Morreu na semana passada, aos 92 anos, o fotógrafo americano Irving Penn, que tornou-se conhecido pelas fotografias de moda. ‘Ele nunca parou de trabalhar. Ele voltava a temas semelhantes e nunca os via da mesma maneira por duas vezes’, diz Peter MacGill, amigo de longa data cujas galerias Pace-MacGill representam o trabalho de Penn em Nova York.
O fotógrafo gostava de tirar seus modelos – fossem celebridades ou aborígenes – de seu meio natural para fotografá-los em estúdio, com fundo neutro. Ele acreditava que no estúdio era possível capturar mais atentamente a verdadeira natureza das pessoas e objetos. Entre 1964 e 1971, o fotógrafo desenvolveu sete projetos deste tipo, com temas indo desde habitantes da Nova Guiné a hippies californianos.
Ele também tinha fascinação por natureza morta e produziu uma série de imagens dramáticas que desafiavam a ideia tradicional de beleza, com objetos como pontas de cigarro, frutas podres e roupas velhas. Uma exposição no Metropolitan Museum of Art, em 1977, mostrava fotografias de lixo resgatado nas ruas de Manhattan e fotografado em fundos neutros. ‘Fotografar um bolo pode ser uma arte’, declarou Penn, em 1953, na abertura de seu estúdio, onde continuou a produzir trabalhos comerciais e autorais. O trabalho mais recente de natureza morta tinha como tema cerâmicas que ele e sua mulher colecionavam.
Penn virou fotógrafo por acaso, quando abandonou a ambição de se tornar pintor e assumiu o cargo de designer no departamento de arte da revista Vogue, em 1943. Um supervisor lhe pediu para fazer a foto da capa – uma bolsa de couro marrom, um lenço bege, luvas, laranjas e limões arrumados no formato de uma pirâmide. Em outras imagens, ele desenvolveu um estilo que colocava modelos e acessórios de moda contra fundos neutros, o que foi visto, na época, como uma mudança radical, já que os fotógrafos de moda costumavam colocar os modelos em fundos mais complexos, lotados de elementos. Penn deixou a Vogue em 1944 para servir no Exército na Itália e Índia, e voltou à revista em 1946. Nos anos 50, ele dedicou-se a retratos, não apenas de famosos – como atores, músicos e políticos –, mas também de desconhecidos. Informações de Verena Dobnik [Associated Press, 8/10/09].