SEQÜESTRO EM SANTO ANDRÉ
Carla Soares Martin
Governo do Estado não era fonte qualificada para anunciar morte de Eloá, diz jornalista, 20/10
‘O jornalista Gustavo Krieger, do Correio Braziliense, disse nesta segunda (20/10) que o governo do Estado de São Paulo não era a fonte mais qualificada para anunciar a morte da jovem Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, morta no resgate do seqüestro promovido pelo ex-namorado Lindembergue Alves. Para Krieger, a nota de imprensa do governo afirmando erroneamente que ela teria morrido na noite de sexta deveria ter sido questionada pelos veículos de comunicação.
‘Um questionamento fundamental a ser feito era se o governo do Estado era a fonte mais qualificada para dar a notícia. O governo poderia ser a mais importante, mas a fonte mais qualificada era o hospital (que acabou noticiando a morte de Eloá na noite de sábado para domingo)’, disse o jornalista.
O caso de Santo André foi tema discutido sábado (18/10) por Krieger, no 2° Encontro de Professores de Jornalismo do Distrito Federal, Goiás e Tocantins, na UnB. Na ocasião, participaram, entre outros, a professora da UnB Zélia Leal e André Deak, vencedor do Prêmio Vladimir Herzog deste ano na categoria Internet.
Gustavo Krieger afirma que acredita ter sido muito difícil a decisão de ter posto ou não a notícia dada pelo governo do Estado no ar, por parte das redações. ‘Essa informação é tão ou mais difícil que a polícia ter decidido por invadir o apartamento ou não’, disse Krieger.
Em vez de criticar os veículos de comunicação que decidiram por dar a notícia da morte antecipada de Eloá, o jornalista do Correio Braziliense afirma que o episódio deve servir de lição. ‘Devemos apreender com os episódios, entender que fonte é a mais lógica para dar a informação’, disse o jornalista.
Krieger disse que não gostaria de estar na situação dos jornalistas de São Paulo. ‘Agradeço por não ter sido colocado na situação’, disse o repórter da editoria de Política do Correio Braziliense.
Para Krieger, a opção de dar a notícia anunciada pelo governo do Estado foi potencializada pela ‘corrida do tempo real’ do jornalismo. ‘É a obsessão de colocar a notícia antes’, disse.
Governo do Estado
A assessoria de imprensa do governo do Estado confirma o erro. Diz que a Secretaria de Segurança Pública havia informado que Eloá havia morrido e repassou este dado para a imprensa. Esta informação errada vazou para a Rede Globo e ‘para alguns outros veículos que ligaram para a assessoria’, afirmou. Poucos minutos depois, diz a assessoria, passava-se para os veículos que transmitiram a informação uma nota corrigindo a notícia e pedindo desculpas à família de Eloá.
Globo
O primeiro veículo a noticiar a morte da jovem, pela fonte do governo do Estado, foi a Rede Globo, no SPTV. A assessoria de imprensa da emissora não retornou até a publicação desta reportagem.
A Record afirmou que a jovem teria morrido, pelas informações do governo, mas não confirmou a notícia até sábado. A Band recebeu a informação, mas como ‘a fonte primária’, segundo a assessoria, que é o hospital, não confirmou, decidiu por não dar a notícia. ‘Aplicamos uma prática normal do jornalismo, que é a checagem’, afirmou o diretor-executivo de jornalismo da Band, Fernando Vieira de Mello.’
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Carlos Alberto Di Franco: TV transformou Lindemberg em estrela midiática, 17/10
‘O diretor do Curso Master em Jornalismo e Gestão de Empresas de Comunicação do Instituto Internacional de Ciências Sociais, em parceria com a Universidade de Navarra, na Espanha, o professor Carlos Alberto Di Franco, disse nesta sexta (17/10) que a mídia televisiva transformou Lindemberg Fernandes Alves – que manteve a ex-namorada refém e uma amiga, em São Paulo – numa ‘estrela midiática’, ao transmitir entrevistas com ele.
Di Franco deu a declaração antes que, neste fim de tarde, Alves tenha sido preso e as duas jovens baleadas, segundo a Folha OnLine. O professor se referia às entrevistas dadas pelas emissoras Rede TV!, Record e Globo com o jovem Lindemberg Fernandes Alves, durante os quatro dias de seqüestro.
‘Tudo isso vai dando a ele (Lindemberg) uma sensação de protagonismo, de importância, que transforma um ser humano que está em contravenção penal em uma estrela midiática’, afirmou o professor e colunista do jornal O Estado de S.Paulo.
Segundo Di Franco, o ‘espetáculo’ que o jornalismo televisivo promove, ‘com destaque para a TV Record’, poderia influenciar os ‘sentimentos’ e as ‘ações’ do jovem. Para o professor, Lindemberg é um rapaz imaturo que poderia ser levado pela turbulência das emoções.
