Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A teoria petista da imprensa

A batatada de Lula em sua entrevista ao repórter Kennedy Alencar reflete, de forma tosca e resumida, a opinião do comissariado de informações do Planalto e da nação petista sobre os meios de comunicação. Ele disse o seguinte: ‘Não acho que o papel da imprensa é fiscalizar. É informar. (…) Essa informação pode ser de elogios, de denúncias. (…) Para ser fiscal tem o Tribunal de Contas, a Corregedoria-Geral da República, tem um monte de coisas’.

Nesse modelo não haveria lugar para as recentes denúncias de torturas de presos por agentes do governo americano. Muito menos para o caso Watergate, que acabou derrubando um presidente dos Estados Unidos. Mensalão? Nem pensar. Em todos os casos foi a ação fiscalizadora da imprensa que disparou e permitiu as investigações. Não se tratou de uma bobagem do tipo ‘quando Napoleão foi à China’. O comissariado realmente acredita que há uma conspiração da imprensa contra o governo e sonha com a construção de um novo modelo para os meios de comunicação brasileiros.

Noves fora a tentativa de expulsão do jornalista Larry Rother, Nosso Guia jamais moveu um dedo contra alguém por conta do que disse dele ou de seu governo. Feita essa ressalva, fica o registro de que é grande a simpatia do comissariado pelas iniciativas do coronel Hugo Chávez na Venezuela. Uma compreensão paternal: ‘Não concordo, mas entendo’.

Todos os governos acham que são perseguidos por conspirações da imprensa, mas Nosso Guia estimula seus paranoicos. Sem fiscalização, ele continuaria falando em ‘Corregedoria-Geral da República’. Isso não existe, o nome certo é Controladoria-Geral da União e seu titular é escolhido pelo presidente.