A vitória do democrata Barack Obama – primeiro presidente negro da história dos EUA – gerou diversas manifestações racistas que não ganharam destaque em jornais e canais de notícias nacionais. Muitos jornais regionais americanos, no entanto, cobriram com detalhes tais incidentes na semana após as eleições.
Em Nova Jersey, um cartaz de apoio a Obama no quintal de uma casa amanheceu queimado um dia após o pleito. Os moradores da região organizaram uma caminhada para protestar contra o caso não resolvido – autoridades não procuraram saber quem pôs fogo no objeto. Em Michigan, um homem vestido com trajes da Ku Klux Klan circulou pelas ruas de Midland com uma bandeira americana e uma pistola nas mãos – e acabou admitindo que se tratava de um protesto contra a vitória do democrata. ‘O homem tinha porte de arma e andou pelas calçadas. Alguns motoristas que passavam por ele gritavam obscenidades, enquanto outros o apoiavam’, relatou a polícia ao diário Saginaw News. Pais entraram em contato com diretores de uma escola de Rexburg, em Idaho, após descobrirem que as crianças estavam entoando a frase ‘Assassinem Obama!’ no ônibus escolar.
Bandeira virada
Esta semana, a Associated Press divulgou que a polícia de Long Island abriu inquérito para apurar denúncias sobre a pichação de dezenas de carros com dizeres racistas, tendo como alvo o presidente recém-eleito. O jornal local Staten Island Advance reportou que a polícia de Nova York confirmou que um adolescente negro de Stapleton, imigrante da Libéria, foi espancado com um taco de baseball por um grupo de brancos que gritavam ‘Obama’.
No dia 5/11, uma igreja – freqüentada predominantemente por negros – em Springfield, Massachusetts, foi queimada horas após a divulgação do resultado das eleições, segundo noticiou o The Republican. Em Traverse City, Michigan, um grupo protestou carregando uma bandeira americana de cabeça para baixo Um homem na Carolina do Norte fez o mesmo, alegando que os eleitores que votaram em Obama o fizeram apenas para mostrar que são politicamente corretos. Segundo o Star-Gazette, um casal inter-racial da Pensilvânia chegou em casa e descobriu restos de uma cruz queimada no jardim. ‘A mulher é judia e o marido é negro. Há décadas, o local onde vivem hoje era um ponto de encontro da KKK’, relatou o jornal.
Bonecos em árvores
O Los Angeles Times noticiou que vândalos picharam frases racistas em carros e casas de Torrance que tinham cartazes ou adesivos pró-Obama. Em uma casa, escreveram a frase ‘Volte para a África’ na parede. A National Association for the Advancement of Colored People (NAACP), organização de defesa dos afrodescendentes, pediu à Universidade da Carolina do Norte que expulsasse dois alunos que pintaram nas paredes mensagens como ‘Vamos matar o negro [niger, termo racista] com um tiro na cabeça’ e ‘Enforquem Obama’.
No Maine, no dia seguinte à divulgação do resultado das eleições, mais de 75 pessoas protestaram pendurando bonecos negros enforcados em árvores, de acordo com o Bangor Daily News. Na Universidade do Alabama, o Tuscaloosa News divulgou que a imagem de ‘um candidato político’, em um pôster, foi desfigurada. Informações de Dexter Hill [Editor & Publisher, 13/11/08].