Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas. ************ O Estado de S. Paulo Segunda-feira, 31 de agosto de 2009 CAMPANHA O Estado de S. Paulo Senadora abala cenário, diz ‘NYT’ ‘A entrada de Marina Silva na corrida sucessória de 2010 como possível candidata à Presidência pelo PV foi destaque no jornal americano The New York Times deste fim de semana. Em uma reportagem intitulada ‘Uma criança da Amazônia que mexeu com a política de um país’, o diário traça o perfil da parlamentar do Acre e diz que a sua pré-candidatura ‘abala’ o atual cenário eleitoral brasileiro. Publicado no sábado, o texto conta a história ‘de uma mulher humilde que superou a pobreza extrema e a doença para se tornar uma das maiores forças da política brasileira’. Sustenta que a sua mudança de partido e a eventual candidatura representam ‘uma inspiração para o povo brasileiro’ em sua busca por um presidente para substituir Luiz Inácio Lula da Silva. O jornal chega a fazer uma comparação entre as origens humildes de ambos e lembra que sua vitória nas urnas representaria uma nova conquista histórica para o País. O texto aborda a sua infância sofrida, a perda da mãe, a hepatite, as doenças da floresta, a chegada à faculdade em Rio Branco e as lutas ao lado de Chico Mendes e suas conquistas como ministra do Meio Ambiente e senadora. ‘Um ícone do movimento ambientalista’, destaca. O New York Times aponta a candidatura de Marina como de oposição ao nome escolhido por Lula para a sucessão, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.’ PUBLICIDADE Marili Ribeiro ‘O futuro da propaganda envolve um mix de mídias’ ‘Babs Rangaiah, inglês de origem indiana, ocupa hoje um posto chave da publicidade global. É o vice-presidente global de planejamento de comunicação da gigante Unilever – que disputa com a Procter & Gamble o posto de maior anunciante do mundo. Ele ascendeu ao posto que ocupa, entre outras razões, por conta da bem-sucedida e premiada campanha online criada para a linha Dove, que mostrava a transformação de uma mulher comum em uma deusa graças aos recursos da tecnologia. O executivo vive em Londres, com a mulher e os três filhos, e, antes de trabalhar para a Unilever, passou por agência dedicada à mídia online. Apesar do reconhecimento do meio com o qual trabalhou e de lidar com as significativas mudanças nas formas de comunicação, com o uso das plataformas digitais, Rangaiah defende que cada campanha deve avaliar os canais que melhor se adaptam aos propósitos da mensagem publicitária. ‘Não há predominância de um meio sobre o outro, mas uma oferta de canais que se misturam’, diz. O executivo chega ao Brasil esta semana para fazer uma palestra no evento Proxxima, organizado Grupo M&M para discutir os avanços da mídia digital. Em férias numa viagem de bicicleta pela França, Rangaiah deu a seguinte entrevista, por e-mail: O mundo vive intenso processo de transformação da forma de se comunicar. O que isso muda na vida de um dos maiores anunciantes globais, como a Unilever ? Confiamos na publicidade tradicional por muitos anos e tivemos sucesso com essa estratégia. Mas, claramente, ocorreram mudanças drásticas que tomaram espaço diante do consumidor e da mídia, em todo o mundo, e nós usamos e continuaremos adotando canais que estejam alinhados com as mudanças de comportamento dos consumidores. Além disso, nossa estratégia é de envolvimento cada vez maior com os usuários. Para cada campanha nós tentamos ‘penetrar na cultura’. Isso significa que queremos de criar uma comunicação que realmente interesse. E com todas as mudanças na mídia e na indústria do entretenimento, nós teremos mais oportunidades em áreas como música, games, vídeo online, mídia social, celulares entre outras. Você considera que a campanha da linha Dove foi um marco da nova forma de os anunciantes se comunicaram com os seus consumidores? Muitas pessoas fizeram parte do time que criou a comunicação de Dove. Acredito que o vídeo ‘Dove Evolution’ (visto na internet por milhões de pessoas e que resultou em várias paródias), ganhou Cannes (onde se realiza o maior festival de publicidade do mundo) porque foi um grande marco, não apenas para nós, mas para toda a indústria. Esse vídeo mostrou o impacto e o potencial do ‘vídeo online’ em atingir os consumidores e o poder da mídia