cláusulas específicas em relação ao regime político de seus integrantes, que devem ser respeitadas por todos.

Será em torno da observação ou não por parte de Cuba desses preceitos que se negociará sua efetiva reintegração à entidade. A Folha poderia ter antecipado esse debate nesta semana. Mas ainda pode fazê-lo nas próximas, dando espaço a estudiosos, especialistas, autoridades com opiniões conflitantes sobre o tema para o leitor formar seu juízo de valor.’

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‘Onde a Folha foi bem…’, copyright Folha de S. Paulo, 7/6/09.

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