Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

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PRÊMIO
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Prêmio Esso de Jornalismo 2008 divulga finalistas, 7/11

‘As comissões de seleção do Prêmio Esso de Jornalismo 2008 chegou aos nomes dos finalistas nas 11 categorias e nos dois prêmios especiais. Uma das decisões tomadas durante a reunião realizada no Rio por quatro dias consecutivos foi outorgar o diploma de ‘Melhor Contribuição à Imprensa em 2008’ ao projeto ‘Diário em Braille’, do jornal Diário de Pernambuco, pela iniciativa de oferecer aos deficientes visuais as informações do impresso.

Foram avaliados 1.090 trabalhos do texto, fotografia e criações gráficas.

Os vencedores serão conhecidos em cerimônia de premiação no dia 09/12, no Copacabana Palace, no Rio.

Veja quem são os finalistas deste ano:

Prêmio Esso de Reportagem

Elvira Lobato, com o trabalho ‘Universal chega aos 30 anos com império empresarial’, publicado no jornal Folha de S. Paulo.

Eliane Brum, Solange Azevedo e Renata Leal, com o trabalho ‘Suicídio.com’, publicado na revista Época.

Paulo Motta, Carla Rocha, Cristiane de Cássia, Dimmi Amora, Fernanda Pontes, Luiz Ernesto Magalhães, Selma Schmidt, Sérgio Ramalho e Angelina Nunes, com o trabalho ‘Favela S/A’, publicado no jornal O Globo.

Prêmio Esso de Fotografia

Luiz Vasconcelos, com o trabalho ‘Expulsos da Terra’, publicado no jornal A Crítica (Manaus).

Ricardo Saibun, com o trabalho ‘Um sonho adiado’, publicado no jornal Diário de S.Paulo.

Marcos Michael, Rodrigo Lôbo e Renato Spencer com o trabalho ‘Vidas invisíveis – a indiferença que mata’, publicado no Jornal do Commercio (Recife).

Clóvis Miranda, com o trabalho ‘Martírio no presídio’, publicado no jornal A Crítica (Manaus).

Marcelo Regua, com o trabalho ‘Retrato trágico do Brasil das armas’, publicado no jornal O Dia.

Prêmio Esso de Informação Econômica

Tiago Lethbridge e Juliana Vale, com o trabalho ‘O ano da China’, publicado na revista Exame.

Raul Pilati e equipe, com o trabalho ‘Quando o Brasil cresce…’, publicado no Correio Braziliense.

Fabiana Ribeiro, Lino Rodrigues, Higino de Barros e Henrique Gomes Batista, com o trabalho ‘Desemprego zero’, publicado no jornal O Globo.

Prêmio Esso de Informação Científica, Tecnológica e Ecológica

Eliane Brum, com o trabalho ‘A enfermaria entre a vida e a morte – a mulher que alimentava’, publicado na revista Época.

Mariangela Hamu Fonseca e equipe, com o trabalho ‘Amazônia – ainda é possível salvar?’, publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo

Túlio Brandão, Daniel Engelbrecht, Elenilce Bottari e Paulo Marqueiro, com o trabalho ‘A impunidade é verde’, publicado no jornal O Globo.

Prêmio Esso de Primeira Página

Paulo Oliveira, Vado Alves, Pierre Timotheo e Fernando Vivas, com o trabalho ‘Tragédia em sete atos’, publicado no jornal A Tarde (Salvador).

João Bosco Adelino de Almeida, Leni Reis, Carlos Alexandre, Ana Dubeux, Carlos Marcelo Carvalho, Luis Tajes e Plácido Fernandes, com o trabalho ‘Como fica cuba sem Fidel’, publicado no jornal Correio Braziliense.

Breno Girafa, Luisa Bousada, André Hippertt, Ana Miguez e Alexandre Freeland, com o trabalho ‘Cientistas brasileiros fazem alerta: mais terremotos vêm aí’, publicado no jornal O Dia.

Prêmio Esso de Criação Gráfica – Jornal

Andrea Araujo, Amaurício Cortez, Cecília Andrade e Luciana Pimenta com o trabalho ‘Dragão chinês’, publicado no jornal O Povo (Fortaleza).

Kacio Pacheco, com o trabalho ‘O homem que não estava lá’, publicado no jornal Correio Braziliense.

Renata Steffen, Fernanda Giulietti, Ivan Finotti e Alexandre Jubran, com o trabalho ‘Cigarro e álcool na adolescência’, publicado no jornal Folha de S. Paulo.

