Programas de TV com conteúdo sexual podem contribuir com a gravidez na adolescência, concluiu estudo feito pela organização de pesquisa americana Rand, divulgado no início da semana. A pesquisa levou três anos para ser feita, e é a primeira a relacionar programas televisivos com conteúdo picante a comportamento sexual arriscado entre os jovens.
‘Nossas conclusões sugerem que a televisão pode desempenhar um papel significativo nos altos índices de gravidez na adolescência nos EUA’, afirma Anita Chandra, cientista comportamental que conduziu o estudo na Rand. ‘Não estamos afirmando que há uma relação direta de causa e efeito, mas que este é um dos fatores que podemos relacionar à gravidez na adolescência’, completa Chandra, acrescentando outros fatores, como revistas, músicas e internet.
Os pesquisadores entrevistaram adolescentes de 12 a 17 anos, por três vezes, entre 2001 e 2004. Os jovens responderam a perguntas sobre seus hábitos televisivos, comportamento sexual e gravidez. Dos 718 adolescentes que participaram do estudo, 91 ficaram grávidas ou engravidaram suas companheiras. Aqueles que assistiam a programas com cenas picantes apresentaram o dobro do risco de se tornarem pais, comparado àqueles que evitavam tal tipo de programação.
O estudo analisou 23 programas de emissoras abertas e a cabo, incluindo reality shows, seriados de comédia e drama e animações – as comédias revelaram o maior teor sexual, enquanto os realities, o menor. ‘O conteúdo televisivo que analisamos raramente mostra os aspectos negativos do sexo, seus riscos e responsabilidades’, diz a pesquisadora. ‘Então, se os adolescentes estão obtendo informação sobre sexo [na TV], eles não recebem informação sobre gravidez ou doenças sexualmente transmissíveis’.
Nos EUA, os índices de gravidez na adolescência vêm caindo drasticamente desde 1991, mas ainda são altos, comparados a outros países desenvolvidos. Quase um milhão de meninas entre 15 e 19 anos engravidam anualmente, o que representa 20% da população de mulheres sexualmente ativas nesta faixa etária. A maior parte destas gestações não foi planejada; na maioria dos casos, as adolescentes acabam deixando a escola.
Agressividade
Uma outra pesquisa, feita em parceria entre Japão e EUA, revelou que crianças que têm como hábito brincar com jogos violentos tendem a apresentar comportamento agressivo. Nos EUA, há jovens que gastam em média 13 horas por semana com jogos de computador. Mais de 1,2 mil jovens japoneses e 364 americanos, de 9 a 18 anos, foram avaliados no estudo. Segundo pesquisadores das universidades Ochanomizu e Keio, no Japão, da Universidade de Iowa e do Instituto Nacional de Mídia e Família, nos EUA, atitudes violentas na vida adulta podem ser associadas à agressividade na infância. Informações de Andrew Stern [Reuters, 3/11/08].