online que ainda despontava. Os anunciantes já conseguem medir os resultados de campanhas feitas nos canais online? Quais recursos são mais usados pela Unilever para medir os resultados de seus investimentos em propaganda? Campanhas digitais talvez sejam as mais mensuráveis. Somos capazes de medir engajamento, alcance, transmissão, e até mesmo o impacto como nunca fizemos antes. As agências que trabalham com a Unilever têm painéis de controle proprietários, que usamos para mostrar essas medidas, o que nos permite facilmente otimizar qualquer campanha. Para aferir resultados de ações feitas em mídias sociais (como o Twitter ou sites de relacionamento) e medir a repercussão provocada existem excelentes programas como o Radian 6 e Cymphony. Como a Unilever escolhe as plataformas em que irá comunicar o lançamento de novos produtos? Usamos um bom mix para dar objetividade à campanha. Mas, claro, cada vez mais acredito que canais digitais nos dão a ótima chance de interagir e se envolver com nossos consumidores. O futuro da propaganda envolve um mix de campanhas online e offline. Acredito que veremos uma diversidade muito maior. Nada tão pesado quanto a dependência que tivemos, por anos a fio, com a publicidade tradicional. Mas, o mais importante talvez não seja nada disso, mas a eficiência e efetividade da campanha como um todo. O que conhece da publicidade brasileira? Não muito. Mas o marketing no Brasil parece muito criativo. E mais importante do que isso é que o Brasil é um dos mercados mais importantes do mundo atualmente. Qual será a linha de sua palestra na Proxxima? A palestra se chama ‘O clima mudou’, porque é exatamente o que está acontecendo. O clima está mudando em volta de nós? negócios globais, mudanças econômicas, até a forma como enxergamos energia e meio ambiente. Todas as indústrias foram forçadas a repensar seus modelos de negócio tradicionais. Isso vem sendo amplamente falado, mas nunca antes em nossa história nós havíamos visto esse tipo de mudança de clima em praticamente tudo.’ TELEVISÃO Keila Jimenez Globo faz mininovelas ‘A Globo pretende picotar suas novelas e minisséries a fim de obter subprodutos para vender ao mercado internacional. Segundo o diretor da Divisão Internacional da Globo, Ricardo Scalamandré, núcleos e personagens específicos de algumas novelas já estão tendo suas cenas separadas para ganharem uma nova edição em forma de mininovelas e microsséries, que serão oferecidas lá fora. ‘Pegamos por exemplo o casal de A Lua Me Disse, separamos todas as cenas deles, e criamos uma microssérie’, conta ele. ‘Existe uma demanda do mercado internacional, principalmente o europeu, por formatos mais curtos. Som & Fúria, por exemplo, deve ser vendida em edições diferentes, com menos personagens, editada e menor.’ Segundo Scalamandré, essa demanda já está atingindo as produções atuais. ‘Nossa ideia é saber antecipadamente quais personagens e núcleos podem render histórias à parte, e já separar as cenas, gravar até coisinhas a mais para deixar redondo’, explica o diretor. ‘Já temos que editar muito as novelas que vendemos. Mas há um mercado grande para produções de 1 ou 2 capítulos , e queremos abastecê-lo.’’ ************ Folha de S. Paulo Segunda-feira, 31 de agosto de 2009 TODA MÍDIA Nelson de Sá Nova era asiática ‘Na manchete global, nos sites do ‘Asahi Shimbun’ ao ‘Financial Times’, do ‘China Daily’ ao ‘New York Times’, a vitória por ‘avalanche’ da oposição no Japão, abrindo uma ‘nova era’. O Partido Democrático, de ‘centro-esquerda’ segundo ‘FT’ e ‘CD’, ‘coalizão de socialistas e dissidentes’ segundo o ‘NYT’, promete independência dos EUA e proximidade dos vizinhos asiáticos. ‘Inclusive China’, notou o jornal chinês. Entre outras mudanças, avisa o ‘NYT’, pode levar à realocação da base dos EUA em Okinawa e ao fim do abastecimento japonês dos navios americanos no Oriente Médio. Para Daniel Sneider, da Universidade Stanford, ‘é o que acontece quando se tem um governo que precisa responder à opinião pública’. O ‘Asahi Shimbun’ diz que o futuro primeiro-ministro já deve comparecer ao G20 no fim de setembro. ASCENSÃO E QUEDA DO DÓLAR Paul Kennedy, professor de Yale e autor de ‘Ascensão e Queda das Grandes Potências’, escreveu no ‘NYT’ sobre ‘O destino do dólar’ e o ‘debate tão interessante’ que foi detonado