Prêmio Esso de Criação Gráfica – Revista

Ivan Luiz, Breno Girafa, Carlos Mancuso, André Provedel, Boni, Gustavo Moore e Raquel Vásquez, com o trabalho ‘200 anos – A família real’, uma coleção em formato de revista, publicado no jornal O Dia.

Josi Campos, Carlo Giovani, Fabiano Silva e Rodrigo Ratier, com o trabalho ‘Quando a máquina dá pau’, publicado na revista Superinteressante

Rodrigo Ratier, Naila Okita e Bruno Oliveira, com o trabalho ‘Nomes do mundo’ , publicado na revista Superinteressante.

Prêmio Esso Interior

Iara Lemos, com o trabalho ‘No coração do Haiti’, publicado no jornal Diário de Santa Maria (Santa Maria).

Rodrigo Lima, com o trabalho ‘Rio Preto fechada’, publicado no jornal Diário da Região (São José do Rio Preto).

Sammya Araújo e equipe, com o trabalho ‘Escândalo’, publicado no jornal Correio Popular (Campinas).

Prêmio Esso Regional 1

Luiz Henrique Campos, Demitri Túlio, Cláudio Ribeiro, Rafael Luis e Fátima Sudário, com o trabalho ‘Desertos do Sertão e chuvas do Sertão’, publicado no jornal O Povo (Fortaleza).

Silvia Bessa e Marcionila Teixeira, com o trabalho ‘Hanseníase’, publicado no jornal Diário de Pernambuco.

João Valadares e Eduardo Machado, com o trabalho ‘Vidas invisíveis’, publicado no jornal Jornal do Commercio (Recife).

Prêmio Esso Regional 2

Alana Rizzo, Thiago Herdy, Maria Clara Prates e Equipe, com o trabalho ‘Sangria na saúde’, publicado no jornal Estado de Minas.

Ana Beatriz Magno e José Varella, com o trabalho ‘Os brinquedos dos anjos’, publicado no jornal Correio Braziliense.

Itamar Melo e Patrícia Rocha, com o trabalho ‘A epidemia do crack’, publicado no jornal Zero Hora.

Prêmio Esso Regional 3

Fred Melo Paiva, com o trabalho ‘Depois que morre, cabou-se’, publicado no jornal O Estado de S. Paulo.

João Antônio Barros e Thiago Prado, com o trabalho ‘Dossiê milícia’, publicado no jornal O Dia.

Mauro Ventura, com o trabalho ‘Tribunal do tráfico’, publicado no jornal O Globo.

Prêmio Esso de Telejornalismo

Aldo Quiroga, Luiz Carlos Azenha, Julio Moreno, Carlos Wagner e José Vidal Póla Galé, com o trabalho ‘Luta na terra de Manukaíma’, exibido no programa Especial Cultura, veiculado pela TV Cultura.

André Felipe Tal, Ricardo Andreoni, Jorge Valente e Marcelo Zanini, com o trabalho ‘Dossiê Roraima: pedofilia no poder’, exibido no Domingo Espetacular, veiculado pela Rede Record.

Fábio Diamante, Thiago Brunieira, Ronaldo Dias, Mônica D’Afonso, Andrey Cepeda, Pablo Santos Soares, Marcos Roberto Monteiro, Ailton Silva, Carlos Alberto Sertório e Majô Godim, com o trabalho ‘Pirataria made in Brazil’, exibido no SBT Brasil , veiculado pelo SBT.

Melhor Contribuição à Imprensa

A Comissão de Seleção decidiu outorgar o diploma de ‘Melhor Contribuição à Imprensa em 2008’ ao projeto ‘Diário em Braille’, do jornal Diário de Pernambuco.’

 

SIGILO
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Polícia Federal nega quebra de sigilo telefônico de jornalistas da TV Globo, 7/11

‘A Polícia Federal divulgou nota contestando as informações publicadas na Folha de S. Paulo desta sexta-feira (07/11). Nela, a PF afirma que não quebrou sigilo telefônico sem autorização judicial. O que teria acontecido seria uma requisição para que a Nextel informasse a localização das torres de retransmissão da empresa situadas próximas à Superintendência da PF em São Paulo e a alguns dos endereços alvos da Operação Satiagraha.