O ‘show’ que o diretor do Curso Master de Jornalismo se refere se dá, segundo ele, por um mecanismo natural do meio. Para o professor, na TV, a emoção é maior, o que aumenta o sentido de responsabilidade e ética da emissora e da programação. ‘Não estamos transmitindo uma ficção, estamos falando de vidas. Uma grande manchete não vale uma vida. É o que sempre digo’, afirmou Di Franco.
A Rede Record disse que não vai se pronunciar sobre o assunto.
Mídia impressa
Para o colunista do Estadão, a mídia impressa está fazendo um bom trabalho sobre o caso. ‘É uma cobertura contida, correta’, disse.
Seqüestro: como cobrir?
O professor Carlos Alberto Di Franco defende que, em casos de seqüestro, não haja nenhuma menção pela mídia, desde que não seja de domínio público, mesmo em casos de seqüestros envolvendo líderes de Estado e pessoas públicas. Quando o caso passa a ser noticiado, Di Franco sugere prudência: ‘Precisamos diminuir qualquer grau de emoção que possa colocar em risco a vida do seqüestrado’, afirmou.
(*) Matéria atualizada às 19h46 de sexta-feira.’
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Para professor da USP, Rede TV! poderia ter concessão cassada, 17/10
‘O professor da pós-graduação em Jornalismo da ECA-USP, da Cásper Líbero e autor do livro ‘Vozes de Londres: Memórias Brasileiras da BBC’, Laurindo Leal Filho, diz que a Rede TV! poderia ter sua concessão cassada, por conta da transmissão ao vivo de uma entrevista com o jovem Lindemberg Fernandes Alves, que mantém a ex-namorada refém em São Paulo. ‘Acompanhei a transmissão da Rede TV! (quarta-feira, dia 15/10). A emissora poderia ter sua concessão cassada’, disse o professor.
Laurindo Leal Filho não acompanhou a transmissão da entrevista nas outras emissoras, mas acredita que, de qualquer modo, fizeram uma ‘intervenção ilegal’. ‘Na hora do crime, não se entrevista um criminoso. Ali, a intervenção deveria ser do Estado, da Polícia. As emissoras fizeram uma intervenção indevida’, afirmou.
Para o ouvidor-geral da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), que administra a TV Brasil, as emissoras que fizeram entrevista com o seqüestrador agiram de forma inconstitucional. ‘Cabe a uma emissora que tem concessão pública atuar de forma a informar, entreter e educar a população, como está na Constituição. As emissoras saíram da informação e passaram a interferir’.
Laurindo Leal Filho afirma que o Ministério Público poderia entrar com uma representação contra as emissoras, alegando que elas feriram um dispositivo constitucional, o artigo 221, que determina:
‘A produção e a programação das emissoras de rádio e televisão atenderão aos seguintes princípios:
I – preferência a finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas;II – promoção da cultura nacional e regional e estímulo à produção independente que objetive sua divulgação;III – regionalização da produção cultural, artística e jornalística, conforme percentuais estabelecidos em lei;IV – respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família.’’
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Para PM, entrevistas com seqüestrador em SP atrapalharam negociações, 17/10
‘Embora a Rede TV!, Rede Globo e Record tenham transmitido entrevistas com Lindemberg Fernandes Alves, de 22 anos, que matém sua ex-namorada como refém em um prédio de Santo André (SP) desde segunda-feira (13/10), a assessoria da Polícia Militar disse que não autorizou ninguém a falar com o jovem. ‘Eles estão fazendo o trabalho deles; nós, o nosso’, afirmou a assessoria, que ainda acrescentou que as entrevistas atrapalharam as negociações.
Na tarde de quarta (15/10), a Rede TV! transmitiu entrevista ao vivo com o jovem, no programa A tarde é Sua. A emissora não quis comentar o fato.
A Globo transmitiu a entrevista no Jornal Hoje, pela manhã. Não houve resposta da emissora até a publicação da matéria.
A Record veiculou a entrevista com Lindemberg no ar no SP Record. Segundo a assessoria de imprensa, a emissora teria ouvido o jovem com autorização da PM.
Um capitão do Exército afirmou ao jornal O Estado de S.Paulo: ‘Para esse tipo de ocorrência existem pessoas treinadas, especializadas. Às vezes, uma palavra errada da apresentadora coloca tudo a perder.’
SBT não queria fazer ‘sensacionalismo’, diz assessoria
A Bandeirantes afirmou que não veiculou nenhuma entrevista com o jovem. O SBT informou que o advogado do rapaz entrou em contato com a emissora para oferecer a entrevista. O SBT não aceitou. ‘Nosso jornalismo resolveu não entrevistá-lo, não fazer sensacionalismo com a situação’, disse. A TV Cultura não respondeu à reportagem.’
