Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas. ************ O Estado de S. Paulo Segunda-feira, 26 de outubro de 2009 EUA O Estado de S. Paulo Mãe de ‘garoto do balão’ admite farsa ‘Mayumi Heene, mãe do menino de 6 anos que ficou conhecido como ‘garoto do balão’, admitiu que o incidente foi uma farsa. No dia 15, a Guarda Nacional dos EUA iniciou as buscas por um balão de hélio porque os pais do garoto Falcon Heene disseram que ele estava em seu interior. Mayumi admitiu saber que seu filho estava em casa.’ LIBERDADE DE IMPRENSA Moacir Assunção Advogado avalia censura como um ‘absurdo jurídico’ ‘O advogado constitucionalista e professor de direito constitucional na Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP), Pedro Estevam Serrano, considera que há uma grande confusão em termos de sigilo judicial na decisão segundo a qual o Estado está proibido, desde 31 de julho, de publicar informações sobre a Operação Boi Barrica, da Polícia Federal, que investigou Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). ‘O sigilo judicial é uma obrigação do poder público, que ele não pode transferir para a sociedade. Ao mesmo tempo que guardar o sigilo é obrigação dos funcionários do Estado, a dos jornalistas é investigar e publicar o que for obtido. Isso para mim parece primário’, explicou. Exigir que um jornalista guarde sigilo sobre investigações de interesse público, segundo ele, equivale a pedir que o advogado denuncie seu cliente ou ao padre que entregue à Justiça o fiel que se confessou na sacristia. ‘Ora, as funções do jornalista e advogado existem exatamente para impor limites, e se for o caso, contestar o poder do Estado. Caso isso não ocorra, o governo passa a gozar de um poder imperial, absoluto, que conspira contra o sistema democrático. Seria como se vivêssemos numa ditadura.’ Para o professor, a censura determinada pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal, que vê como absurdo jurídico, se constitui como uma espécie de resíduo do sistema autoritário que sobreviveu ao fim da ditadura militar. ‘A decisão é inconstitucional, profundamente criticável. A Constituição deixa muito claro que nenhuma ação pode obstar a livre circulação da informação, que é um patrimônio público.’ Ele sugere uma lei vedando expressamente a censura prévia, o que, em sua visão, tornaria claros os limites dos poderes em casos semelhantes. Por todo o País, decisões de juízes de primeira instância têm determinado a censura de jornais a pedido de prefeitos, deputados e empresários. ‘Parece que não está muito claro que não pode haver censura, apesar de a Constituição vedá-la expressamente. A legislação tiraria qualquer dúvida, até para balizar o trabalho dos juízes.’ O fato de a censura ter sido imposta por liminar é tão grave quanto o próprio ato, em sua opinião. ‘Assim como as Medidas Provisórias que permitem ao presidente governar por decreto essas liminares são traços do poder imperial concedido aos entes públicos.’’ TELEVISÃO Keila Jimenez Descontrole virtual ‘Um mês após criar um manual para os seus profissionais com ‘regras’ para o uso de mídias sociais como Twitter e blogs, a Globo segue sem controle de seu cast no território virtual. No novo regimento, a emissora proibiu seus profissionais de divulgar na web fotos e informações sobre atrações, e de comentar sobre programas da casa e da concorrência. Diretor do Big Brother Brasil, Boninho foi o primeiro a levar um puxão de orelha por alfinetar, na época, A Fazenda, da Record, mas não se intimidou. Garante ter autorização para twittar e continua falando da concorrência na web. Rei do Twitter, com mais de um 1 milhão de seguidores, Luciano Huck também foge às regras. No dia 18, trocou figurinhas via Twitter com a filha de Silvio Santos, sobre entrevista de Ronaldo no SBT. ‘O Twitter é uma nova ferramenta de comunicação, e todos estão se adaptando. Vou me adaptar também às premissas sugeridas pela casa’, promete Huck. A Globo, por meio de sua assessoria, diz que as regras são novas, e que em breve todos os contratados reconhecerão que esse é o melhor caminho para preservar o trabalho coletivo.’ ************ Folha de S. Paulo Segunda-feira, 26 de outubro de 2009 TODA MÍDIA Nelson de Sá À esquerda ‘Sob o título ‘O verdadeiro Lula’ e o subtítulo ‘O presidente do Brasil vira à esquerda’, a americana ‘Newsweek’ critica que, ‘em mensagem pesada ao mercado, ele estapeou taxa no investimento estrangeiro’. E ‘parece estar em missão de redenção do Estado’. Em suma, ‘um populista’. Por outro lado, sob o título ‘Especulação estrangeira com nossa moeda é uma bolha prestes a estourar’ e o subtítulo ‘Devemos seguir liderança do Brasil e impor taxa sobre capital externo’, os australianos ‘Sidney Morning Herald’ e ‘The Age’ destacaram domingo que ‘os hedge funds americanos e ingleses estão de volta a seus velhos truques’. Argumentou que ‘a alta do real brasileiro e do dólar australiano teve impacto desastroso sobre a indústria de não commodities’ de ambos. NO BC TAMBÉM? Enquanto Henrique Meirelles estreia ‘merchandising’ do Banco Central no ‘Domingão do Faustão’, a cobertura econômica tenta identificar o que vem por aí. A ‘Exame’ destacou ‘o que o mercado espera do substituto’. Diz que os ‘ortodoxos’ apoiam os diretores do BC Mário Mesquita e Alexandre Tombini, mas se estende mais sobre o ‘desenvolvimentista’ Luciano Coutinho, dizendo que traria ‘o velho fantasma’ da inflação. Já ‘O Estado de S. Paulo’ entrevistou Coutinho e deu a manchete ‘País deve conter gastos para crescer, diz chefe do BNDES’. Ele nega a ‘aposta crescente no mercado’, no dizer do jornal, de passar ao BC. SEM EQUILÍBRIO Wolfgang Schaeuble, futuro ministro das finanças da Alemanha, que alcançou ontem um acordo de coalizão de partidos direitistas, deu entrevista ao ‘Welt Am Sonntag’ e ‘descartou equilíbrio fiscal’ por quatro anos, até o fim do governo. Diz ele: ‘Nós temos que fazer tudo para interromper o declínio do crescimento’. SEM FLUTUAÇÃO Diante da pressão americana para a China implantar câmbio flutuante, como o Brasil, o ‘Financial Times’ foi ouvir Jim O’Neill, economista que ‘surgiu com o conceito Bric’. Ele ironizou: ‘Talvez em dez anos a China fale ‘Viemos até aqui sem flutuar a moeda’ e imponha o câmbio controlado sobre o resto do mundo’. ‘MÉXICO, NO; BRASIL, SÍ’ Moisés Naím, editor-chefe da ‘Foreign Policy’, publicou ontem no ‘El País’ a coluna ‘México, não; Brasil, sim’. Abre dizendo que, ‘faz só alguns anos, o México simbolizava o sucesso da América Latina, e o Brasil, seu fracasso. Hoje é o oposto’. Saúda até a taxa sobre aplicação externa, citando o editorial do ‘conservador ‘Financial Times’. Na frase em destaque, ‘Nos últimos anos, 20 milhões de brasileiros saíram da pobreza’. Encerra lamentando como os ‘cartéis de empresas privadas, sindicatos, meios de comunicação’ impedem o progresso mexicano. E dizendo, ‘Oxalá a competição com o Brasil estimule’ competição por lá. MOSTRA Já cresce a cobertura de Brasil no Irã. Entre outros, seu canal de notícias em inglês deu a Mostra de SP, com 14 filmes iranianos como ‘Ashkan’ (acima), do diretor Shahram Mokri COMPETIÇÃO O ‘Jornal Nacional’ destacou o noticiário estrangeiro da violência no Rio em suas edições dos dias 17, 19, 20, 21 e 23. Deu que a ‘Economist’ ‘aborda a competição de facções rivais’, mas não que comparou o Rio com São Paulo, onde ‘uma gangue é dominante’. A opinião, já exposta antes, é que até os homicídios caem devido ao ‘monopólio do PCC’ HEGEMONIA Do economista Carlos Lessa, autor de ‘O Rio de Todos os Brasis’, ontem no ‘Estado’: ‘A queda do helicóptero mostra o estágio primário do conflito. A paralisação de São Paulo pelo PCC mostra a vantagem civilizada de um crime com hegemonia. O crime organizado já se estabilizou. Como