Muito se fala que a ‘elite culta’ demoniza aquilo que vem do povo, ou da massa, pejorativamente falando. Mas e quando o apagão mental é institucionalizado? Vivemos hoje uma era onde os padrões estão aí. Tudo é tendência. E as tendências, por mais variadas que sejam, são padrões. Sabe o que é mais engraçado? A ignorância também é uma tendência. Isto é mais do que falar mal de Domingão do Faustão, Gugu, Geraldo Brasil, Superpop, Pânico ou qualquer um desses programas do gênero.
Pense que, em média o brasileiro lê um livro por ano. Isso mesmo: um livro por ano. Imagine que uma grande parte da nossa população não consegue interpretar pequenos textos e extrair informações básicas. Ou seja, analfabetos funcionais: aqueles que são capazes de decifrar o código da escrita, mas não conseguem entender o que lêem. Esses são a maioria. Geram um padrão. E eles estão aí, também tentando impor o seu jeito de ser. E no fim, podemos perceber que muitos o são por escolha própria.
Sinais do padrão de comportamento
Estudar? Só o básico para ir levando com a barriga e ter o diploma aos trancos e barrancos. Mais que isso é coisa de outro mundo. Experimente ser um aluno que estuda e receber um elogio de um professor. Experimente não precisar colar para passar em uma prova. Motivo de bullying, fofoca e mal-estar. Experimente ler um pouco mais que essa média de livros. Vire um alienígena ou alguém tido como vagabundo, pois tem tempo a perder com leitura. Ou então como alguém que não tem vida social.
Escrever? Só para fazer vestibular ou concurso público, caso esta seja sua ambição. Mais que isso? Você é considerado loser.
Odeia miguxês? Você é enjoado.
Não gostou do último livro da moda? Você não sabe o que é bom.
Não curte balada? É um idiota. Não curte a mesma música que a galera? Tem mau gosto.
Tem um vocabulário pouco mais amplo? Você é prolixo. Onde já seu viu, usar lacunas no lugar de espaço em branco? Você é uma pessoa que curte ser tida como culta.
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Jornalista, São José do Barreiro, SP