pelo G20 e pelo encontro dos Brics, ‘uma coalizão de Estados em ascensão’.. Cita argumentos favoráveis e contrários às alternativas cambiais, para fechar citando o italiano Antonio Mosconi, que avalia a crise como ‘o último espasmo do papel internacional do dólar’. Com ironia, Kennedy anuncia a diversificação de seu portfólio de investimentos, por segurança. BRIC ACELERADO A estatal alemã Deutsche Welle deu longa reportagem, destacada no UOL, dizendo que a ‘Crise acelera a predominância dos Brics’. Em suma, ‘Brasil, Rússia, Índia e China, os emergentes reunidos sob a sigla Bric, podem se tornar a locomotiva de novos impulsos para a economia mundial’ e, segundo economistas de corporações alemãs, ‘a crise parece acelerar ainda mais o processo’. CRISE EXAGERADA Armínio Fraga, hoje na Bovespa, diz à Dow Jones que ‘o Brasil pode ficar orgulhoso do modo como conduziu a saída do aperto no crédito’. Por outro lado, reportagem especial, no alto do UOL, destacou que a ‘Indústria ganha fôlego e pode ter exagerado nas demissões’, cortando 580 mil de novembro a março. Pior, ‘Após demissões, Embraer e Vale têm lucro, mas ainda não contratam’. CABO-DE-GUERRA Ontem à tarde na manchete do G1, ‘Medida provisória está descartada para pré-sal’. E da estatal Agência Brasil, ‘Marco regulatório do pré-sal terá pedido de urgência’. Eram informações protocolares do ministro de Energia, com detalhes sobre o anúncio de hoje. Já noite adentro, na manchete da Folha Online, ‘Lula discute os royalties do pré-sal com os governadores do Sudeste’. E no mesmo G1, ‘Lula e governadores iniciam reunião sobre royalties do pré-sal’. Até o fechamento, nada de novo, por sites, blogs, Twitter. Antes do jantar, José Serra, segundo Kennedy Alencar na Folha Online, afirmava poder mudar a lei novamente -e por medida provisória- se eleito presidente. Na agência Associated Press, no topo das buscas de notícias do Brasil, ‘O presidente brasileiro deve propor uma nova legislação para dar à estatal de petróleo maior controle sobre as novas descobertas, mas as medidas já têm a oposição de três governadores-chave’. ‘CRAZY’ Da Unasul, no ‘Washington Post’, ‘Líderes sul-americanos atacam acesso a bases colombianas’, com foto de protesto. No ‘NYT’, ‘Líderes criticam Colômbia sobre pacto militar’. No espanhol ‘El País’, único com enviado à Argentina, ‘Brasil freia o choque entre Caracas e Bogotá’ e ‘teve que ser o presidente Lula, inspirador da Unasul, a dar um soco na mesa’. A ‘Foreign Policy’ se perguntou depois, em blog, ‘Por que as cúpulas latinas são tão malucas?’ ‘CHILD’ Em perfil no sábado, o ‘NYT’ saudou como a ‘Filha da Amazônia balança a política de um país’. Ouviu ONGs americanas e destacou que ‘sua história pode servir de inspiração aos brasileiros em busca de um presidente para o lugar de Lula’ O PRÓXIMO O ‘WSJ’ destacou que Steve Jobs desenvolve ‘tablet’ para reunir celular e laptop -com vistas também a livros e jornais. Imagens já se espalham por blogs tipo Gizmodo, citando protótipos na China’ EQUADOR Efe TV ameaçada de fechamento por Correa nega ter violado lei ‘A TV equatoriana Teleamazonas negou ontem haver violado a Lei de Radiodifusão do país, um dia após ser ameaçada de fechamento pelo presidente Rafael Correa. Em seu programa semanal de rádio, Correa disse que pedirá o fechamento da emissora, que adota um tom crítico a seu governo, por ter divulgado o áudio, gravado clandestinamente, de uma reunião ministerial. ‘Não violamos nenhuma lei, pois a gravação não afeta a integridade de nenhuma das pessoas envolvidas’, disse o diretor de notícias da Teleamazonas, que lembrou que Correa não tem poder legal para mandar fechar a TV. Na posse de seu segundo mandato, no último dia 10, Correa disse que a mídia é sua principal adversária e pregou maior controle sobre a liberdade de imprensa.’ TELEVISÃO Folha de S. Paulo Mundial de kendo no ABC é cenário de reality show e dá espadas aos campeões ‘Atletas de 39 países participaram no fim de semana, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, do Mundial do mais tradicional esporte japonês: o kendo, a versão da luta marcial de espadas praticada por samurais por mais de 700 anos no Japão feudal. Alguns dos participantes são muito famosos no Japão, como Shogi Teramoto, 34, capitão da seleção de seu país e campeão mundial. Ele era seguido 24 horas por dia por uma equipe de filmagem da TV Mainichi, que grava um reality show que mostra a vida das celebridades nipônicas. ‘O kendo é o mais antigo e tradicional esporte do Japão. Esse campeonato tem a importância que uma Copa do Mundo tem para o futebol’, declarou o competidor. Segundo a Confederação Brasileira de Kendo, 389 atletas disputaram o evento, que está em sua 14ª edição e ocorre a cada três anos. De acordo com Yoshimitsu Takeyasu, presidente da Federação Internacional de Kendo, o esporte é tão popular no Japão que em 2010 estará presente novamente no currículo formal das escolas. Isso porque, além de ser um esporte, o kendo é usado para transmitir aos jovens as raízes da cultura japonesa e o senso de autossuperação. Hoje, cerca de 2 milhões de pessoas praticam a modalidade, sendo 1,2 milhão só no Japão. Mas, apesar de popular, o kendo não pode ser comparado ao futebol ou ao beisebol, segundo o árbitro chefe do Mundial, Masami Matsunaga. ‘O kendo não movimenta dinheiro como os outros esportes. Os vencedores desse campeonato, por exemplo, só ganham uma espada de madeira e um diploma. O objetivo não é ganhar, é a educação’, afirmou Matsunaga. O kendo (pronuncia-se kendô) surgiu dos samurais, que governaram o Japão até 1876. Desde então, a luta foi transformada em esporte e passou a ser ensinada nas escolas. Para isso, apesar de os kimonos tradicionais terem sido mantidos, as ‘katanas’ (espadas de metal) foram substituídas pelas ‘shinais’ (espadas de bambu). As armaduras de guerra ganharam uma versão mais simples, que protege só a cabeça, o pescoço, o tórax e os antebraços. O objetivo da luta é atingir essas partes do corpo do adversário com a espada em duelos de cinco minutos. Todas as medalhas de ouro do fim de semana foram da seleção do Japão. O Brasil conseguiu medalhas de bronze com suas seleções masculina e feminina, além de somar dois terceiros lugares na categoria individual feminina.’ Daniel Castro Prefeitura libera Band e Globo ao vivo em ônibus
‘A Prefeitura de São Paulo definiu na última sexta uma nova regulamentação para o serviço de TV em ônibus. As empresas de mídia, que exploram o serviço, poderão exibir programas ao vivo e pré-gravados, desde que não sejam religiosos, políticos, eróticos ou considerados ofensivos. Trinta por cento do conteúdo terá de ser de campanhas institucionais.
A nova portaria atende a pedidos da Globo e da Band. A Band já veicula conteúdo ‘frio’ (como receitas) em 500 ônibus da cidade. A Globo lançou um programa diário há duas semanas, mas teve de recuar porque a regulamentação vigente exigia que o conteúdo fosse apresentado à SPTrans (empresa municipal que gerencia o sistema de ônibus) com uma semana de antecedência.
A partir da agora, as empresas de mídia fornecerão links na internet em que técnicos da SPTrans poderão fiscalizar o conteúdo exibido nos coletivos. Os televisores não têm som, mas passarão a gerar sinais de áudio que os passageiros poderão captar em rádios de FM e celulares com Bluetooth..
A Globo voltará a ter programa diário, gerado para 300 ônibus. Ele terá resumos dos capítulos do dia anterior das novelas, em um formato que lembra fotonovelas. A emissora também testará TV digital em tempo real em 30 ônibus.
A Band investirá em noticiário. Mas não será um telejornal. Usará fotografias e títulos em letras grandes e evitará notícias de tragédias e violência de outros países. ‘O passageiro é muito sensível’, justifica Fabio Ribeiro, diretor de conteúdo de novas mídias da emissora.
PROGRAMA NOVO
O programa que Roberto Cabrini apresentará no SBT se chamará ‘SBT Realidade’ ou ‘SBT Verdade’. O ‘SBT Repórter’ continuará existindo e investirá em material considerado mais leve. O programa de Cabrini, que deve estrear em outubro, será dedicado a reportagens investigativas.
IDEIA FIXA
Diretor artístico da Record e responsável por ‘Hoje em Dia’ e ‘Geraldo Brasil’, Vildomar Batista costura a contratação de Gilberto Barros, ex-Band.
REDE
Entra no ar em 1º de outubro a 122ª emissora da Rede Globo.. De Juazeiro do Norte, a TV Verdes Mares Cariri cobrirá 66 municípios do Ceará.
SEM CRISE 1
O balanço do segundo trimestre da Globo Comunicações e Participações aponta queda de 3% nas receitas publicitárias em relação ao mesmo período de 2008.