O comunicado diz ainda que a ‘Polícia Federal não investiga jornalistas no referido Inquérito Policial, pois respeita a norma constitucional que garante o sigilo de fonte desses profissionais. A investigação visa à apuração de vazamentos de dados sigilosos da Operação Satiagraha’.

Na edição desta sexta, a Folha afirma que, por meio de apuração, constatou-se que a PF teria quebrado o sigilo de diversos aparelhos Nextel utilizados na madrugada em que a Operação Satiagraha foi deflagrada, incluindo os de jornalistas da Rede Globo. A intenção seria descobrir se o delegado responsável pelas investigações, Protógenes Queiroz, ou algum de seus subordinados teria vazado informações para a imprensa.

A PF confirma a existência de uma relação de telefones no inquérito, mas eles são dos aparelhos alugados para a execução da operação e nenhum deles teve o sigilo quebrado.’

 

PROFISSÃO PERIGO
Sérgio Matsuura

Jornalista do Paraná é ameaçado de morte por causa de reportagem

‘O jornalista Sérgio Ricardo da Luz, proprietário do jornal Extra Paraná, está sendo ameaçado de morte. Ele afirma que o motivo seria uma reportagem investigativa que está conduzindo sobre supostas irregularidades num processo sobre direitos precatórios e creditórios. O caso foi registrado no início da noite desta quinta-feira (06/11), na 15ª Subdivisão Policial de Cascavel, no Paraná.

Em seu depoimento, Ricardo da Luz diz ter recebido duas ameaças. A primeira foi na quarta-feira. Um dos empresários envolvidos na reportagem o teria alertado que algumas pessoas queriam eliminá-lo. A segunda aconteceu no dia seguinte. Uma pessoa, que se identificou como Jonas, ligou para a residência do jornalista e falou com a sua esposa, dizendo que sabia onde ela e os filhos do casal estudavam e que, caso a investigação continuasse, eles sofreriam as conseqüências.

‘O mais estranho é que eu me mudei há uma semana. O telefone foi instalado há menos de dez dias. Eu fiz algumas ligações para a reportagem e eles devem ter ficado com o número’, diz Ricardo da Luz.

O escrivão de polícia responsável pelo registro do caso, Reinaldo Bernardin de Andrade, informa que as investigações estão em andamento e que advogados de duas pessoas que foram citadas pelo jornalista compareceram à delegacia para tomar conhecimento da ocorrência. Informa ainda que é prematuro se falar em suspeitos e que, caso o responsável pela ameaça seja identificado, ele pode ser condenado a dois anos de reclusão. Para auxiliar as investigações, o jornalista pediu a quebra do seu sigilo telefônico.’

 

INTERNET
Bruno Rodrigues

O que ainda falta na internet?, 4/11

‘Um dos pontos que sempre faço questão de lembrar aos meus alunos é que a web não é o ápice da evolução da tecnologia de comunicação, por mais que pareça.

Todos esperamos que a raça humana continue caminhando neste planeta por mais alguns milhões de anos – embora ela se esforce muito para o contrário –, então há ainda muito que evoluir no campo da relação emissor/receptor. Menos ‘fim da história’, portanto; deixemos Francis Fukuyama quieto.

O que ainda há por vir? É animador exercitar a futurologia, mas sempre abrimos mais espaço para quem produz tecnologia, não para quem consome. Afinal, o que *nós* precisamos e que a internet ainda não nos oferece? Informação? Serviços? Relacionamento? Ferramentas de trabalho?

Listo abaixo dois aspectos do nosso dia- a-dia que a web ainda não cobre, e que torço para que logo se tornem realidade:

. A cívica tarefa de votar

O.k., posso estar cobrando demais de um país que já oferece a seus cidadãos o voto eletrônico, mas, peraí: isso não seria o primeiro passo para a eleição via web? Afinal, a votação online já foi testada com sucesso na Espanha, na Itália e na Suíça, e a tecnologia de identidade digital já existe há alguns anos.

Bastaria convocar os eleitores para passar em um posto eleitoral próximo de casa e criar sua assinatura online. Quando fosse a época de cumprir o dever cívico, nós o faríamos de casa. Sem multidão nas ruas se esbarrando, sem filas, sem stress.

Quanto ao perigo de fraude… Sinceramente, as frágeis urnas eletrônicas já provaram que segurança de informação em eleições é fruto de uma ação nada tecnológica: equipes, pessoas, gente. Nada mais clássico e moderno ao mesmo tempo.