ELEIÇÕES
Kassab teve mais reportagens favoráveis durante o primeiro turno, 20/10
‘As reportagens publicadas entre 19/08 e 03/10 sobre as eleições municipais em São Paulo privilegiaram o atual prefeito e candidato à reeleição Gilberto Kassab (DEM) no primeiro turno. Análise feita nos cinco principais jornais de São Paulo pelo Observatório Brasileiro de Mídia, publicada nesta segunda-feira (20/10), aponta 45,6% de reportagens favoráveis ao concorrente de Marta Suplicy (PT) no segundo turno – a petista teve 27,6% de matérias favoráveis, enquanto Geraldo Alcmin (PSDB) teve 9,4%.
Segundo o Observatório, a primeira metade da campanha – 06/7 e 18/08 – mostrou equilíbrio da cobertura das principais candidaturas em relação à quantidade de reportagens publicadas para cada um dos candidatos.
Mas com o início do horário eleitoral, a cobertura deu mais enfoque a Kassab e menos a Marta. Alckmin, que hoje apóia o atual prefeito, teve percentual intermediário de reportagens em relação aos dois principais candidatos, embora tenham dado viés desfavorável ao tucano e favorável ao democrata.
O candidato do DEM teve 65 reportagens que noticiaram o apoio de lideranças tucanas. Já Marta teve 21 reportagens sobre o apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de ministros e lideranças políticas importantes como a deputada Luíza Erundina.
Duas das principais propostas de Marta receberam muitas críticas, diferente do ocorrido com as propostas de Alckmin e Kassab. Foram elas a ampliação do metrô e a universalização da banda larga de acesso à internet.
O levantamento mostra que O Estado de S. Paulo foi o jornal que mais corroborou com o desequilíbrio em favor da candidatura de Kassab em detrimento da de Alckmin, seguido do Jornal da Tarde.
Já a Folha deu destaque de forma mais favorável ao democrata. Reportagens desfavoráveis foram equilibradas ao mencionar Marta e Alckmin, como fez o Agora S. Paulo.
No Diário de S. Paulo, verificou-se maior oscilação de reportagens favoráveis às candidaturas de Kassab e Marta.
O Observatório analisou a cobertura eleitoral dos jornais Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde, Agora S. Paulo e Diário de S. Paulo.’
Antonio Brasil
Para que servem os debates na TV?, 14/10
‘Certamente não servem para esclarecer os eleitores sobre as verdadeiras propostas dos candidatos. No atual modelo os debates políticos transmitidos ao vivo pela TV não passam de extensão do horário eleitoral gratuito. Um programa muito longo e muito chato repleto de promessas que jamais serão cumpridas, mentiras deslavadas, agressões pessoais, acusações, denúncias e muitas ironias. Um péssimo programa. Mais um festival de baixarias para os amaldiçoados domingos dos brasileiros diante da TV.
E o pior nesses debates é o papel destinado aos mediadores. Jornalistas importantes como Boris Casoy ou Ricardo Boechat se tornam meros coadjuvantes das baixarias dos candidatos e da platéia. Ao invés de atuarem como entrevistadores, não passam de ‘apresentadores’ de programa com perguntas previsíveis e respostas marcadas.
Também são domadores de feras. Os candidatos ‘enjaulados’ ou ‘engessados’ pelas regras leoninas do debate precisam ser controlados pelos jornalistas. O objetivo é evitar ainda mais agressões e transgressões. O resultado é um péssimo programa.
De vez em quando, esses mesmos jornalistas são convocados para controlar as ‘feras’ que monopolizam platéia. Neste show de mentiras e ‘faz de conta’, é o público constituído por cabos eleitorais contratados para torcer por seus candidatos.
Os jornalistas solicitam silencio à platéia e costumam ser ignorados ou vaiados.
Acostumados a lidar com feras, só lhes restam insistir para que os candidatos não ultrapassem os tempos limitados e que se comportem com dignidade. Nem sempre conseguem.
Triste papel para os jornalistas e para os debates políticos. Triste papel para o jornalismo e para a democracia em mais um show de baixarias e marketing eleitoreiro.
Truques
Na forma como são apresentados, os debates políticos são péssimos programas de TV. Não acrescentam nada à qualidade da programação. Em termos de conteúdo político, são ainda mais inúteis.
No passado, antes dos meios de comunicação de massa, os debates políticos eram realizados em praça pública. Eram os grandes momentos das campanhas eleitorais, mas não havia muitas regras. Valia ‘quase’ tudo.
Nos EUA, esses debates levavam dias e dias, revelavam grandes oradores e eram acompanhados com atenção por uma multidão de eleitores apaixonados pela política e interessados na argumentação dos seus candidatos. Candidato não era produto. Era orador político.
Com o advento do rádio e principalmente da TV, os debates passaram a ser transmitidos ao vivo para milhões de eleitores. A imagem tomou precedência sobre a palavra. A forma passou ser mais importante do que a argumentação. O importante não é vencer o debate. O importante é não ser nocauteado pelo adversário ou pelo próprio nervosismo.
