Houve um tempo em que os clientes somente valorizavam o trabalho de Assessoria de Imprensa quando seus nomes eram citados por veículos impressos. Considerando que nos últimos 20 anos diversas crises econômicas foram responsáveis pelo fechamento de importantes redações no país – além da mudança com que novas gerações passaram a consumir notícias – foi ficando cada vez mais difícil “emplacar” no impresso. O surto do novo coronavírus consolidou uma mudança que vinha sendo sentida, embora nem sempre admitida. Houve um aumento de 19% no consumo de conteúdo e notícias online, contra 3% de jornais impressos. De modo geral, tudo o que está relacionado à internet registrou aumentos relevantes. Ou seja, nunca antes a comunicação online foi tão valorizada.
As edições digitais de consagrados jornais e revistas vêm conquistando cada vez mais leitores, competindo com portais de notícias, blogs e sites especializados. Esse universo online é vasto e tem lugar para todos. Sendo assim, os press releases ainda são um dos recursos mais poderosos de comunicação e marketing. Às vezes são publicados do jeitinho que foram entregues. Outras, levam repórteres a fazer entrevistas tão originais quanto os rumos que uma notícia pode seguir. Eles não servem apenas para fazer lançamentos de produtos e serviços, mas para discutir temas importantes para a sociedade e informar o maior número de pessoas possível. Além disso, os press releases hoje em dia também são adaptados para alcançar mídias sociais – entrando em contato direto com interessados no nicho da empresa (clientes, influenciadores etc.) e aumentando o reconhecimento da marca.
Mais do que a manjada centimetragem, é importante que a Assessoria de Imprensa saiba examinar as métricas e avaliar o resultado de cada cliente. Obviamente, uma das primeiras coisas que se faz ao fechar um contrato é perguntar diretamente ao cliente que tipo de mídia ele valoriza por instinto. Supondo que ele é assinante de um ou dois grandes jornais e de mais duas ou três revistas mensais, é hora de mostrar o quanto a mídia online vai contribuir sobremaneira para que seu nome ganhe destaque em ferramentas de busca – sem descartar todo tipo de impresso e muito menos deixar de valorizar uma boa entrevista de rádio e TV. Tudo vai estar na internet. E quem é, atualmente, que consome qualquer produto ou serviço sem antes dar uma busca no Google, por exemplo?
Mensalmente, é importante avaliar a visibilidade do cliente e checar quão amplamente as notícias distribuídas foram compartilhadas, que tipo de veículo está divulgando, que público está compartilhando, avaliar o impacto das notícias entre os funcionários da marca – estimulando que também eles divulguem em suas redes tudo o que a marca está fazendo de bom. Enfim, é preciso avaliar tudo o que vem impactando o funil de marketing (geração de leads qualificados, avaliação e solução de problemas e desafios etc.).
Mas o que é um bom press release? Pode-se dizer que a responsabilidade do assessor de imprensa é fazer uma boa matéria jornalística, levando em consideração toda a importância do lead. O primeiro parágrafo já deve trazer o que, quem, quando, onde e por quê. Isso facilita a compreensão de quem recebe a pauta. Também é importante descobrir um bom gancho que conecte o que o cliente tem ou saiba de específico à necessidade das pessoas ou pelo menos de um grupo delas. Considerar o público-alvo é outro ponto fundamental.
Além do conteúdo que o cliente tem para entregar, cabe ao assessor de imprensa estudar o mercado de que pretende falar, avaliar a concorrência, pesquisar o que vem sendo falado aqui e no exterior sobre o tema. Sempre que possível, trazer casos, personagens, estudos e estatísticas que tornem o fruto do seu trabalho mais saboroso. Enfim, o que se entrega é uma matéria que pode ser divulgada na íntegra ou servir de ponto de partida para uma reportagem maior. Quem capricha no texto, valoriza e respeita o leitor – pouco importa se é impresso ou online.
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Heloísa Paiva é jornalista há 30 anos e dirige a Press Página Projetos de Comunicação há 19 anos.