Por que a idéia ainda não foi para frente? Em maio de 2004, poucos meses antes das eleições de outubro daquele ano, o então relator das instruções sobre as eleições, ministro Fernando Neves, descartou, por um bom tempo, a possibilidade de o eleitor brasileiro votar pela internet. O Brasil não estaria pronto, segundo ele. Então, tá. Veremos.

. Tirar certidões

Seja em momentos de suprema alegria como o do nascimento de um filho, ou de dor como a morte de um ente querido, nada mais fora de contexto do que ter que sair para obter uma certidão. Será que não dava para ser via web?

Ao que parece, estamos chegando lá. O Laboratório de Segurança em Computação da Universidade Federal de Santa Catarina desenvolve, há quase dez anos, o projeto Cartório Virtual, que prevê tudo isso que eu falei e muito mais: a idéia é tornar virtuais e concentradas todas as informações possíveis sobre cada um dos brasileiros. Seria bom para o país e melhor ainda para todos nós, é claro.

Fato é que já caminhamos. Você sabia que, até agosto de 2000, em um sistema que remontava ao Descobrimento do Brasil (acredite), era preciso que, junto com o declarante do registro de nascimento, comparecessem duas pessoas ao cartório para confirmar o nascimento? Ninguém merece.

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E você, compartilha dos mesmos sonhos online que eu, ou há algo a acrescentar?

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1. Para quem não conhece meu blog, dê uma checada no http://bruno-rodrigues.blog.uol.com.br.

2. Gostaria de me seguir no Twitter? Espero você em twitter.com/brunorodrigues.

(*) É autor do primeiro livro em português e terceiro no mundo sobre conteúdo online, ‘Webwriting – Pensando o texto para mídia digital’, e de sua continuação, ‘Webwriting – Redação e Informação para a web’. Ministra treinamentos em Webwriting e Arquitetura da Informação no Brasil e no exterior. Em sete anos, seus cursos formaram 1.300 alunos. É Consultor de Informação para a Mídia Digital do website Petrobras, um dos maiores da internet brasileira, e é citado no verbete ‘Webwriting’ do ‘Dicionário de Comunicação’, há três décadas uma das principais referências na área de Comunicação Social no Brasil.’

 

CRISE
Milton Coelho da Graça

Anúncio cai, papel sobe, passaralho a vista!, 7/11

‘Pelo terceiro mês consecutivo, o mineiro Supernotícia se mantém como o jornal de maior circulação no Brasil. Mas a glória também tem seus problemas em época de crise econômico-financeira global: o dólar subiu, o papel de jornal também subiu para mais de 900 dólares a tonelada e, portanto, num cálculo bem por cima, só em papel o Supernotícia deve estar gastando mais de metade de sua receita de circulação – 13 a 15 centavos de real por exemplar vendido a 25 centavos. E tudo indica que a receita publicitária em futuro próximo provocará muitas saudades de 2007.

O problema não é exclusivo do Supernotícia. Tanto jornais gratuitos como os pagos populares de todo o país (e, provavelmente, de todo o mundo) fazem contas apressadamente para antecipar o ponto de equilíbrio mínimo em cada caso.

O Dia, do Rio de Janeiro, está desenvolvendo um projeto com o qual pretende reduzir custos – especialmente papel – e, ao mesmo tempo, recuperar seu antigo posto entre os de maior circulação do país. Durante os últimos meses, a queda nas vendas tem sido constante e, segundo os mais recentes dados do IVC, em alguns dias de semana, a média baixou a menos de cem mil exemplares, o que nunca acontecera nos últimos 30 ou 40 anos do jornal. A ironia é que Meia Hora, lançado pela mesma empresa em 2005, sob a estratégia de defender o mercado carioca para jornais populares enquanto O Dia buscava enfrentar O Globo entre os leitores de maior poder aquisitivo, hoje supera as previsões de cirrculação e receita, tornando-se o principal produto da casa.

A mudança do formato de O Dia – para um tablóide entre Lance e Jornal do Brasil, mais ou menos parecido com Zero Hora, de Porto Alegre – está sendo preparada em uma sala reservada na redação. Simultaneamente, uma empresa especializada americana trabalha na reforma da rotativa (a um custo aproximado de um milhão de dólares) e que só estará terminada no próximo mês de março.

