Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Santa lei equivocada

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva adora nos proporcionar perplexidade, pois sem debater com a sociedade fez acordo com o Vaticano para implantar o ensino religioso nas escolas públicas, bem como concedendo isenção fiscal e imunidade perante as leis trabalhistas indiscriminadamente às religiões para não pagarem qualquer tipo de contribuição fiscal e trabalhista. A Câmara dos Deputados já aprovou e ampliou para outros credos sem resistência corroborando o tal acordo e o mesmo segue para o Senado Federal para a aprovação.

O curioso é que o mundo todo vê, estarrecido, a manipulação das religiões onde em muitos países o líder religioso é também o governante e as barbaridades que algumas delas andam fazendo em desfavor da paz mundial e a doutrina do partido do governo se diz de esquerda e segue a cartilha totalitária marxista, frise-se, esta tem ojeriza à religião e já até disse que esta é o ópio do homem e Marx seguia a doutrina de Hegel que dizia que Deus era na verdade o Estado. Uniformizar a religião de um povo cheio de diversidade de crenças de toda sorte fere a liberdade prescrita na Constituição Federal que assegura o respeito ao culto e proíbe a discriminação religiosa, ou seja, o Estado brasileiro é laico e fará com isto desvio de finalidade, pois não há respaldo legal constitucional para tal façanha. Os alunos que resistirem a assistir essas catequeses anacrônicas serão discriminados o que a lex fundamentalis também veda.

Na contramão da história

Na nota introdutória do Código Canônico de 25 de janeiro de 1983, o santo papa João Paulo II, diz: ‘(…) A fim de que todos possam mais seguramente informar-se sobre essas prescrições e conhecê-las suficientemente bem, antes de serem levadas a efeito, dispomos e determinamos que tenham força obrigatória a partir do primeiro dia do Advento de 1983, não obstante quaisquer disposições, constituições, privilégios, mesmo que dignos de especial ou singular menção, e costumes contrários (…).’

Extrai-se do parágrafo acima que as santas leis da Igreja Católica devem se sobrepor a qualquer constituição de qualquer país, mas as Constituições dos países são soberanas e não podem sofrer interferência de qualquer religião, por mais respeitada que seja, como é o caso da Católica.

Lula mais uma vez mudou o discurso, pois por ocasião da visita do santo papa Bento 16 ao Brasil ele foi taxativo ao negar o pedido do clérigo para transformar o país em Estado católico. O governo tupiniquim lulista vai na contramão da história, pois a civilização precisa de escola que ensine a pensar, e não para o sujeito se alienar ‘voluntariamente’.

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Advogado e psicanalista, Fortaleza, CE