O importante é parecer o que não é. Se o candidato tem fama de bonachão, amistoso e até um pouco preguiçoso, na TV ele é instruído pelo marqueteiro de plantão a ser mais agressivo. Mostrar que é senhor da situação com muitas acusações e ironias.
Afinal, televisão não é necessariamente informação ou verdade. Televisão é, antes de tudo, emoção e impressão. É importante deixar o telespectador-eleitor com a impressão de que o candidato é melhor, mais digno de confiança e se possível menos mentiroso do que o outro candidato. Afinal, são todos políticos. Não precisam e não devem dizer a verdade.
Debate na TV é antes de tudo um jogo. O importante não é vencer. O importante é não perder.
Não é à toa que muitos candidatos não comparecem aos debates na TV. Quando lideram por larga margem nas pesquisas, evitam o poder do meio.
TV não elege. Mas pode derrotar o candidato que não conheça seus truques.
(*) É jornalista, professor de jornalismo da UERJ e professor visitante da Rutgers, The State University of New Jersey. Fez mestrado em Antropologia pela London School of Economics, doutorado em Ciência da Informação pela UFRJ e pós-doutorado em Novas Tecnologias na Rutgers University. Atualmente, faz nova pesquisa de pós-doutorado em Antropologia no PPGAS do Museu Nacional da UFRJ sobre a ‘Construção da Imagem do Brasil no Exterior pelas agências e correspondentes internacionais’. Trabalhou na Rede Globo no Rio de Janeiro e no escritório da TV Globo em Londres. Foi correspondente na América Latina para as agências internacionais de notícias para TV, UPITN e WTN. É responsável pela implantação da TV UERJ online, a primeira TV universitária brasileira com programação regular e ao vivo na Internet. Este projeto recebeu a Prêmio Luiz Beltrão da INTERCOM em 2002 e menção honrosa no Prêmio Top Com Awards de 2007. Autor de diversos livros, a destacar ‘Telejornalismo, Internet e Guerrilha Tecnológica’, ‘O Poder das Imagens’ da Editora Livraria Ciência Moderna e o recém-lançado ‘Antimanual de Jornalismo e Comunicação’ pela Editora SENAC, São Paulo. É torcedor do Flamengo e ainda adora televisão.’
PRÊMIO
Prêmio Vladimir Herzog anuncia vencedores em Revista e Livro-reportagem, 10/10
‘O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo anunciou nesta segunda-feira (20/10) os vencedores do 30º Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos nas categorias Revista e Livro-Reportagem.
Em Revista, Gilberto Nascimento e Rodrigo Martins, da Carta Capital, venceram com ‘Um torturador à solta’. Thais Macedo Gurgel, da Revista Nova Escola, com ‘Inclusão, só com aprendizagem’; e Patrícia Zaidan e Alessandra Roscoe, da Cláudia, com ‘O mapa do aborto’, receberam menção honrosa.
O livro de Carlos Dorneles, ‘Bar Bodega – um crime de imprensa’, da Editora Globo, foi o vencedor na categoria Livro Reportagem. Receberam menção honrosa Josmar Jozino da Silva, com ‘Casadas com o crime’, da Editora Letras do Brasil; e Carla Lacerda do Nascimento Marques, com ‘Sobreviventes do césio – 20 anos depois’, da editora Contato Comunicação.
A cerimônia de premiação está marcada para dia 27/10, às 19h, no auditório do Tuca, o teatro da PUC-SP (Rua Monte Alegre, 1024, Perdizes).’
COLUNA
Cem motivos para comemorar!, 16/10
‘Não pensem que é fácil, pelo contrário. É uma pedreira escrever um texto por semana para uma coluna especializada. Tente procurar um tema relevante sobre uma área restrita que renda assunto a cada sete dias. Sim, é trabalho de estivador (de luxo, a bem da verdade).
Confesso que errei algumas vezes ao longo desta trajetória. Acertei, claro, muitas vezes, e por isso ainda estou aqui – ou acha que é moleza manter este espaço no ‘Comunique-se’? Por isso, para comemorar este texto, o de número 100, listo alguns tiros no alvo, tombos em casca de banana e momentos de puro delírio textual. A eles:
AO INFINITO, E ALÉM!
* Como seria o Brasil sem o Orkut? (06/09/2006)
Foi i recorde de comentários até hoje. Falar de rede social numa época em que criar perfil Orkut era sinônimo de falta do que fazer foi, confesso, uma grande ousadia. Mas, como eu queria polemizar, mesmo, bingo!
* Para João Hélio, FerVil e tantos outros (22/02/07)
Foi a primeira vez que aproveitei um assunto sobre conteúdo na Rede para falar sobre algo maior. Lembrei meu amigo FerVil, assassinado em 2004, para abordar o horror que foi a morte do menininho João Hélio, arrastado pelas ruas do Rio durante um assalto. Foi um desabafo que criou eco e foi bom em dividir com meus leitores a agonia que estava sentindo.