O problema imediato é que os rumores de passaralho* iminente tornaram-se o tema principal na Rádio Corredor do jornal e o sindicato começa a se movimentar, embora o sucesso de Meia Hora e o investimento na reforma industrial sejam indícios da confiança da empresa no projeto de mudança e de suficiente bala na agulha para enfrentar estes tempos de crise.

*Pássaro negro com bicão vermelho, que, desde a República Velha, é visto em redações anunciando, com voz de Chico Buarque: ‘isso aí vai dar merda’…

(*) Milton Coelho da Graça, 78, jornalista desde 1959. Foi editor-chefe de O Globo e outros jornais (inclusive os clandestinos Notícias Censuradas e Resistência), das revistas Realidade, IstoÉ, 4 Rodas, Placar, Intervalo e deste Comunique-se.’

 

JORNAL DA IMPRENÇA
Moacir Japiassu

Obama de todos os inocentes, 6/11

‘Era eu que estava

oculto sob o

manto da rainha

(Nei Duclós in Clepsidra)

Obama de todos os inocentes

Textinho extraído da coluna de Clóvis Rossi na Folha de S. Paulo:

O problema é que ‘os EUA aparentemente estão para eleger o mais inexperiente, menos testado e menos conhecido candidato que jamais concorreu ao cargo’, como escreveu ontem Janet Daley, do ‘Daily Telegraph’.

A criatura está mais do que eleita; ascendeu, está ungida, consagrada, como se viu na constrangedora cobertura, principalmente televisiva. Esperemos pois o bicho que vai dar, pois é grande a certeza do mundo inteiro num governo ‘novo’, capaz de salvar a humanidade. No Brasil a festa da vitória tem sido tão exagerada que Janistraquis se lembrou de Fernando Collor e ao colunista assaltou o espectro da viagem inaugural do Titanic, se me permitem esse iceberg de pessimismo rétro.

A propósito, a confirmação da vitória desse representante da elite negra americana derrubou as bolsas de valores, fenômeno que provocou o seguinte comentário de Denise Campos de Toledo na rádio Jovem Pan:

‘As bolsas sobem no boato e caem no fato.’

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Falta de educação

Ao noticiar a morte de Rosani Cunha, secretária de Renda da Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Social, em acidente de carro na Argentina, a Folha Online escreveu:

Uma das responsáveis pelo Bolsa Família, convidada de um encontro sobre desenvolvimento social, era uma das palestrantes do evento ‘Diálogos de Proteção Social’, organizado pelo Cippec (Centro de Implementação de Políticas Públicas), na capital argentina.

(…) Especialista em Saúde Pública e Administração Pública, Cunha integrava o governo federal desde o início de 2000.

Janistraquis pertence a uma geração que respeita as mulheres e abomina essa forma de identificá-las pelo sobrenome:

‘Os jornalistas têm enorme capacidade de assimilar qualquer besteira exótica; chamar a secretária de ‘Cunha’ é de uma deselegância impressionante; trata-se, no mínimo, de falta de educação. O redator está, todavia, convencidíssimo de que escreveu apenas uma notícia, não quis acometer ninguém.’

Esse americanismo vicejou nas páginas de Veja, influenciou muita gente boa de tantos outros endereços, e assim as mulheres passaram a ser tratadas como jogadores de futebol: Pereira, Machado, Nogueira, Silva, Varejão…

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Os Lulasíadas

O considerado Camilo Viana, diretor de nossa sucursal em Belo Horizonte, vizinha do Palácio da Liberdade onde Aécio tenta se convencer de que ganhou a eleição para a prefeitura da capital, pois Camilo nos despacha um poema épico intitulado Os Lulasíadas, o qual abriga inspirados versos como estes:

Os votos e os ladrões assinalados

Que do nordeste agreste lulistano

Por artifícios nunca d’antes perpetrados

Passaram inda além das maracutaias,

Sem perigos e guerras esforçados

De quem vive na política gandaia

E da gente humilde afanaram

A grana com que tanto enricaram…

Leia no Blogstraquis a íntegra dessa obra-prima, cujo autor preferiu, por humilíssima discrição, abdicar das glórias do Olimpo.

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Confiança zero

Saiu na coluna do Claudio Humberto:

Fusão dos bancos brasileiros Itaú e Unibanco foi surpresa ao presidente Lula que só foi informado na véspera do acordo.

Janistraquis comentou, com a seriedade habitual de um Larry Rohter:

‘Se contam antes pra ele, depois da terceira dose de 51 o mundo inteiro iria saber.’

