Gostaria de saber por que a mídia está ignorando o estupro ao artigo 19 da Constituição, promovido pelo presidente Lula e aprovado pelo Congresso na noite de 24/8. Pelos termos desse acordo entre Brasil e Vaticano: (a) padres serão pagos para ensinar os dogmas e preconceitos católicos nas escolas públicas brasileiras (até mesmo os filhos de ateus, budistas, espíritas ou umbandistas serão obrigados a decorar os dogmas católicos, sob o risco de serem reprovados); (b) edifícios da igreja católica serão mantidos com dinheiro público, e (c) as leis trabalhistas serão flexibilizadas para a igreja, permitindo que ela persiga e trate seus funcionários como bem entender, sem a obrigação de cumprir a lei trabalhista. Infelizmente, a Câmara aprovou o acordo, limitando-se apenas a estender esses mesmos privilégios também às igrejas evangélicas!
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Esta é uma propaganda que merece bem mais que atenção.
Eu nunca questionarei o direito das empresas fabricarem objetos de luxo. Não discutirei o direito que os consumidores de alto padrão têm de comprar produtos luxuosos. E também não vou menosprezar o relevante papel desempenhado por publicitários e veículos de imprensa ao promover este tipo de comércio (pois isto gera emprego e renda para muita gente). Mas não posso deixar de fazer uma bem humorada provocação.
Em razão da natural tendência do capitalismo de transferir para outros produtos características de uma mercadoria que faz sucesso comercial, sou capaz de intuir desdobramentos interessantes da comercialização das aristocráticas panelas Fissler. No ano que vem, a empresa ou um concorrente ganancioso vai lançar um penico de ouro cravejado de rubis e esmeraldas.
Posso até ver os desenhistas, publicitários e industriais discutindo acaloradamente se o novo produto deve ou não ter tampa. Para alguns os excrementos dos ricos são iguais aos dos outros, mas alguns certamente sustentarão que o produto poderá ser comercializado sem tampa se os consumidores acreditarem que os excrementos da elite têm um cheiro natural de flores silvestres.
No Brasil, para fazer uma homenagem a Oswald de Andrade, sugiro que este novo produto seja chamado de OURINOL. Este seria um novo uso para o neologismo que o escritor criou para ironizar os hábitos da elite brasileira. (Fábio de Oliveira Ribeiro, advogado, Osasco, SP)
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No domingo (23/8), a Rede Globo divulgou entrevista de um ex-empregado do médico Roger Abdelmassih, que o acusou de adotar procedimentos de reprodução animal em sua clínica dedicada à reprodução humana. Disse o entrevistado:
‘Me incomodava bastante o fato de uma parte das pesquisas da minha empresa veterinária ter sido deslocada para uma clínica de humanos. Quer dizer, culturas de células animais sendo trabalhadas em uma clinica humana’.
A mídia repercutiu esta notícia. Mas colocou o foco no médico e não na sua clientela.
Roger Abdelmassih era o médico da elite paulista e tinha espaço garantido nas melhores revistas do país. Este segmento da mídia não notou e não notará a suprema ironia. As recatadas e vistosas matronas paulistas, paulistanas e brasileiras pagaram fortunas para serem tratadas como… vacas, ovelhas e éguas.
Nenhuma novidade. Esta é a mesma elite que fez do leilão dos bens do traficante Juan Carlos Abadia um seleto acontecimento social. Naquela oportunidade escrevi algumas linhas sobre o assunto, mas a única coisa que me ocorre fazer em razão deste novo e deprimente episódio da elite brasileira é chorar e rir ao mesmo tempo. (Fábio de Oliveira Ribeiro, advogado, Osasco, SP)
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O JT Esportes do dia 29/8, por ter 13 das 16 páginas sobre futebol, deveria chamar JT Futebol. Mas sendo o Brasil o país do futebol creio que este comentário nem vai importar a ninguém. Até aí temos que dar um desconto; mas deixar a notícia do recorde da Yelena Isinbayeva para um comentário grosseiro na última página é inaceitável. ‘Após dar um vexame histórico no mundial, Yelena Isinbayeva bateu em Zurique o recorde mundial do salto com vara, com a marca de 5m06’. Será que é mesmo correto definir o fracasso de uma grande atleta como vexame? Vexame os nossos heróis do futebol é que dão quando são pegos com travestis, ou batem seus carros matando inocentes. Isto é vexame. Vexame é termos um jornalista incompetente o suficiente para colocar esta nota infeliz em um Jornal que até então merecia meu respeito. Espero sinceramente que tenham respeito pelos atletas que batalham por resultados com muito treino e dignidade e deixem o termo ‘vexame’ para aqueles que realmente o merecem. (Marcia Correa, professora de Educação Física, São Paulo, SP)
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Gostaria de fazer uma reclamação à TV Cultura de Manaus. No dia 26 de agosto, quarta-feira, estava passando o Observatório da Imprensa. O debate estava magnífico, mas a TV daqui o cortou logo no primeiro intervalo e começou a passar programas locais. Isso é correto? (Andre Guimarães, analista de sistemas, Manaus, AM)
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Por que a imprensa – TV, jornal e revista – sempre trata das mesmas pautas? A notícia parece ser uma só, mesmo os veículos de comunicação sendo independentes um dos outros. Por que isso acontece? Assistimos ao jornal da Band, por exemplo, e, em seguida, se você assistir ao jornal da Globo ou da Record… os assuntos são os mesmos! (José Fernando Bittencourt, comerciante, Conselheiro Lafaiete, MG)
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Analista de sistemas, Belo Horizonte, MG