Em discurso em Londres, há duas semanas, o jornalista Vaughan Smith, fundador do Frontline Club, fez um desabafo em nome dos profissionais de imprensa que trabalham como cinegrafistas freelancer em zonas de conflito. Para ele, falta reconhecimento das empresas de comunicação para estes profissionais, que arriscam a vida para conseguir imagens precisas. Segundo Smith, as emissoras deveriam parar de apresentar o trabalho de freelancers como se fosse delas próprias, e dar mais crédito aos cinegrafistas.
‘Eu já levei mais tiros do que fui creditado pela BBC’, afirmou. ‘De fato, levei um tiro quando filmava para a BBC. A filmagem, é claro, tomou conta de boa parte da reportagem. Eu fui identificado como ‘nosso cinegrafista’, como se eu fosse uma parte de equipamento danificada’. Smith diz que cinegrafistas freelancers devem parar de ser tratados como jornalistas de segunda categoria.
Homenagem
O discurso foi feito durante a cerimônia de premiação Rory Peck, que homenageia anualmente repórteres e cinegrafistas freelancers. Os jornalistas coreanos Jung In Taek e Han Yong Ho receberam o prêmio Rory Peck Trust 2008 por um trabalho sobre norte-coreanos que tentam deixar o país. Os juízes ressaltaram a coragem dos dois, que arriscaram ser presos e punidos ao filmarem por dez meses, à noite e sob temperatura abaixo de zero, na fronteira entre as duas Coréias.
Também foram premiados o repórter britânico Tim Hetherington, por uma matéria de soldados lutando no Afeganistão, e o cinegrafista Abdullahi Farah Duguf, por uma reportagem sobre a violência, miséria e destruição nas ruas da capital da Somália, Mogadício. O cinegrafista Mike Saburi, do Zimbábue, foi homenageado com o prêmio Martin Adler por sua cobertura do cotidiano sob o regime de Robert Mugabe. Martin Adler foi um cinegrafista freelancer assassinado na Somália em 2006. Informações de Oliver Luft [Guardian.co.uk].