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Data venia

Revelação assustadora do Consultor Jurídico:

Com 437 advogados, Tozzini Freire é o maior escritório do país

Janistraquis tremeu na base e quase lhe veio o cu ao pé das calças, como dizem nossos irmãos d’além mar:

‘Caramba, considerado; se todos eles se reunirem pra infernizar a vida dalgum vivente, o cara tá mais ferrado do que cachorro metido com ouriço-cacheiro!’

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Frase da semana

O considerado Carlos Leonam, jornalista carioca, envia a frase da semana, a qual não se refere à fusão entre Itaú e Unibanco:

Não sei o que vem pela frente…

Mas espero que venha pela frente,

porque atrás não cabe mais!

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Nei Duclós

Num fim de agosto sem nuvem, o que anuncia a lua que o poeta esqueceu que se escondia? Leia no Blogstraquis a íntegra dos belos versos cujo fragmento encima a coluna. Insere-se na coletânea intitulada Novíssimos Poemas.

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Z no lugar do S

O considerado Milton Coelho da Graça conta a briga de O Globo com a assessoria de imprensa da não menos considerada Ágata Messina por causa de uma troca de s por z; a assessoria contra-atacou e descobriu um erro de concordância na matéria do jornal.

Tudo por culpa de uma simples letra, porém Janistraquis lembra aquele genial anúncio comemorativo dos 100 anos da ABI e reforça a tese de que, se o assunto é o idioma, convém levar a sério até (ou principalmente) as vírgulas:

Vírgula pode ser uma pausa… ou não..

Não, espere.

Não espere.

Ela pode sumir com seu dinheiro.

23,4..

2,34.

Pode criar heróis.

Isso só, ele resolve.

Isso só ele resolve.

E vilões.

Esse, juiz, é corrupto.

Esse juiz é corrupto.

Ela pode ser a solução.

Vamos perder, nada foi resolvido.

Vamos perder nada, foi resolvido.

A vírgula muda uma opinião.

Não queremos saber.

Não, queremos saber.

A vírgula pode ser ofensiva.

Não quero comprar seu porco.

Não quero comprar, seu porco.

Uma vírgula muda tudo.

ABI: 100 anos lutando para que ninguém mude uma vírgula da sua informação.

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Terceirona

Mesmo tendo festejado à tripa forra a heróica vitória sobre o Fluminense, Janistraquis anda de olho nos jogos da Segundona:

‘É uma questão de prudência, considerado; nós vascaínos devemos conhecer os adversários que teremos em 2009 e, pelo que vi até agora, o Vasco não tem time pra ganhar de ninguém. Vou aproveitar pra acompanhar algumas partidas da Terceirona…’

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Quem é o pai?

Chamadinha na capa deste portal:

Eleitores dizem que imprensa americana ajudou vitória de Obama

Janistraquis se surpreendeu:

‘Ora, ora, pensei que a vitória de Obama tivesse sido obra da imprensa brasileira!’

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Boa notícia

Bárbara Japiassu, a terceira netinha, nasceu em São Paulo. Chegou para fazer companhia a Carol e Duda e tornar menos pesada a velhice do colunista.

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O náilon e a guerra

O considerado Roldão Simas Filho, diretor de nossa sucursal no Planalto, de cujo varandão debruçado sobre o colonialismo é possível enxergar Lula et caterva a comemorar a vitória do seu candidato Obama, pois Roldão lia a Revista do Correio, do Correio Braziliense de 2 de novembro, quando deparou com a matéria intitulada: A era do estica e puxa – Geração Hi-Tech:

— A fibra de náilon (poliamida) foi a primeira sintética criada, na década de 1930, pelo pesquisador americano Wallace Carothers. Era uma época de guerra. (…) Passado o conflito, por volta de 1940, essa fibra serviu para fazer meias, usadas por civis.

— Nas décadas de 1940 e 1950, o poliéster , o acrílico e outras fibras foram introduzidas no mercado.

Roldão, que para azar dos jornalistas é químico aposentado e conhece os fenóis e cresóis desta vida, apontou falhas no texto:

As datas não estão corretas. A II Guerra Mundial começou em setembro de 1939 e durou até maio de 1945. A produção destas fibras para livre comercialização só ocorreu depois do seu final, nunca antes. Durante a guerra toda a produção se destinava ao esforço de guerra.