* Todos podem escrever (19/04/07) e (Ainda sobre) Todos podem escrever (26/04/07)
Fui tocar na ferida: quem não é jornalista pode escrever? Eu acho que sim, muitos acham que não, outros acham que talvez. A coisa pegou fogo no campo dos comentários. Vale dar uma revisitada no texto para checar a luta-livre.
* Entrevista, agora, é só por e-mail? (21/06/07), Por que ninguém responde e-mail? (17/03/08) e Os malditos PowerPoints que recebemos (13/06/08)
Coloco estes textos na categoria ‘Comportamento’ – péssimo comportamento, aliás. Estudantes de Jornalismo que enviam dúzias de perguntas por e-mail ao invés de ligar ou marcar ao vivo (e querem resposta para ontem), pessoas que desenvolvem o distúrbio de não responder e-mails (sempre existe um bem perto de você) e a legião dos adoradores de PowerPoints que adoram distribuí-los como panfletos na rua – dividi com os leitores o estranho, o bizarro, o misterioso, e não me sinto mais sozinho.
ESQUELETOS NO ARMÁRIO
* ‘Second life’, seu próximo local de trabalho (19/10/2006)
Eu devia ter esperado mais um pouco para incensar o Second Life. Tomei tanta paulada que virou trauma. Bem feito – quem mandou pintar um cenário de maravilhas para uma ferramenta tão incipiente?
* 666, o número da internet ((14/12/2006)) e O Papa analógico (04/01/2007)
A voz do povo é a voz de Deus – então vale escutar ambos, pois, como diz o ditado, é bom deixar política e religião de lado quando se deseja ficar bem com todos. Dei uma de surdo e – pimba – virei boneco de vodu.
LUCY NO CÉU COM DIAMANTES
* A calopsita e o (Paulo) Coelho (01/02/08)
Quando acabar de ler este texto, por favor cheque esta coluna. Ela tem o desfecho mais alucinógeno da minha carreira de redator, mas o tema não podia ser mais atual: o apoio de Paulo Coelho à pirataria (pelo menos de seus próprios livros), que está sacudindo a Feira de Frankfurt esta semana.
* A Nova Era do Livro (09/09/08)
Rever o conceito do que é um livro parece loucura, mas, na realidade, é o futuro. Livro é algo que se atém ao papel? Que termina nele? Não poderia a história de uma livro continuar por games, sites e filmes? Não seria este conjunto de narrativas sobre uma mesma história o Novo Livro? Duvida? Então aguarde os próximos anos e verá – garanto que a idéia não é pista falsa como um Second Life!
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A próxima edição de meu curso ‘Webwriting & Arquitetura da Informação’ terá início no dia 28 deste mês, no Rio de Janeiro. Para quem deseja ficar por dentro dos segredos da redação online e da distribuição da informação na mídia digital, é uma boa dica! As inscrições podem ser feitas pelo e-mail extensao@facha.edu.br e outras informações podem ser obtidas pelo telefone 0xx 21 2102-3200 (ramal 4).
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1. Duas redatoras online de Fortaleza criaram há um mês aquela que – pretendo – será a *grande* comunidade sobre redação online no Orkut, a ‘Webwriting’. Não deixe de participar!
2. Para quem não conhece meu blog, dê uma checada no ‘Cebol@’.
3. Gostaria de me seguir no Twitter? Espero você em twitter.com/brunorodrigues.
(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’, e de sua continuação, ‘Webwriting – Redação e Informação para a web’. Ministra treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’, há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’
JORNAL EM CRISE
De onde virá o da passagem?, 17/10
‘A reitora de uma universidade norte-americana informou que o diário Philadelphia Inquirer lhe fez uma oferta surpreendente: ‘O jornal não está em condições de pagar a estagiários, mas, se vocês assumirem o custo, continuaremos a contratá-los com o maior prazer.
O blog que divulgou essa notícia – Common Sense – manifesta o desejo de que as faculdades da área rejeitem a oferta, embora reconheça que a situação dos jornais não anda nada boa.
O contrato entre o jornal de Philadelphia e o sindicato de jornalistas provavelmente não admite permuta dos salários de estagiários por espaço
publicitário para as faculdades. ‘Custo’ significaria ‘pagamento em dinheiro’ aos estagiários pela faculdade, em troca de anúncios da faculdade no jornal.
No Brasil coisa parecida já acontece, embora com objetivos mais atraentes. Faculdades de jornalismo oferecem bolsas de estudos a jornais (que as distribuem a funcionários administrativos) em troca de publicidade. O esquema é democratizante, o único problema é atrair mais jovens para
uma profissão com proporção cada vez mais perversa entre oferta e demanda de empregos.
