O novo slogan da emissora americana MSNBC, ‘experimente o poder da mudança’, já acendeu a luzinha vermelha de alerta dos críticos. O canal, subsidiário da NBC Universal, nega que o comercial que estreou na semana passada tenha alguma relação com a campanha política do democrata Barack Obama, novo presidente eleito dos EUA. Aos fatos: primeiro, a cobertura da MSNBC é claramente pró-Obama; segundo, o lema da campanha do democrata também era… ‘mudança’. Poderia ser mais óbvio?
Poderia. No anúncio, o narrador afirma que ‘presidentes têm o poder para mudar vidas, mudar o rumo, para mudar a América’. Antes do pleito, na terça-feira passada (4/11), o comercial citava um famoso discurso de John F. Kennedy (‘Não pergunte o que seu país pode fazer por você, mas o que você pode fazer pelo seu país’); no dia seguinte, havia sido atualizado com uma fala do discurso de Obama (‘Neste momento decisivo, a mudança chegou à América’).
Segundo Jeremy Gaines, porta-voz da emissora, o comercial com o slogan ‘o poder da mudança’ é temporário. Há um ano, a MSNBC adotou o lema ‘O lugar para a política’. ‘‘O poder da mudança’ é uma frase que estamos usando em uma campanha promocional da semana da eleição. A MSNBC continuará a ser ‘O lugar para a política’’, diz.
Torcida
A MSNBC faz, na televisão americana, oposição direta [rolar a página] ao canal conservador Fox News. Na noite da eleição, as duas emissoras de notícias atraíram número parecido – e considerável – de telespectadores. Mas só até o anúncio da vitória de Obama. A partir daí, com o discurso do presidente eleito em Chicago, a MSNBC teve média de 5,6 milhões de telespectadores, enquanto o Fox News caiu para 3,9 milhões.
Dois dias depois da eleição, o âncora Chris Matthews, da MSNBC, afirmou, no ar, que quer ‘fazer tudo o que puder para fazer esta nova presidência funcionar’. Defendendo a imparcialidade de seu comentário, completou: ‘este país precisa de uma presidência de sucesso’. Além do ‘poder da mudança’, o público, diz o jornalista Brian Stelter, do New York Times [10/11/08], já experimenta o poder da parcialidade no jornalismo.