Carothers suicidou-se em 1937, logo depois de descobrir o náilon. A Du Pont continuou suas experiências. Quando as criações de bicho-da-seda mostraram-se insuficientes para atender a necessidade de fabricação de pára-quedas, o náilon foi então usado para esse fim, já na década de 1940. Seu uso civil foi para a fabricação de meias femininas, então de uso compulsório. As mulheres não ousavam sair à rua com as pernas nuas, mesmo com saias longas.

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Nota dez

O jornalista Larry Rohter, que durante anos foi correspondente no Brasil, teve seu livro Deu no New York Times publicado aqui; recebeu amistosa resenha de Veja, porém o considerado José Paulo Lanyi desaprova toda e qualquer benquerença ao autor e escreveu no Observatório da Imprensa:

Larry Rohter tornou-se nosso conhecido em 2004 por uma improvável conjunção de deméritos. Correspondente do New York Times no Brasil, ganhou os holofotes ao classificar o presidente Lula de ébrio, desses que bebem para esquecer e que, em seguida, bebem para lembrar, para então esquecer de novo e recomeçar do zero. O título em português daquela sua matéria: ‘Hábito de beber de Lula se torna preocupação nacional’.

(…) A matéria tilintou mal para o repórter, que, sem o menor senso de proporção, guindara os bastidores à condição de fatos de interesse da massa. Saiu no NY Times, para desespero dos provincianos, como poderia ter sido nos britânicos The Sun ou Daily Mirror, dado o parentesco no tratamento jornalístico a uma questão dessa natureza.

Leia aqui a íntegra do artigo que tem dado o que falar.

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Errei, sim!

‘ALÔ, ECONOMISTAS! – Previsão de Chico Anysio que interessa a todos, principalmente a jornalistas econômicos: ‘No Brasil, o fim do mundo será privatizado e até você chegar aos quintos dos infernos terá que pagar pedágio.’ (setembro de 1996)

Colaborem com a coluna, que é atualizada às quintas-feiras: Caixa Postal 067 – CEP 12530-970, Cunha (SP), ou japi.coluna@gmail.com.

(*) Paraibano, 66 anos de idade e 46 de profissão, é jornalista, escritor e torcedor do Vasco. Trabalhou, entre outros, no Correio de Minas, Última Hora, Jornal do Brasil, Pais&Filhos, Jornal da Tarde, Istoé, Veja, Placar, Elle. E foi editor-chefe do Fantástico. Criou os prêmios Líbero Badaró e Claudio Abramo. Também escreveu nove livros (dos quais três romances) e o mais recente é a seleção de crônicas intitulada ‘Carta a Uma Paixão Definitiva’.’

 

LITERATURA
Eduardo Ribeiro

Desafios de Laurentino Gomes no pós-1808, 5/11

‘Após atravessar um ano esplendoroso, com o sucesso de ‘1808’, mais de 400 mil exemplares vendidos no Brasil e em Portugal, o jornalista e escritor Laurentino Gomes viu sua obra ganhar o maior prêmio literário do País, na última sexta-feira, 31/11: o Jabuti de Melhor Livro de Não Ficção, que se consagrou ao lado de outro monstro da literatura, Ignácio de Loyola Brandão, vencedor na categoria Melhor Livro de Ficção, com seu ‘O menino que vendia palavras’. Ambos receberam um troféu e um prêmio de R$ 30 mil.

Apontado também pelo próprio Jabuti como o Melhor Livro-Reportagem de 2008, ‘1808’ está de volta ao topo da lista dos mais vendidos, pelo ranking de Veja. Já são 59 semanas ininterruptas nessa lista.

Agora, Laurentino tem pela frente o desafio de dar seqüência à carreira de escritor e sabe que tudo o que fizer será comparado com essa obra que literalmente caiu no gosto popular. O que fazer? Como administrar o sucesso? Como embalar a criatura e continuar sendo um criador? Estas e outras questões ele respondeu a esta coluna num rápido pingue-pongue que reproduzo a seguir:

Jornalistas&Cia – Com o Jabuti de Melhor Livro de Não Ficção do Ano, ‘1808’ chega ao final de 2008 como um dos maiores fenômenos editoriais da história do País (sucesso absoluto de crítica e público). Que balanço você faz dessa experiência?