O que me assusta é não termos um foro permanente de estudo e debate que produza e recomende idéias modernizadoras para essa enorme fábrica de ilusões, em que milhares de jovens se formam a cada ano com probabilidade sempre menor de realizar seus sonhos.
Discutir a obrigatoriedade do diploma é importante, mas acaba encobrindo questões mais essenciais para valorizar a profissão.
Voltando à situação em Filadélfia, me assusto ao imaginar a nossa – se não agora, pelo menos em futuro não muito distante.
Uma grande parte das faculdades privadas brasileiras só foi salva da ruína pelo Prouni – o programa federal de bolsas de estudos – e muitos dos nossos jornais estão também em situação precária.
Se o jornal disser que a coisa não está boa e a faculdade também, de quem o estagiário – essa figura com presença sempre maior em nossas redações – vai receber de quem um dinheirinho?
Se o leitor quiser comentar, informar, sugerir, sem se identificar, pode usar o e-mail m.graca@comunique-se.com.br
(*) Milton Coelho da Graça, 78, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’
JORNAL DA IMPRENÇA
Leitores dão Nota Dez à coluna de Eliane Cantanhêde, 16/10
‘Que monstro
me espera nas
esquinas e vielas
(Talis Andrade in A Tentação…)
Leitores dão Nota Dez à coluna de Eliane Cantanhêde
Até o momento em que Janistraquis e eu fechávamos esta edição, 38 leitores haviam votado na coluna de Eliane Cantanhêde na Folha de S. Paulo, intitulada O que é isso, companheira?
BRASÍLIA – O que a psicóloga e sexóloga Marta Suplicy pensa da propaganda eleitoral da candidata Marta Suplicy? Esta é a pergunta que não quer calar, depois que a sua campanha na TV recomeçou no domingo com uma provocação venenosa, carregada de insinuações e de preconceito: Gilberto Kassab, do DEM, é casado? Tem filhos?
(…) não foi escorregão, é estratégia. Preconceituosa e burra. Não ganha eleitores à direita e perde apoios, votos e simpatia à esquerda. Além de desagregar a militância e transformar o adversário em vítima.
Leia no Blogstraquis a íntegra desse texto deverasmente importante e bem escrito.
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Verdade verdadeira
Percorre a internet com a velocidade de um título protestado:
Se você está se sentindo sozinho, abandonado, achando que ninguém liga pra você… atrase um pagamento.
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Frangos morrem
O considerado José Truda Júnior, que do alto de seu minarete em Santa Teresa avalia os constrangimentos deste tão desequilibrado mundo, envia notícia publicada no Globo Online:
Vítimas da crise
A falta de ração provocou a morte de mais de 37 mil frangos na região sudoeste de São Paulo. Pelo menos mais 4 milhões de aves da região correm o risco de morrer de fome.
Segundo produtores, o frigorífico que abastece a região parou de enviar ração para as granjas. O frigorífico alega que opera com dificuldade por causa do preço do milho e da crise econômica mundial, que reduziu a falta de crédito.
Truda, que não dá a mínima para galiformes em geral, porque prefere as carnes vemelhas, ficou impressionado com a ‘redução da falta de crédito’:
A crise financeira mundial tem causado tamanho estrago que nem as melhores redações escapam…
Janistraquis observa que, ao se ‘reduzir a falta’ dalguma coisa, começa-se a resolver o problema.
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Engenheiro elétrico
O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, de cujo banheiro, em subindo-se nas bordas do vaso sanitário, dá pra ver o líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (RS), afiando a arma para apunhalar a Constituição, pois Roldão leu no Correio Braziliense a notícia de que Furnas tem novo presidente, Carlos Nadalutti Filho, engenheiro elétrico e funcionário de carreira da empresa.
Mestre Roldão, que nunca levou choques ao trocar as lâmpadas de seu apartamento, festejou:
É uma boa notícia. Todos nós, brasileiros, esperamos que o engenheiro eletricista Nadalutti Filho seja uma pessoa extremamente ativa, de temperamento elétrico, como informa o jornal.
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Menina de 17 anos
O jornalismo passou longe desta notícia do Agora, irmão mais moço da Folha, cujo título, Menina é vítima de estupro em escola municipal, começa assim:
Uma jovem de 17 anos foi encontrada inconsciente, na manhã de ontem, dentro de uma escola municipal na rua Igarapé Água Azul, em Cidade Tiradentes (zona leste). Segundo a polícia, ela foi vítima de abuso sexual e tentativa de homicídio.
Janistraquis se mostrou solidário com a vítima da brutalidade, mas garante que estupro não transforma adolescente em menina.
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Talis Andrade
Leia no Blogstraquis a íntegra de A Tentação de Santo Antônio, cujo fragmento é a epígrafe da coluna. O mestre Talis desliza para dentro de si mesmo e reconstrói imagens de seus pesadelos de poeta.
