CAMPANHA
Blogueiros planejam inundar busca dos pedófilos, 20/11
‘Uma campanha espontânea entre blogs de vários países aproveita a data de hoje, Dia Mundial das Crianças, de acordo com a ONU, para trazer à luz ao menos uma parte das teias invisíveis da internet. A idéia surgiu depois que um grupo de blogueiros da Espanha descobriu um fenômeno comum entre eles: posts que usam como tags (palavras-chave usadas pelos robôs de busca) o termo ‘pornografia+infantil’ acabam recebendo muito mais visitas que o normal, mesmo que o conteúdo tenha argumentos contrários ao assunto. E o fenômeno geralmente desequilibra a média de leitores durante várias semanas.
Ao perceberem o volume de internautas pesquisando, a qualquer momento, por este termo, eles decidiram reunir o maior número possível de escritores na web que aceitassem publicar, nesse 20 de novembro, um texto em seus blogs contendo a mesma expressão. A diferença é a adição, ao final dela, da breve e contundente palavra ‘não’.
Segundo o jornalista Nacho de la Fuente Lago, autor do La Huella Digital (A Pegada Digital), vencedor do prêmio de melhor blog em espanhol do The Best of the Blogs de 2006, o objetivo é ‘mostrar a quem tem interesse por esse tipo de material que eles estão procurando uma coisa ruim e errada’. Esses, segundo o blogueiro, seriam os pedófilos amadores.
Do outro lado, ainda mais obscuro, as redes organizadas de pedofilia continuam ultrapassando fronteiras e se organizando bem longe da superfície virtual. ‘Eles se movem pela rede p2p para trocar arquivos’, explica de la Fuente. As redes p2p permitem que duas pessoas se conectem diretamente uma ao computador da outra, utilizando a internet. O número de prisões ainda é baixo se comparado ao volume de vítimas.
Na Espanha, em 2008, mais de 200 pessoas foram presas em diversas operações, sendo que apenas duas delas produziam seu próprio material. No total, milhões de fotos diferentes foram apreendidas. Uma das ações, coordenada em outubro, contou com a colaboração da Polícia Federal brasileira, que apenas pôde emitir mandados de busca e apreensão.
No Brasil, por causa da falta de leis sobre pedofilia, a posse desse material não configura crime. Mesmo atrasado juridicamente, o país está entre os pioneiros na fiscalização, denúncia de conteúdo impróprio e articulação entre sociedade civil e Ministério Público. Entre 25 e 28 de novembro, o Rio de Janeiro sediará o III Congresso Mundial de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, que acontece pela primeira vez fora dos países desenvolvidos.
Mobilização
Enquanto a polícia persegue os agressores profissionais, a blogosfera decidiu se unir hoje para bombardear os navegadores de quem consome esse tipo de imagens com uma mensagem contra a pedofilia. Entre 20 de outubro e ontem, a campanha ‘Pornografia Infantil Não’ havia recrutado mais de 940 blogs escritos em oito idiomas, incluindo o português, e já contava com mais de 22 mil posts no sistema GoogleSearch condenando a busca, posse, produção e distribuição de imagens pornográficas envolvendo crianças e adolescentes. Os textos utilizam ainda outras palavras-chaves favoritas de quem tenta conseguir esse tipo de material, como ‘angels’, ‘boyboy’, ‘lolitas’, ‘fetishboy’ e ‘preteens’.
O jornalista de la Fuente foi responsável por iniciar a campanha, mas a viralização da idéia ficou a cargo de voluntários espontâneos do mundo todo, que traduziram o cartaz virtual, publicaram vídeos no YouTube e inclusive criaram um grupo na rede social Facebook, hoje com mais de 3.400 membros. ‘Eu nem conheço quem fez isso. Pensava que teria uma repercussão pequena, mas a resposta foi dez vezes maior do que imaginei’, afirma.
Para participar da campanha, basta escrever um texto contra a pornografia infantil e publicá-lo em seu blog preenchendo, no campo de tags, os termos ‘pornografia infantil não’, ‘angels’, ‘lolitas’, ‘boylover’, ‘preteens’, ‘girllover’, ‘childlover’, ‘pedoboy’, ‘boyboy’, ‘fetishboy’ ou ‘feet boy’. Quem quiser incluir o blog na lista oficial de participantes precisa deixar um comentário neste post com o endereço virtual.’
TELEVISÃO
Nada de novo nas novidades, 17/11
‘São várias séries novas e várias estréias de novas temporadas das velhas séries.
Assisti a algumas.
The Eleventh Hour, na Warner, vai na linha de C.S.I.. Dr. Hood, um gênio biofísico, tenta desvendar estranhas mortes. E aí, é fácil imaginar, entra em cena um verdadeiro ramalhete de informações da chamada ‘cultura inútil’. Coisas como: ‘a dádelas purpúrea que é muito comum nos pântanos de New Orleans pode causar infarte; assim como o veneno do sapo magistrales coaxacus pode provocar alucinações; mas o sapo magistrales só existe nos pântanos do norte.’ Inventei os nomes, mas foi por aí que a coisa caminhou. O produtor é o mesmo de C.S.I., o famosão Jerry Bruckheimer.
O lado bacana dessas séries é que devem estar dando uma oportunidade extra a, por exemplo, biofísicos, faturarem uma grana a mais. E esse é um aspecto interessante para pensarmos: House é um série espetacular, a melhor, mas não existe sem um especialista. Idem C.S.I. Idem N.C.I.S. E, por que não, Supernatural também depende dos especialistas em mistérios do além. Creia que eles existem.
De volta ao Dr. Hood, o roteiro vai seguindo a fórmula clássica e tentando nos conduzir para o Joe. Tudo indica que foi o Joe. É claro que temos uma virada e mudamos de direção. E por aí vai. O que não engoli e jamais engulo é o final mágico de inesperadas revelações. Sabe o entrevado sábio chinês de 150 anos que ficava ali no chão pedindo esmolas durante todo o filme? Na verdade era um senegalês de 22 anos, 2 metros de altura e 200 quilos de músculos, totalmente ignorante, ziliardário e sedento de vingança porque seu cachorro pequinês havia sido atropelado por um caminhão do exército americano. Por isso ele saiu matando todo mundo que tinha carteira de habilitação.
O final do episódio caminhou nesses trilhos. Era tudo culpa de um garotinho tímido, oprimido pela mãe que passava os dias a levar pancadas dos mais ‘espertos’. Matou todos eles e revelou-se um pequeno demônio, astuto, um ‘psicopatinha’.
90210, um quase remake de Berverly Hills não chega a trazer novidades. Uma The O.C. com mais personagens. Na verdade, um dramalhão juvenil. Pobres crianças milionárias à procura de um sentido para a vida.
Flashing é mais uma venda de uma instituição governamental. Dizem ser uma polícia especial de Toronto. Eles têm problemas com a família; brigam e discutem entre si, mas se amam; eles freqüentam um mesmo bar; eles passam por crises e matam bandidos. Não vai fazer falta se acabar na semana que vem.
The Mentalist é mais um que vai desvendar crimes tendo flashs. E eu ando cansado de seriados com flashs reveladores. Não me interessou.
Espremendo bem a laranja a conclusão é simples: nenhuma novidade, nem sob o ponto de vista da direção, da narrativa ou direção de arte, como em Pushing Daisies.
Parece que o mundo do entretenimento decidiu não correr riscos, contribuindo para o empobrecimento geral de todos nós.’
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