Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Tiago Dória Weblog

BASTIDORES
Tiago Dória

Jornalismo com ‘making of’, 1/12

‘Em meio aos programas sobre mídia que estrearam neste ano, um dos que chamaram a minha atenção foi o CNN Back Story (várias pessoas haviam comentado comigo).

É um programa diário da emissora (entrou no ar em outubro), de 30 minutos, dedicado a mostrar os bastidores das principais reportagens do canal.

No último programa que acompanhei, por exemplo, a repórter que estava cobrindo os ataques terroristas na Índia mostrou como a CNN estava trabalhando no local – toda a equipe foi obrigada a andar com coletes à prova de bala. Nisso, direto dos estúdios em Atlanta, nos EUA, entrou um profissional da CNN que explicou como os jornalistas da emissora agem em situação de risco.

Existem algumas entrevistas em que os jornalistas da emissora contam como fizeram uma determinada reportagem e aproveitam para explorar melhor alguns pontos que não ganharam tanto destaque na edição final. É um programa sobre os bastidores do jornalismo. É como um Video Show só que sem as fofocas e novelas e voltado para o jornalismo. É transmitido de segunda a sexta-feira.

Essa idéia das próprias emissoras mostrarem os bastidores do seu jornalismo, de forma quase diária, não cresce somente lá fora.

A TV Cultura faz algumas transmissões ao vivo e, em paralelo, mostra os bastidores na web. E a TV Globo tem o seu Canal F, que já é mais específico e, também com exclusividade na web, revela os bastidores do Fantástico.

Um pouco longe das emissoras, neste ano, conheci o trabalho da produtora/coletivo multimídia Garapa. Em parceria com a Folha de S. Paulo, eles começaram a produzir uma série de making of’s das sabatinas da Folha. Ou seja, mais bastidores.

No caso Isabella, resolveram registrar o trabalho dos repórteres que estavam cobrindo o assunto. O resultado está no vídeo abaixo.

Jornalismo com ‘making of’ fica bem mais interessante. Talvez seja um pouco efeito daquela ‘cultura dos extras de DVD’. Comprar um DVD e não contar com o ‘making of’ do filme é bem frustrante. Assim, quem sabe, em breve, assistir a uma boa reportagem e não ver os bastidores poderá causar aquela sensação – ué, não está faltando alguma coisa?’

 

SEMINÁRIO
Tiago Dória

Debate internacional sobre mídia e cultura em SP, 28/11

‘Entre os dias 3 e 5 de dezembro, acontecerá o II Seminário Internacional Rumos do Jornalismo Cultural, no Itaú Cultural, em São Paulo.

Eu serei o mediador de um dos painéis, o ‘Digito, logo reporto’, no dia 04, quinta-feira, às 19h30.

Antonio Granado, editor do site do jornal Público, de Portugal; e Fábio Malini, professor de comunicação da Universidade Federal do Espírito Santo, farão parte da mesa.

Mais detalhes e a programação completa do evento, que contará com a participação de Andrew Leland, editor-chefe da revista The Believer, estão no site do Itaú Cultural (box à esquerda).’

 

MUMBAI
Tiago Dória

Mahalo e estudantes se destacam na cobertura dos ataques terroristas, 27/11

‘O Mahalo é um site criado em 2007 por Jason Calacanis e que tinha como proposta inicial ser ‘um sistema de busca feito por pessoas’. De uns tempos para cá, ele encontrou o seu caminho, que é o de ser um agregador de notícias, operado por pessoas e não apenas por algoritmos ou robôs.

Logo após as primeiras informações sobre o ataque em Mumbai terem começado a circular pelo Twitter, o Mahalo colocou no ar uma página que agrega conteúdo sobre a tragédia produzido em diversos lugares – YouTube, Flickr, Twitter- e links para portais de notícias – BBC, CNN, Times of India etc.

Em meio a toda a cobertura oficial dos sites da CNN e do The Guardian, chamou a atenção o liveblogging feito por dois estudantes de jornalismo da Holanda.

Loek Essers e Peter van der Ploeg começaram no Cover it Live a agregar conteúdo de várias fontes – BBC, CNN, Reuters, e principalmente conteúdo do YouTube, Flickr e mensagens no Twitter sobre a tragédia.

Da mesma forma, o blog brasileiro AllesBlau (Notícias de Blumenau) segue essa idéia de ser um agregador de informações e está se tornando referência na cobertura da enchente em Santa Catarina.