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Democracia à PT
O considerado Rafael Almeida, sociólogo paulistano, envia matéria da Folha intitulada Marta explora vida pessoal de Kassab, que recorre à Justiça:
Marta Suplicy estreou o horário eleitoral do segundo turno com insinuações a respeito da vida privada de seu adversário, Gilberto Kassab (DEM), que está 17 pontos à frente da petista na disputa paulistana, segundo o Datafolha. Na televisão e no rádio, um locutor disse que o eleitor deveria saber se ele é casado e se tem filhos.
Almeida, que pode representar a população mais instruída deste país, reprovou:
‘Os marqueteiros dessa ‘Miss Simpatia da Terceira Idade, como vocês a chamam, fiéis ao conceito de democracia da patroa, insinuam que Kassab é veado; e o mais interessante: a candidata, sabe-se de Pelotas a São Francisco, é madrinha e protetora dessa ‘categoria’ tão desamparada.’
Janistraquis também torceu o nariz:
‘O que não se faz numa campanha política, hein, considerado? A rancorosa criatura trai até os afilhados para tentar evitar uma derrota verdadeiramente extraordinária, como o Natal prometido pelo ‘querido’ presidente.’
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Rita no Brasil
O jornalista, poeta e agitador cultural paraibano Linaldo Guedes de Aquino informa que o romance Rita no Pomar (Ed. 7 Letras/RJ), de Rinaldo de Fernandes, lançado nacionalmente em setembro, na Feira do Livro de Brasília, terá lançamento em João Pessoa, hoje, 16/10, a partir da 20h30, no restaurante Terraço Brasil, no Cabo Branco.
A apresentação da obra será de Sônia Maria van Dijck Lima, professora da UFPB e doutora em Letras pela USP. Em novembro estão programados lançamentos do romance em São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Salvador.
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Anvisa protesta
O considerado Carlos Augusto Moura, coordenador de imprensa da Anvisa, enviou a seguinte mensagem ao colunista:
Em relação à nota ‘Besteira da Anvisa’, publicada em sua coluna, no site Comunique-se, é importante certa cautela ao se fazer afirmações sobre segurança de medicamentos a partir de uma experiência individual.
A decisão da Anvisa de retirar medicamentos do mercado ou alterar suas indicações de bula tem como base os dados de farmacovigilância, o que inclui dados de agências de outros países, notificações dos profissionais de saúde e estudos desenvolvidos a partir do lançamento do produto no mercado.
É importante lembrar que estamos falando de medicamentos considerados novos, cujos efeitos mais raros podem aparecer somente após o uso por milhares de pessoas e o acúmulo de novos conhecimentos científicos.
É um engano acreditar em verdades absolutas. O que a ciência diz é válido à luz do conhecimento atual. Muda-se o conhecimento, mudam-se as regras. É por esta razão que uma agência reguladora na área sanitária deve atuar ao mesmo tempo em várias frentes como, por exemplo, o registro do produto, o acompanhamento do pós-mercado e o combate às irregularidades sanitárias.
O colunista respondeu que a nota da semana passada é reação de um veterano jornalista ao excesso de proibições desta democracia de araque.
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Natal do peru
Preparando-se para o Natal ‘extraordinário’ previsto por Sua Excelência, Janistraquis, que não confunde Iperó com Taperoá, encomendou um peru à mãe de Zé Boleco, fazendeiro vizinho e famoso pela criação dessas aves cujo sacrifício lembra o nascimento de Jesus Cristo, não me perguntem por quê.
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Grande homem
A considerada Cristiana Lôbo informou em seu blog no G1 que a inacreditável carta-de-perdão de Eduardo Paes foi dirigida à primeira-dama Marisa Letícia e teve o presidente Lula como emissário.
‘Dona Marisa nunca se esqueceu que Eduardo Paes criticou muito seu filho, Lulinha, pelos negócios na empresa Gamecorp’, escreveu Cristiana.
O teor da inacreditável continua misterioso, porém o ex-blog de César Maia apresenta esta versão, que precisa ser analisada com toda a seriedade:
Estimado Titio Lula,
Receba esta cartinha que expressa bem o que é o meu caráter. As seis vezes que mudei de partido são prova de minha instabilidade emocional. Foi por esta instabilidade emocional que falei o que falei a seu respeito, Titio, na CPI do mensalão. Quero jurar de pés juntos que não acho mais que você é chefe da quadrilha que operava o mensalão. Se foi, Titio, tenho certeza que você se arrependeu e nunca mais será chefe da quadrilha do mensalão. Deixo aqui meus votos (leia bem, Titio, votos) de que tudo esteja indo bem com você e com o Lulinha, seu filhinho que acusei de fazer negociata com empresa de telefonia. Tenho a certeza que ele não fará mais.
