Uma matéria publicada em um jornal sueco provocou tanta repercussão que acabou se transformando em um mal-estardiplomático. Isto porque o ministro do Exterior da Suécia, Carl Bildt, rejeitou pedidos de Israel para a condenação oficial de artigo publicado no diário Aftonbladet que sugeria que tropas israelenses tiraram órgãos de palestinos mortos para usar em transplantes. Bildt alegou que a liberdade de expressão, presente na Constituição sueca, é a base da democracia. ‘Liberdade de expressão e de imprensa são muito fortes em nossa constituição por tradição. E esta forte proteção serviu nossa democracia e país. Se nos engajássemos em editar todas as estranhas contribuições de debate na mídia, provavelmente não teríamos tempo de fazer mais nada’, afirmou.
O ministro disse entender por que o artigo provocou fortes emoções em Israel, mas reforçou que os valores básicos em uma sociedade são mais bem protegidos por uma discussão livre. O artigo, publicado na semana passada, não apresentava evidências da relação entre as acusações de roubo de órgãos de palestinos e a recente prisão nos EUA de um judeu americano suspeito de tráfico de órgãos. O repórter, Donald Bostrom, baseou-se em relatos de palestinos na Cisjordânia e Faixa de Gaza e na sua própria experiência de ter visto o corpo de um homem palestino ser entregue à família com marcas de cirurgia na altura do dorso.
Protestos
A matéria citou um porta-voz do Exército de Israel, que negou as acusações e disse que palestinos mortos por forças israelenses são rotineiramente sujeitos a autopsia. Com o título ‘Nossos filhos têm seus órgãos roubados’, a matéria foi tema de debate em Israel, onde autoridades descreveram-na como racista e acusaram o jornal de usar ‘temas imorais e anti-semitas’.
O ministro do Exterior de Israel, Avigdor Lieberman, disse que planeja fazer um ‘sério protesto’ por conta da decisão do governo sueco de não criticar oficialmente o artigo. ‘Um país que verdadeiramente quer defender valores democráticos deve condenar artigos fraudulentos anti-semitas, como o publicado no Aftonbladet‘, afirmou em declaração. Ele ainda comparou a decisão do governo sueco com a neutralidade do país durante a Segunda Guerra Mundial. O ministro de Defesa de Israel, Ehud Barak, foi além e disse que irá processar o repórter por calúnia. Na semana passada, o embaixador de Israel na Suécia, Benny Dogan, encontrou-se com representantes do Ministério do Exterior sueco, reforçando o pedido de Israel para uma reação oficial da Suécia sobre o artigo. Informações de Malin Rising [Associated Press, 21/8/09].