não está estabilizado no Rio, há conflitos. O helicóptero abatido é notícia nova e ajuda a mídia a ‘cronificar’ a imagem do Rio violento, neutralizando a escolha da Olimpíada’. OUTRO BRASIL O caderno de turismo do ‘NYT’ se voltou à América Latina. No destaque, Minas, ‘O outro Brasil’ (acima). Depois Uruguai, México, Colômbia e só então o Rio’ TELEVISÃO Folha de S. Paulo TV deixa de ser item mais importante entre os jovens ‘A TV, o eletrodoméstico de maior penetração no país, já não é considerado o item mais importante do dia a dia para a população jovem (de até 34 anos), segundo resultado de pesquisa feita pelo Ibope sobre hábitos de consumo de meios de comunicação. Para a faixa etária de dez a 17 anos,o computador com acesso a internet é o aparelho mais relevante (com 82% no ranking de prioridade), seguido pela TV (65%) e telefone celular (60%). Dos 18 aos 24 nos, o líder do ranking passa a ser o telefone celular (78%), com computador ligado à rede (72%) e TV (69%) em sequência, o que tem pequenas diferenças em relação ao próximo grupo, dos 25 aos 34: celular (81%), TV (73%) e computador (65%). Na média geral da população, a TV fica na liderança da pesquisa, com77% de preferência. Para Dora Câmara, diretora comercial do Ibope, os resultados também são explicados por um processo de convergência: quanto mais jovem a população, maior é a capacidade de acomodar os meios de comunicação de forma simultânea. ‘Metade dos jovens de 12 a 19 anos costuma acessar a internet enquanto veem TV ou ouvem rádio’, diz. Apesar disso, 82% dos 800 entrevistados preferem consumir um meio de cada vez. Dora brinca que, apesar da evolução dos meios, ‘o homem ainda é versão 1.0’, o que de certa forma explica essa preferência. ‘Estamos cada vez mais midiáticos, mas isso não significa que abandonaremos os meios mais antigos. Apenas incorporamos os novos em nossa rotina’, diz Dora. MUITOS DESAFIANTES… O site do SBT já contabiliza maisde76mil inscrições para o programa ‘Um contra Cem’, apresentado pelo empresário Roberto Justus desde o meio de setembro. …NEM TANTO IBOPE Apesar do bom número de inscritos, a atração segue com média de seis a sete pontos no Ibope durante as noites de quarta-feira. NA MESA O ‘Jantar das Gerações França-Brasil’, que acontece esta semana em SP, terá os bastidores registrados com exclusividade para o programa’ Truques de Confiança’, a ser apresentado em novembro por Claude Troisgros no GNT. VISITA O governador de São Paulo, José Serra (PSDB),almoça amanhã com a diretoria da RedeTV!. Aproveita para conhecer as novas instalações da emissora,que serão inauguradas no dia 13. E A ESTREIA FOI… Roberto Cabrini finalmente foi ao ar no SBT. Mas seu programa só estreará em 2010. O jornalista participou do Teleton com duas reportagens sobre superação de dificuldades. FUTEBOL INÉDITO Ontem, foi realizada no México a primeira transmissão ao vivo de futebol (o jogo entre Chivas e América) com o uso da tecnologia 3D. A iniciativa foi do canal Televisa e da Sony.’ Marianne Piemonte tudormania ‘A Inglaterra está vivendo uma tudormania. Às sextas-feiras, os britânicos têm parado para assistir a série ‘The Tudors’ -no Brasil, já foram exibidas as três primeiras temporadas (leia abaixo). ‘The Tudors’ é um retrato fictício do período em que a dinastia homônima reinou a Inglaterra, entre 1485 a 1603. Tudo gira em torno das ações e casos amorosos de Henrique 8º, que possibilitaram que a Reforma religiosa, apoiada nas ideias do teólogo alemão Martinho Lutero (1483-1546), se difundisse em território inglês. Ao mesmo tempo, o Booker Prize acaba de premiar o livro ‘Wolf Hall’, de Hilary Mantel, 57, que tem como centro a biografia de Thomas Cromwell, o conselheiro do rei. O livro deve ser lançado no ano que vem no Brasil pela Record. Cromwell é figura fundamental desse período. Foi responsável por impulsionar a reforma da igreja