De seu arrependido sobrinho,
Dudu -upa-upa
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Dom Pixote
Deu na coluna do Claudio Humberto:
O rei Juan Carlos, da Espanha, entrega na próxima semana ao presidente Lula o prêmio Dom Quixote pela promoção da língua portuguesa.
Janistraquis leu e exibiu aquele sorrisinho safado:
‘Considerado, a notícia deve ser sacanagem do Claudio Humberto. Ou do rei…’
Na capa do UOL, a chamadinha ajudou a confundir:
Lula recebe prêmio por apoio à difusão da língua espanhola
Afinal, qual o idioma que Sua Excelência tanto difunde? Ou andam a confundir José Maria com Maria José?!?!
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Segundo turno
Na interminável lista dos títulos mais herméticos da imprensa, Janistraquis incluiu esta manchete do nosso Comunique-se:
Mino Pedrosa nega fonte revelada por procuradora de suposto jantar
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No buraco
Titulinho na Folha de S. Paulo:
Rondônia: Mulher cai em buraco e ganha R$ 15 mil
Janistraquis, que está latindo no quintal pra economizar cachorro, ficou assanhadíssimo:
‘Considerado, disponho-me a mergulhar de cabeça na boca do Vesúvio para ganhar a metade.’
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Errei, sim!
‘REGRA DE ZÉLIA – Título do jornal A Tarde, de Salvador, que o considerado leitor Francisco França, de Belo Horizonte, teve a chocante iniciativa de nos enviar: Zélia tem nova regra para calcular salário. Segundo Janistraquis, esse é um modo bastante condenável de o vibrante vespertino baiano manifestar sua intimidade com o Poder.’ (outubro de 1990)
Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.
(*) Paraibano, 66 anos de idade e 46 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada ‘Carta a Uma Paixão Definitiva’.’
CONCESSÃO
Rede Globo falta à audiência pública sobre renovação da concessão em Brasília, 17/10
‘Aconteceu na tarde desta sexta-feira (17/10) uma audiência pública na Câmara do Distrito Federal para avaliar a renovação da concessão da TV Globo em Brasília, que venceu em outubro de 2007. Participaram da audiência a deputada distrital Érica Kokai (PT-DF), Jonas Valente, pela Intervozes, Luís Martins e Venício Lima, da UnB, Leovane Gregório, da Comissão do Conselho Regional de Psicologia, e Rejane Pitanga, presidente da CUT-DF. Convidada a participar, a Rede Globo não compareceu à audiência.
A audiência pública na Câmara Legislativa do Distrito Federal não determina a concessão. Desta audiência, será encaminhada uma carta para a Rede Globo com as sugestões dos participantes para que possa se adequar ao que pensam ser constitucionalmente correto para renovar a concessão e também um relatório à Câmara Federal, para que ajude os deputados a avaliarem a questão. Por causa do período eleitoral, o processo de renovação está parado no Congresso Nacional.
Entre as sugestões, a deputada Érica Kokai informa que está o compromisso que a Rede Globo deveria assumir para regionalizar mais a programação e abrir espaço a programas independentes.
O jornalista Jonas Valente, do Intervozes, diz que a Rede Globo é praticamente uma retransmissora da programação que vem do Rio e de São Paulo. ‘O conteúdo local produzido é de apenas duas horas’, afirma o Intervozes. Valente sugere que, para que seja renovada a concessão, a Rede Globo em Brasília se comprometa a seguir o que a Legislação propõe, como conteúdos regionais e de produção local. ‘O tempo de produção local é só de telejornalismo, não há dramaturgia ou outros programas. Propomos também um programa de debates na programação’, disse o membro do Intervozes.
A reportagem não conseguiu falar com a sede da Rede Globo, no Rio de Janeiro, no fim desta tarde.’
JUSTIÇA
Jornalista americano não presta depoimento e se nega a revelar fontes, 17/10
‘Na última quinta-feira, o jornalista do Detroit Free Press David Ashenfelter não compareceu ao depoimento no qual seria pressionado a revelar as suas fontes. O advogado Stephen Kohn, que representa o promotor Richard Covertino, afirmou que irá pedir uma citação por desacato, pela qual o jornalista será obrigado a depor.
Em matéria publicada em 2004, Ashenfelter conseguiu, por meio de fontes no Departamento de Justiça dos Estados Unidos, informações sobre uma investigação ética contra Covertino. Por causa dessa reportagem, o promotor entrou com processo contra o governo americano para descobrir quem vazou as informações para o jornal.
Em agosto deste ano, um juiz federal afirmou que Ashenfelter não poderá citar o privilégio da profissão para se proteger do depoimento.
O advogado do jornalista, Herschel Fink, afirmou que Kohn sabia que Ashenfelter não compareceria ao depoimento. Disse ainda que, caso seja obrigado a depor, o jornalista não vai revelar as suas fontes.
Em 1982, Ashenfelter foi co-autor de uma série de reportagem que venceu o Prêmio Pullitzer.’
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