Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Mario Vitor Santos

‘Enquanto no Brasil candidatos, a imprensa e público enfrentam restrições ao uso da internet nas eleições, nos Estados Unidos as redes sociais, o Second Life e o YouTube estão decidindo a disputa entre John McCain e Barack Obama.

O jornal britânico ‘The Independent’ publicou, no começo de outubro, artigo de Jimmy Lee Shreeve, que diz que ‘essa batalha eleitoral será ganha (ou perdida) online’. Apesar de bem menos maciça e noticiada que a do candidato democrata, a campanha virtual de McCain chama atenção não só por seu website ter melhorado em ferramentas de redes sociais, mas também por ter sido o primeiro a mostrar um videogame. Chamado de ‘Pork Invaders’, o joguinho faz referência ao aumento da responsabilidade fiscal, uma das promessas do candidato.

A reportagem lembra, também, que na corrida presidencial de 2000, McCain foi o primeiro a realizar um evento virtual para levantar fundos e organizou um primitivo chat durante campanha na Carolina do Sul, usando um laptop e um modem de 56K.

A vantagem nesta disputa, no entanto, é de Obama. Em seu site, é possível criar uma conta pessoal. Com isso, o endereço tem cinco vezes mais assinaturas que o do rival republicano. ‘Obama tornou-se o ‘queridinho’ das redes sociais, um mestre da ‘política Facebook’. Ele contratou Chris Hughes, um dos fundadores do Facebook, para ajudá-lo em sua campanha’, escreve Shreeve. Até um show de campanha para Obama foi organizado no Second Life.

Enquanto Obama tem 2.011.014 de amigos no Facebook, McCain tem 558.737. No MySpace, Obama tem apoio de 668.429 pessoas, McCain 156.088. Em seu canal oficial no YouTube, Obama tem 95.586 acessos, contra 23.427 de McCain.

Alguns críticos acham que tudo não passa de publicidade barata. O analista político Tim Pendry acredita que por mais que essas informações circulem pela web, elas serão entendidas pela maioria das pessoas não como política, mas como entretenimento. ‘A rede é uma forma de anarquia sob uma volatilidade cínica’, diz o analista.

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Os ‘esquecidos’ do Último Segundo (30/10/08)

Dois canais do menu lateral do Último Segundo estão ‘esquecidos’. São eles o ‘Caiu na Rede’ , que apresentava uma seleção de vídeos interessantes que viraram notícia, e o ‘Bizarro’ , com notícias estranhas, interessantes e engraçadas. Há dois meses, desde agosto, esses canais não são atualizados, o que fere a proposta de atualização constante do conteúdo oferecido ao internauta.

Destacados junto a canais de prestação de serviço, como previsão do tempo, trânsito e cotações da bolsa, o ‘Caiu na Rede’ e o ‘Bizarro’ trasmitem a impressão de falta de estrutura material e humana, bem como de rotinas de trabalho que garantam a atualização periódica. O leitor pode ficar com a impressão de que outras áreas do portal também podem estar desatualizadas. Nos sites concorrentes, os canais de notícias bizarras têm atualização diária, destaque constante. Assim a audiência tende a retornar para conferir as novidades.

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A batalha épica da diversidade (28/10/08)

De nada adianta ter a melhor capa, esta mostrar o conteúdo mais atraente, a edição mais relevante e os melhores colaboradores se, ao clicar, o leitor não a vê imediatamente. O sucesso dos grandes sites na internet é conseqüência em grande parte de sua velocidade. Se o carregamento de uma homepage é lento, a audiência procura outro endereço. O compromisso do iG neste ano é aumentar muito a velocidade de carregamento das páginas, especialmente da capa.

Vamos ver como anda esse assunto: a capa do portal levava 50 segundos para carregar ao longo de 2007. Esse tempo caiu para a casa dos 40 segundos em dezembro daquele ano, com conexão de 56 Kbps (conexão discada).

Agora, o blog do ombudsman repetiu a medição usando o site WebOptimization e constatou que, com a mesma velocidade de conexão, o tempo de carregamento da capa do iG caiu em média para 26,98 segundos, incluindo todas as imagens e recursos. Com conexões mais rápidas, segundo o site SelfSeo, o iG chegou a carregar em até 1,28 segundo. De acordo com esses sites, a primeira página do iG é uma das mais rápidas entre os portais brasileiros. Na comparação com o Google, porém, mesmo este iG mais rápido, perde feio. Com página mais simples e menos ‘pesada’, o Google carrega em 2,71 segundos na conexão discada e 0,05 na banda larga. É um dos fatores que levam a plataforma Google a ser a mais visitada da web. Além da medição via sites, este blog fez uma medição ‘manual’ e chegou a números semelhantes.

Fala o iG

Procurado por este ombudsman, o Diretor de Tecnologia do iG, Marco Aurélio Lorena, afirma que a percepção obtida pelos testes está correta:

‘Também observamos esta ordem quando realizamos medições internas e comparamos com outros sites.

Porém, observamos que os diferentes sites que executam este tipo de medição utilizam metodologias de apuração distintas. Portanto, valores absolutos de tempo de carga podem sofrer grandes variações em função da conexão e da ferramenta de medição utilizada.

Os sites de medição mencionados utilizam sua própria metodologia e são ‘neutros’ em relação a todos os sites pesquisados e resultado mencionado é de inteira responsabilidade da fonte geradora.

O iG entende que melhorar a performance de entrega de todo seu conteúdo é uma questão de respeito para com todos os nossos usuários e continuaremos trabalhando, sem limites, para sermos cada vez mais rápidos.’