SEM CRISE 2
Segundo Willy Haas, diretor-geral de comercialização da Globo, o resultado foi provocado pelos veículos impressos do grupo, e não pela rede de TV. ‘A TV Globo cresceu 4% no segundo trimestre, enquanto o mercado de mídia [que inclui jornais, revistas, internet e rádio] caiu 2,3%’, diz.
SEM CRISE 3
Haas afirma que o mercado está reagindo neste semestre. ‘Em julho e agosto tivemos uma recuperação fantástica.’’
Gustavo Villas Boas
Série ‘Life on Mars’ brinca com os anos 70
‘No vocabulário das investigações conduzidas por Sam Tyler estão expressões como ‘preservar a cena do crime’, ‘fibras embaixo da unha’ e ‘resultados da autópsia’ -nada estranho no universo das séries que misturam polícia e ciência forense. Já seu colega Gene Hunt baseia-se na intuição, com ajuda nada desprezível da coação, para desvendar crimes em Manchester, 1973. É um tira à moda antiga, na cabeça de Tyler, um homem de 2006.
Tyler é o protagonista de ‘Life on Mars’. Na série britânica, o policial é atropelado em Manchester durante uma investigação em 2006 e supostamente acorda no mesmo ponto, só que em 1973 e de calça boca-de-sino. Barulhos e visões, além de vozes -da mãe, de um suposto médico-, que saem de aparelhos eletrônicos, o chamam à vida e o confundem. Ele não sabe se está em coma, se enlouqueceu ou se voltou no tempo.
Tyler continua investigador, mas seus colegas não o entendem. Eles são homens caricatos, para quem misoginia e ameaças a suspeitos e testemunhas de crimes são até motivo de orgulho. Do choque entre as atitudes de Sam Tyler e o suposto mundo policial de 1973 aparece o humor da série.
A cada episódio, um crime é solucionado -o problema de Tyler não é o foco principal dos capítulos. Os cenários, os personagens, tudo parece querer reafirmar os anos 70. As histórias são compostas por bons ingredientes: vemos hooligans, hippies e até uma viagem de LSD. O exagero dá charme e reforça o mistério. Com temas tão característicos, pode ser que tudo queira soar fruto da cabeça de Tyler, e não como foi.
É fácil se envolver, mas o último episódio do primeiro ano dessa premiada série da BBC não acaba com o mistério. Há uma segunda temporada.
LIFE ON MARS
Distribuidora: Log On; R$ 89,90
Classificação: 16 anos’
INTERNET
Ronaldo Lemos
O Orkut nunca esteve tão legal
‘Tem uma mensagem subliminar aparecendo em muitas matérias e conversas na rede e na imprensa. Ela diz algo como ‘o Orkut já era, legal agora é o Facebook’. Ela deu até origem a um novo verbo: ‘orkutização’. Por exemplo, muita gente falando da ‘orkutização’ do Twitter.
O significado é duplo. Por um lado, refere-se à excessiva exposição do Twitter na mídia, lembrando o que acontecia com o Orkut no final de 2004.
Por outro, reclama da ‘popularização’, do fato de o site deixar de ser um reduto de antenados, geeks e nerds e ficar um pouco mais parecido com o mundo real (para o horror de muitos daqueles).
Pois bem, achei que valia fazer aqui uma pequena homenagem ao Orkut. Primeiro porque o site fez do Brasil uma espécie de pioneiro em redes sociais. A sensação de ter grande parte do seu círculo social on-line, que muitos brasileiros tiveram desde meados de 2004, levou pelo menos dois anos adicionais para acontecer de verdade em outros países (incluindo os EUA)..
Além disso, muita gente aprendeu o bê-á-bá da internet (como fazer upload de uma foto, por exemplo) por causa dele. E aí incluem-se os milhões de pessoas que vieram pelas LAN houses de todo o Brasil e que nunca tinham acessado a rede.
Com isso, o Orkut tornou-se um espelho do que é o país, com uma diversidade inacreditável. Ficou para trás a fase em que era um clube ocupado por pessoas bastante homogêneas, com os mesmos gostos e perfil demográfico. O Orkut de hoje é uma ferramenta fascinante para conhecer o Brasil.
Onde mais na rede dá para ficar sabendo do movimento playsson ‘strondando’ nos bairros pobres do Brasil ou da pisadinha, ritmo derivado do forró que está alucinando muita gente? Olhei no Facebook e não havia nada. Já no Orkut há centenas de referências (e comunidades com milhares de pessoas).
Parafraseando os irmãos Marx, prefiro a diversidade, conviver com clubes que não me aceitem como sócio. E por isso o Orkut nunca esteve tão legal.’
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