e pelas mudanças que viriam transformar a Inglaterra numa superpotência no final do século 16. Mantel vive num antigo hospital vitoriano, convertido em condomínio de apartamentos, a 40 km de Londres. Foi ali que recebeu a Folha para a entrevista abaixo. FOLHA – Por que você escolheu Thomas Cromwell? HILARY MANTEL – Cromwell era de origem humilde. No entanto, ascendeu a um grande poder durante décadas de grandes transformações da história inglesa. Como ele fez isso? Isso é o que meu livro tenta responder. Era um homem cruel e ambicioso, mas admiro sua energia, audácia e inteligência. FOLHA – O que acha da série ‘The Tudors’? MANTEL – Fiquei com inveja do dinheiro torrado nela. Parte é altamente cuidadosa com a história, mas a maioria, não. Os realizadores decidiram que poderiam melhorar a história, o que é sempre um engano. Uma vez feita uma simples mudança, haverá uma série de consequências e a história, como um todo, se tornará sem sentido. Logo que ouvi que Jonathan Rhys Meyers seria o Henrique 8º, sabia que não poderia levar o projeto a sério. Seria bem difícil encontrar um ator menos apropriado. FOLHA – Cromwell é apresentado de forma justa? MANTEL – Se compararmos a maioria dos tratamentos que Thomas Cromwell recebeu na ficção e na série, essa foi uma bastante simpática. Pelo menos a série o apresenta como um homem de genuínas convicções religiosas e não como um cínico. Embora eu não tenha tanta certeza de que o verdadeiro Thomas Cromwell fosse tão quieto e introvertido como o personagem interpretado por James Frain. Era sociável e gostava de companhia e boas conversas. FOLHA – A execução de Cromwell foi mesmo consequência do desastroso casamento que ele arrumou para Henrique 8º com a alemã Ana de Cleves, a alemã? MANTEL – Essa é uma complicada questão que vou explorar na sequência em que estou trabalhando, ‘The Mirror & the Light’ (o espelho e a luz). Certamente, o casamento foi um desastre, mas Cromwell não poderia ter previsto que Henrique não fosse gostar de Ana de Cleves tão rápido (em seis meses o casamento não foi consumado) e ele tinha boas razões políticas para promover essa união. Essa aflição do rei colocou Cromwell em temporária desvantagem, seus inimigos políticos e religiosos viram aí uma oportunidade de destruí-lo.’ *** Historiador responsável pela série de TV diz que mudanças são necessárias ‘Justin David Pollard, 41, é o historiador responsável pelos 85% que são considerados ‘de verdade’ em ‘The Tudors’. A série narra as histórias da corte de Henrique 8º, rei inglês famoso pela vida sexual conturbada na busca de um herdeiro homem e por mandar cortar a cabeça de Ana Bolena, sua segunda esposa. Formado em Cambridge, Pollard foi consultor de séries históricas da BBC e do filme ‘Elizabeth’, protagonizado por Cate Blanchett. Desde o início de ‘The Tudors’, conta que recebeu reclamações de outros historiadores a respeito da veracidade dos episódios contados. Em resposta, afirma que a série não é um documentário ou uma máquina do tempo em que se pode visitar o passado. ‘Trata-se de uma série baseada no passado. Portanto, algumas edições foram necessárias.’ Uma delas foi o desaparecimento de uma das irmãs de Henrique 8º e a morte do Cardeal Wolsey (descrita como suicídio) -até então o braço direito do rei, substituído por Thomas Cromwell. Quanto à contestada beleza do rei, interpretado na série pelo irlandês Jonathan Rhys Meyers e criticado por Hilary Mantel, Pollard diz que Henrique 8º foi um jovem bonito e atraente. Só depois do acidente que sofreu numa justa (jogo medieval de lanças a cavalo) é que ficou obeso, porque não podia se exercitar. Situação que só piorou com o tempo, pois o rei sofria de gota. Na época tudoriana, a Inglaterra era considerada por outros reis europeus ‘um remanso de bárbaros’, quase um país de segunda linha. Com a Reforma, que fez com que a Inglaterra rompesse com Roma e criasse a Igreja Anglicana, motivada principalmente pelo desejo de Henrique 8º de anular o casamento com Catarina de Aragão e se casar com Ana Bolena, o país começou a trajetória que o consolidaria como uma superpotência no final do século 16. Sem o dinheiro e as terras que anteriormente pertenciam à Igreja Católica, seria inviável a construção de uma Marinha forte, fundamental nesse processo. ‘Muitos reis europeus, notadamente o rei da Espanha, subestimaram Henrique 8º. No entanto, foi ele quem deu a última gargalhada.’ Esse sentimento de nação menos forte ou à mingua pode ser comparado ao que vive hoje o Reino Unido diante da crise econômica. ‘Mas, sem dúvida, o que deixa os espectadores hipnotizados pela série é a vida pessoal do rei e suas seis mulheres.’ Sobre Cromwell, Pollard diz que ele foi o grande nome por trás do rompimento com Roma. ‘Foi ele que providenciou munição intelectual para o movimento.’ Para o historiador, o casamento fracassado do rei com Ana de Cleves (a quarta mulher), arranjado por Cromwell, deu motivos aos inimigos da Reforma religiosa. ‘Ele morreu participando de um jogo perigosíssimo, o de ser conselheiro de Henrique 8º.’’ Quarta temporada estreia em 2010 ‘‘The Tudors’, que foi lançada em 2007 nos EUA e desde então vem conquistando o público na Inglaterra e em outros países, já teve quatro temporadas produzidas até agora. A terceira temporada, já exibida no Brasil pelo canal da TV paga People and Arts em agosto deste ano, está sendo atualmente reapresentada às sextas-feiras, às 22h, e aos domingos, às 21h. A quarta temporada, filmada na Irlanda, deve estrear no Brasil, pelo People and Arts, no segundo semestre de 2010. Em DVD, as duas primeiras temporadas estão à venda, por R$ 70, em média, cada uma.’ Rodolfo Lucena Heróis de ‘Two and a Half Men’ têm mulheres como alvo ‘Mulheres em profusão, lindas e luxuriantes, todas elas desejáveis e desejosas, dispostas a descompromissadas noitadas de prazer, regadas a cerveja gelada e uísque 12 anos. Assim é a vida de Charlie Harper, endinheirado quarentão que ganha a vida como criador de jingles. Tudo seria perfeito se o casarão de Charlie à beira-mar, em Malibu, não abrigasse também seu fracassado irmão mais novo, Alan, falido depois do divórcio. Alan traz como apêndice o filho comilão, Jake, e os três formam a trupe central de ‘Two and a Half Men’, uma das comédias televisivas de maior sucesso na história, mantendo-se há vários anos entre os líderes de audiência nos EUA. O sucesso do show é demonstrado em prêmios -desde 2005, contabiliza pelo menos um Emmy (o Oscar da TV) por ano. Também é medido em dólares: o protagonista Charlie Sheen, que interpreta seu xará, é o mais bem pago ator da TV norte-americana, embolsando US$ 875 mil por episódio, segundo ranking elaborado pela revista ‘TV Guide’. A sétima temporada da série, transmitida desde o mês passado nos Estados Unidos, teve na estreia mais de 13,5 milhões de telespectadores, ficando em segundo lugar em seu horário, mas os demais (até o quinto episódio) chegaram ao primeiro posto. Nesta temporada, que estreia amanhã no Brasil, a grande discussão nos primeiros capítulos é para ver se vai durar o noivado de Charlie com Chelsea (Jennifer Taylor). Na temporada passada, ela passou a morar na mansão -a primeira mulher com quem Charlie dividiu os lençóis de forma mais regular. A questão agora é: vale mesmo a pena? No primeiro episódio, uma gostosona do passado vem balançar a decisão do garanhão, cuja vida está cada vez mais estorvada pelo irmão e pela adolescência do sobrinho. De tudo isso, podemos esperar mais diálogos ferinos, comportamento ofensivo aos cânones do politicamente correto e muita diversão. TWO AND A HALF MEN Quando: terças, às 21h Onde: Warner Channel Classificação: não informada’ TECNOLOGIA Brad Stone e Ashlee Vance Computador ‘tablet’ pode afinal virar realidade ‘SAN FRANCISCO – O setor tecnológico anda empolgado com uma ideia que não é exatamente nova: os computadores ‘tablet’. Discretamente, várias empresas se preparam para lançar nos próximos meses versões dessas máquinas portáteis sem teclado, com tela sensível ao toque. Observadores estão particularmente de olho em se a Apple irá vender esse dispositivo a partir de 2010. Os ‘tablets’ estão por aí em várias formas há duas décadas, até agora resultando apenas em um memorável fracasso. Mesmo assim, a nova leva de equipamentos capturou a imaginação de executivos, blogueiros e caçadores de novidades tecnológicas. Para eles, os ‘tablets’ irão salvar os jornais e as editoras, serão uma nova forma de assistir a TV e filmes e de jogar videogames, além de oferecer um modo visualmente rico de aproveitar a internet e o mundo em rápida expansão dos aplicativos para celulares. ‘Desktops, laptops -já sabemos como eles funcionam’, disse Brian Lam, diretor editorial do popular site de tecnologia Gizmodo. Os ‘tablets’, segundo ele, ‘são um dos últimos mistérios que restam’. Os computadores ‘tablet’ foram inicialmente concebidos como uma forma de suplantar o velho papel -assim como os PCs substituíram as máquinas de escrever. Em 1993, o Newton MessagePad, da Apple, com sua tela cara e sua caneta stylus, se tornou conhecido não por suas características inovadoras, mas por ser ridicularizado na tira ‘Doonesbury’ devido às suas falhas no reconhecimento da caligrafia. Steve Jobs matou o Newton quando voltou para a Apple, em 1997. Então, em 2001, na feira Comdex, Bill Gates lançou um novo sistema Windows para ‘tablets’, com uma previsão ousada: em cinco anos, afirmou, os ‘tablets’ seriam ‘a forma mais popular de PC vendida nos EUA’. Isso não aconteceu, é claro. ‘Tablets’ rodando Windows vendem apenas umas poucas centenas de milhares de unidades por ano, a maioria para setores como saúde e serviços financeiros. Havia problemas muito básicos com esses primeiros ‘tablets’: eles custavam demais e não faziam o suficiente. ‘Os engenheiros de software ficaram à frente das capacidades do hardware’, disse Paul Jackson, analista de produtos da Forrester Research, empresa independente de tecnologia e pesquisa de mercado. ‘Mas podemos estar finalmente chegando ao ponto em que os sonhos e as aspirações desses projetistas estejam realmente encontrando uma tecnologia capaz e com preço razoável.’ O rufar de tambores do lançamento de ‘tablets’ já começou. Em junho, a francesa Archos começou a vender um pequeno ‘tablet’ com o software Android, do Google. Ela vai lançar outro ‘tablet’ com o Windows 7, da Microsoft, que vem com suporte para telas sensíveis ao toque. O blog de tecnologia TechCrunch também encomendou o seu próprio ‘tablet’ para internet, chamado CrunchPad, que prometeu lançar no final deste ano. Apesar dos seus problemas anteriores no negócio dos ‘tablets’, a Microsoft parece disposta a tentar de novo. Em setembro, imagens de um dispositivo da Microsoft parecido com um livro, chamado Courier, com duas telas coloridas de 7 polegadas, apareceram no Gizmodo. O suposto ‘tablet’ da Apple é o mais aguardado de todos. Analistas preveem que a empresa o lançará no começo do ano que vem -uma espécie de versão revista e ampliada do iPod Touch, com preço em torno de US$ 700. Apesar da preponderância dos aplicativos para celulares, ainda há a persistente questão de se as pessoas comuns irão realmente encontrar um uso para os computadores ‘tablet’. ‘Posso imaginar algo como o iPhone com uma tela muito maior, sendo um dispositivo esplêndido e com grande capacidade, mas não sei onde eu encaixaria isso na minha vida’, disse um ex-executivo da Apple, que pediu anonimato devido às políticas de sigilo da empresa, mas que prevê um ‘tablet’ da Apple para o ano que vem. ‘Esses são os debates que têm acontecido dentro da Apple já há algum tempo.’’ ************