Rapidez e qualidade

Resta esperar que a rapidez com que se carrega a página não implique redução na qualidade de fotos nem na de outros recursos visuais publicados na home do iG.

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Altos e baixos do iG nas eleições (27/10/08)

O iG teve muitos avanços na cobertura das eleições municipais deste ano, como por exemplo:

Debate

Realizou o primeiro debate entre candidatos da internet brasileira em São Paulo, com a presença do vencedor, Gilberto Kassab.

Videochats

Entrevistas ao vivo (videochats) conduzidas pelo editor de eleições, Leandro Beguoci, foram um sucesso, mostrando um nível excelente de acabamento e de interação.

Internet livre

O iG assumiu uma atitude firme de luta contra as restrições impostas à internet pelo Congresso, pela legislação e pela Justiça eleitoral. O iG não venceu, mas sua posição obteve grande apoio geral.

Sobriedade

Prevaleceu um tom sóbrio e informativo na cobertura promovida pelo Último Segundo.

Kotscho

A entrevista do repórter Ricardo Kotscho com o presidente Lula, sem dúvida, conclui de forma excelente a cobertura do iG. Hoje, porém, o portal exibiu declarações contraditórias de Lula, com avaliações divergentes sobre quem (governo ou oposição) tinha vencido ou perdido a disputa.

Os pontos negativos da cobertura da eleição:

Análises

Faltou na página de eleição dar ênfase também à interpretação dos resultados, ou seja, quais serão sua conseqüências políticas. O tom geral esteve muito voltado até hoje para um fato que fica velho rapidamente: a apuração. Sabidos os resultados, o foco tem que voltar-se para repercussão, interpretação e análise.

Conseqüências

O iG tem uma avaliação que não é ampla o suficiente. Restringe-se a especulações sobre possibilidade de repetição em nível nacional das alianças PT-PSDB, como em Belo Horizonte, e PSDB-DEM, como em São Paulo. Não avalia as conseqüências do resultado para o presidente Lula, seu partido e seu governo e desconhece o PMDB, que certamente saiu ainda mais fortalecido.

Reportagens

Quando fez reportagem, o Último Segundo teve altos e baixos. Procurou sair às ruas, mostrar ângulos diferentes, mas às vezes de maneira questionável. Faltou uma cobertura que fosse mais bem distribuída nacionalmente e mais guiada por pautas próprias.

‘Endinheirados’

Com direito a título na capa do iG pela manhã, a reportagem sobre o ‘endinheirados’ de Higienópolis (remeter), bairro predominantemente de classe média alta, com chamada na capa do iG, exibiu preconceito ao basear-se em aparências e suposições superficiais não confirmadas. Apoiou-se apenas em declarações de transeuntes aos quais se atribuiu a condição de ricos. O texto é raivoso, chegando a dizer que pessoas abordadas ‘cuspiam’, quando não desejavam fazer declarações.

‘Atropela’

A manchete da capa de hoje pela manhã (‘Base atropela oposição nas maiores cidades’) tem enunciado confuso e conteúdo impreciso. Dá uma impressão errônea de que o governo federal e os partidos de sua base venceram as eleições, e que venceram fácil. O próprio texto do iG, baseado nos resultados das ‘79 principais cidades’ (o itálico é meu) aponta um crescimento de 13% dos partidos de sustentação do governo. Não foi uma vitória folgada, muito menos um atropelamento.

Análise em nível nacional

Na página de abertura da cobertura das eleições de 2008, faltou uma remissão para uma interpretação dos resultados em nível nacional. Refiro-me a um levantamento sintético mostrando num local único (um texto, arte, quadro ou gráfico) quem ganhou e quem perdeu e por quê. Essa análise foi parcialmente realizada por Ricardo Kotscho em seu blog, mas faltou ampliar e sintetizar tudo em alguma área.

Hotsite

Na página principal da cobertura de eleições, tomada ainda hoje pela manhã, como disse, pelo espírito do acompanhamento da apuração (o que torna-se superado em questão de poucas horas), ainda hoje revelava-se a pressa e falta de capricho na edição. Isso aparecia por exemplo, na qualidade dos títulos. Os quatro destaques principais da página tinham a mesma monótona estrutura. Começavam com a mesma palavra e referiam-se basicamente para a mesma informação:

– ‘Veja o resultado de todas as cidades onde houve segundo turno’

– ‘Veja a apuração do segundo turno das eleições’

– ‘Veja o resultado das eleições nas capitais’

– ‘Veja abaixo o resultado de todas as cidades’.

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Eleição e navegação (26/10/08)

Edição do iG do resultado das eleições não facilita a navegação simples e rápida. A manchete remete para uma página confusa, em que aparece uma tabela de resultados e não há uma remissão direta para a reportagem. Ou seja, o internauta clica na mnachete ‘Paes vence no Rio; Kassab é eleito em São Paulo’, por exemplo, e é remetido a uma página com resultados do Brasil inteiro e não ao texto relatando os fatos que a chamada anuncia.

O resultado é uma edição fria, sem conseguir desenvolver os instrumentos para ‘agarrar’o leitor, conduzindo sua leitura para diferentes níveis de amplitude e profundidade. Problema idêntico já havia ocorrido no primeiro turno. Quando o leitor vê um título e clica nele, provavelmente deseja também ser direcionado a uma reportagem de fácil leitura relativa àquilo que motivou seu interesse. Não quer ser encaminhado a uma tabela onde terá que fazer novas opções e descobrir onde está o texto.

Nesta segunda, farei um balanço da cobertura do iG nas eleições.’