Laurentino Gomes – Acho que um livro precisa percorrer três etapas importantes de validação. A primeira é a do próprio autor. Ao publicar sua obra, você precisa ter certeza de que conseguiu escrever a história que pretendia construir. Infelizmente, nem sempre isso acontece. Existem autores que, depois de muito esforço, não ficam felizes com o próprio resultado. O segundo estágio, e o mais fundamental de todos, é a aprovação do leitor. Um livro atinge o seu maior objetivo se as pessoas compram, gostam do que o autor escreveu e recomendam a leitura da obra. É sinal de que ela está fazendo a diferença na vida dessas pessoas. O terceiro e último estágio é a avaliação da crítica e dos especialistas. Felizmente, ‘1808’ percorreu essas três etapas com relativo sucesso. Fiquei feliz com o que escrevi, a repercussão foi enorme e, em seguida, vieram os prêmios. O primeiro deles foi a recomendação dos historiadores portugueses para que o livro ostentasse na capa o selo oficial das comemorações dos 200 anos da chegada da corte ao Brasil, como obra relevante para entender esse evento. Depois veio o prêmio de Melhor Ensaio de 2008 conferido pela Academia Brasileira de Letras. E agora, esses dois Jabuti: de Melhor Livro-Reportagem e de Livro do Ano na categoria não-ficção. O desafio agora é controlar a vaidade do autor. ‘1808’ foi muito além do que eu imaginava alcançar.

J&Cia – Que filhotes a obra maior gerou e que outros podem estar a caminho?

Laurentino – A repercussão do ‘1808’ foi tão grande que, rapidamente, ele se transformou num projeto multimídia. Primeiro fiz uma versão juvenil, ilustrada, para estudantes e adolescentes na faixa etária de 10 a 16 anos. Depois, um áudio-livro, para pessoas que passam muitas horas no trânsito e para deficientes visuais. Também fiz um site de internet – www.laurentinogomes.com.br – e tenho três comunidades no Orkut, nas quais me relaciono com os leitores, respondo críticas, agradeço elogios e recomendo a leitura de outros livros relacionados ao tema. Por fim, este mês vou lançar uma caixa com um DVD acompanhado das duas versões impressas do livro – adulta e juvenil – para presente de Natal. O DVD é narrado por mim nos locais dos acontecimentos de 200 anos atrás. Estive nos palácios de Queluz e da Ajuda, na Torre de Belém e no antigo Terreiro do Paço, em Lisboa; depois em Salvador, na Bahia, e, por fim, no Rio de Janeiro. Foi uma experiência muita divertida.

J&Cia – Pelo que J&Cia acompanhou, este foi um ano muito atribulado, que você aproveitou essencialmente para divulgar a obra, viajando o Brasil todo. Como andam os planos para sua próxima obra?

Laurentino – ‘1808’ me transformou num caixeiro-viajante da História do Brasil. Desde que lancei o livro, na Bienal do Rio de Janeiro de 2007, já dei mais de 200 aulas e palestras, em dezenas de cidades. Viajo todas as semanas e, às vezes, tenho mais de um compromisso por dia. Estou adorando, por duas razões: a primeira é que voltei a botar o pé na estrada, como fazia 20 anos atrás, quando estava começando a carreira como repórter no interior do Brasil; a segunda é que esse relacionamento com os leitores é fundamental na nova carreira que escolhi, de escritor e historiador. Um autor precisa trabalhar pelo seu livro e pela própria carreira. É preciso conversar com as pessoas, ouvir críticas e sugestões, construir a base de leitores que vai se interessar pelos seus futuros livros. Enquanto isso, já comecei a pesquisar meu próximo livro. Será sobre a Independência brasileira. Pretendo lançá-lo dentro de dois anos. Até lá, terei um longo trabalho de pesquisa. Por isso, preciso reduzir também a agenda de compromissos. Portanto, 2009 promete ser um ano mais solitário, sem correria e sem tanta exposição. Vou mergulhar novamente nos livros. É o que mais gosto de fazer.

(*) É jornalista profissional formado pela Fundação Armando Álvares Penteado e co-autor de inúmeros projetos editoriais focados no jornalismo e na comunicação corporativa, entre eles o livro-guia ‘Fontes de Informação’ e o livro ‘Jornalistas Brasileiros – Quem é quem no Jornalismo de Economia’. Integra o Conselho Fiscal da Abracom – Associação Brasileira das Agências de Comunicação e é também colunista do jornal Unidade, do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, além de dirigir e editar o informativo Jornalistas&Cia, da M&A Editora. É também diretor da Mega Brasil Comunicação, empresa responsável pela organização do Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas.’

 

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Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo– 2

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