No AllesBlau, por exemplo, existem links para notícias da Folha Online, do Valor, do Estado de S. Paulo, do Terra, do Diário Catarinense, além de conteúdo do YouTube, Flickr, Twitter e material enviado por leitores. O conteúdo é quase ilimitado.

Enfim, é bem emblemático como os sites que mais estão se destacando nas coberturas de ambas as tragédias (atentados na Índia e enchente em Santa Catarina) funcionam, antes de tudo, como hubs de informação. Além da agilidade, por trás desses sites, existe uma idéia muito forte de agregação e curadoria de conteúdo.

No fluxo constante de informações destes sites, percebe-se que o critério jornalístico fala mais alto. Conforme Ariel Gajardo, um dos criadores do AllesBlau, explica em um post – ‘não existem amarras editoriais’.

Além disso, não existe aquele medo de fazer propaganda de marcas (se eu linkar ou falar da foto que está no Flickr, eu vou fazer propaganda do site de imagens que é do Yahoo!. Se eu embutir um vídeo do YouTube na matéria, vou fazer propaganda do site de vídeos, que é da Google. Se eu usar o Skype numa entrevista, vou fazer propaganda da empresa que o criou… ).

Enfim, o conteúdo deles não é limitado por questões corporativas. Caso contrário, perde-se conteúdo, fontes, material com alto ‘valor jornalístico’ publicado nestas redes e quem sabe, a longo prazo, relevância.

O AllesBlau, o Mahalo e o liveblogging dos estudantes holandeses são uns bons exemplos de que os sites de notícias têm muito a ganhar ao deixarem de lado amarras corporativas e o medo de fazer propaganda de marcas de uma suposta concorrência (youtube, flickr, twitter, orkut).’

 

REALITY
Tiago Dória

Síndrome de Truman, 26/11

‘Pesquisadores e médicos do Bellevue Hospital em Nova York e de Londres começaram a documentar o que eles chamam de ‘síndrome de Truman’.

Um homem que sofre de esquizofrenia, recentemente internado em um hospital britânico, acredita que está dentro de um reality-show, em uma situação semelhante ao do personagem principal do filme O Show de Truman, de 1998, interpretado por Jim Carrey.

Segundo artigo na CNN, outros casos foram detectados neste ano. São pessoas com distúrbios e que acreditam que estão em um reality-show e o mundo não passa de um programa de TV ou um filme.

Baudrillard ficaria orgulhoso dessa história toda.’

 

SANTA CATARINA
Tiago Dória

Livestreaming da tragédia em Santa Catarina, 25/11

‘O portal RBS montou um blog, o Emergência em Santa Catarina, sobre a tragédia, que reúne conteúdo enviado pelos leitores. Outros portais também estão recebendo relatos.

Mas a maioria das fotos, vídeos e discussões está no Orkut, no YouTube, no Flickr e nas mensagens do twitter. As pessoas estão trocando e postando informações nestes ambientes. Com razão, é lá que estão as suas redes de contato mais próximas.

O YouTube já conta com uma boa parte dos vídeos (a maioria produzido com o celular), no Orkut as pessoas trocam informações sobre mortos e como ajudar as vítimas da enchente e um blog montado por moradores e blogueiros conseguiu ser mais eficiente que as rádios locais, que tiveram problemas de transmissão no domingo.

Fica a pergunta: quais portais de notícias estão agregando o conteúdo desses sites e redes? Pouquíssimos.

Nessas horas, seria necessário um serviço de livestreaming, semelhante ao do Blogblogs ou do Eleições Americanas, para agregar automaticamente todas as mídias e informações que estão sendo produzidas sobre a tragédia, sejam em redes sociais ou em portais de notícias (a BBC montou um livestreaming deste tipo durante as eleições nos EUA).

E ainda, um serviço de informações no celular, via sms, semelhante ao adotado pela Cruz Vermelha, no terremoto em Los Angeles, facilitaria bastante a vida de quem está envolvido diretamente na tragédia e que, devido a problemas de queda de energia ou falta de comunicação, não pode acessar um site para se informar.

Por mais contraditório que seja, as pessoas que mais precisam de informação podem não estar conseguindo acessá-las. O celular seria uma provável ponte.

Atualização – A redação do Diarinho, de Santa Catarina, ficou ilhada e, até tudo voltar ao normal, o jornal virou blog, o Diarinho na Chuva. O Times-Picayune também utilizou esse esquema durante a passagem do furacão Katrina nos EUA.’

 

 

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